Câmara de SP cria CPI para investigar Jockey após denúncia de racismo

A Câmara Municipal de São Paulo mudou suas regras e instalou uma sexta Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar suspeitas de gastos irregulares no Jockey Club.

A mobilização para mudar o regimento interno que permitia apenas a realização de cinco CPIs simultâneas ocorre pouco tempo depois do ex-presidente da Casa, Milton Leite (União Brasil), entrar com notícia-crime contra advogados do clube por racismo.

A Casa, porém, afirmou em nota oficial que a comissão ganhou força “depois de denúncias recentes contra o Jockey Club, que é suspeito de utilizar irregularmente recursos públicos municipais e federais que foram captados para restauro do patrimônio histórico”. Além disso, segundo o comunicado, o clube também é alvo cobrança em razão de quase R$ 1 bilhão em débitos de tributos municipais, como o IPTU.

“Cumpre apurar a eventual existência de desvio de finalidade ou alocação inadequada de recursos, a gestão de débitos tributários e a situação de passivos trabalhistas, bem como a efetividade da fiscalização municipal e a adoção de medidas administrativas cabíveis”, afirmou o vereador Gilberto Nascimento Jr (PL), autor do pedido de CPI.

Com a mudança nas regras, excepcionalmente a CPI do Jockey ocorrerá ao mesmo tempo que as comissões do Metanol, Jardim Pantanal, Pancadões, Íris e HIS (Habitação de Interesse Social). 7 imagensFechar modal.1 de 7

Pista de turfe do Jockey Club de São PauloDivulgação/Governo do Estado de São Paulo2 de 7

Pista do Jockey Club diegograndi/Getty Images3 de 7

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O presidente da Câmara de SP, Milton LeiteRichard Lourenço/Rede Câmara5 de 7

O presidente da Câmara Municipal, Milton LeiteRichard Lourenço / Rede Câmara6 de 7

O presidente da Câmara Municipal, Milton LeiteCâmara Municipal de São Paulo7 de 7

Presidente da Câmara de São Paulo, Milton Leite (União Brasil)Richard Lourenço/Rede Câmara

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Racismo contra ex-vereador

Ex-presidente da Casa, o ainda influente Milton Leite anunciou que processaria os advogados do Jockey Club após ser chamado de “antropoide desvairado” no pedido de recuperação judicial da entidade.

No documento de março de 2025, o Jockey questiona a atuação de Leite e da Prefeitura de São Paulo contra a manutenção da entidade. Os advogados Hoanes Koutoudjian, João Boyadjian, Vicente Paolillo e José Mauro Marques afirmam que a instituição foi alvo de “terrorismo estatatal” e de um golpe que tentou ocupar o hipódromo à força. “Valendo reproduzir a advertência jornalística promovida pelo vereador citado, qual antropoide desvairado, verberava: ‘proprietários de cavalos, tirem seus cavalos de lá, porque serão presos’”, diz a peça.

Conforme o dicionário, antropoide se refere àquilo que tem semelhança de forma com o homem e, na zoologia, representa as famílias de primatas que incluem macacos como chimpanzés, gorilas e orangotangos.

Em nota, Milton Leite afirmou que, passada a discussão sobre os méritos da ação judicial, reavaliou a maneira como foi citado. Além da ação criminal por racismo, ele disse que vai representaria os profissionais na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

“Como homem negro que lutou a vida toda contra a discriminação, e que na função de presidente da Câmara Municipal de São Paulo cassou um vereador por racismo pela primeira vez na história, jamais me calarei diante de tamanho crime e absurdo”, disse Leite. “Lamento que, na intenção de defender seu cliente, tais advogados tenham ultrapassado os limites da ética, do respeito e da legalidade”, concluiu.