Candidato da esquerda, Andrónico Rodríguez é atacado durante votação em bastião de Evo Morales

Bolívia: candidatos de direita são favoritos em eleição neste domingo O candidato de esquerda Andrónico Rodríguez, atual presidente do Senado boliviano, enfrentou hostilidade neste domingo (17) ao votar na escola José Carrasco, em Entre Ríos. O município, localizado no Trópico de Cochabamba, é considerado reduto do ex-presidente Evo Morales (2006-2019). A chegada de Rodríguez ao colégio eleitoral foi atrasada após uma explosão de baixa intensidade ter sido registrada sábado (16) nos arredores do local. Segundo testemunhas ouvidas pela imprensa local, o estopim ocorreu no pátio traseiro da escola. Apesar do susto, as autoridades confirmaram que não houve feridos nem danos materiais. Ataque com pedras e gritos de “traidor” Quando tentou dar declarações à imprensa, Rodríguez foi alvo de uma chuva de pedras lançadas por parte de eleitores. Diante do ataque, o candidato desistiu de falar e deixou o local rapidamente. O carro que o aguardava também foi atingido por pedras. Entre gritos e insultos, a multidão o chamou de “traidor”. Agentes da Força Especial de Luta Contra o Crime (Felcc) se deslocaram à escola para colher depoimentos e abrir investigação sobre a explosão. O fiscal Juan Carlos Campero informou que, apesar do incidente, a votação seguia “com normalidade”. Cenário eleitoral acirrado Aos 36 anos, Rodríguez é o candidato de esquerda mais bem posicionado nas pesquisas, variando entre o terceiro e quarto lugares nas intenções de voto. Ele aparece atrás de Samuel Doria Medina, da aliança Unidade, e do ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga (2001-2002), da aliança Libre. A disputa deve ser uma das mais acirradas dos últimos anos e pode levar a uma inédita segunda volta na Bolívia. O episódio em Entre Ríos expõe o clima de tensão na região, marcada por rivalidades políticas e pela herança do movimento liderado por Evo Morales. Evo Morales desqualifica eleições Inelegível e sob o risco de ser preso, o ex-presidente Evo Morales assegurou que o voto nulo prevalecerá nas eleições, rejeitando um processo "sem legitimidade". "Esta votação vai demonstrar que é uma eleição sem legitimidade", disse Morales, após votar perto de Lauca Eñe, um pequeno povoado no centro da Bolívia, onde seus apoiadores o protegem dia e noite para evitar sua prisão. "Pela primeira vez na história, se não houver fraude, o voto nulo será o primeiro", afirmou o ex-presidente de esquerda. Vestindo camisa branca e sandálias, o ex-chefe de Estado, de 65 anos, votou enquanto dezenas de camponeses deram as mãos para formar um círculo de segurança para protegê-lo, constatou um repórter da AFP. Evo Morales REUTERS/Agustin Marcarian Não foi observada presença policial nas imediações. Primeiro presidente indígena da Bolívia, Morales buscava um quarto mandato, mas foi desqualificado pelo tribunal constitucional, que proibiu mais de uma reeleição. Além disso, enfrenta uma ordem de prisão pela suposta exploração de uma menor enquanto era chefe de Estado, acusação que ele nega. "Desta vez vamos votar, mas não vamos eleger", afirmou Morales, que se desvinculou do oficialista Movimento ao Socialismo (MAS), o partido sob o qual conquistou o poder, devido à sua disputa com seu ex-ministro Arce. Sem força política nem candidato que apoie, Morales fez campanha pelo voto nulo, apesar de não ter influência na contagem oficial. A autoridade eleitoral só considera os votos válidos. As sondagens antecipam um segundo turno entre ambos no dia 19 de outubro. Bolivia em guinada à direita Afetados por uma profunda crise econômica, os bolivianos se preparam para dar uma guinada radical à direita na eleição presidencial. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O país de 11,3 milhões de habitantes, com forte influência indígena e rico em lítio, comparece às urnas em um cenário de escassez de dólares, combustíveis e alimentos. A inflação acumulada do último ano está próxima de 25%, a mais elevada desde 2008. A maioria da população atribui a crise ao governo impopular do presidente Luis Arce. "Nossa situação está realmente (...) no chão. Nossa moeda foi desvalorizada, os salários não são suficientes, tudo está caríssimo", declarou à agência de notícias AFP Freddy Millán, engenheiro de 53 anos que mora na cidade de Santa Cruz. Por muitos anos, o crescimento da Bolívia foi dependente das exportações de gás, sua principal fonte de divisas. Contudo, desde 2017 a produção sofre uma queda constante. Quase oito milhões de bolivianos estão registrados para comparecer às urnas. O voto é obrigatório no país. Uma nova etapa A esquerda está caminhando para seu pior fiasco nas urnas desde que chegou à presidência pelas mãos de Morales, que governou de 2006 a 2019. Depois, impulsionou a vitória de Arce, seu ex-ministro e hoje adversário. O líder indígena foi impedido pela justiça de buscar um quarto mandato nestas eleições. Desde outubro, está refugiado em uma pequena vila no centro da Bolívia para evitar uma ordem de captura pelo caso de suposto

Agosto 17, 2025 - 17:30
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Candidato da esquerda, Andrónico Rodríguez é atacado durante votação em bastião de Evo Morales

Bolívia: candidatos de direita são favoritos em eleição neste domingo O candidato de esquerda Andrónico Rodríguez, atual presidente do Senado boliviano, enfrentou hostilidade neste domingo (17) ao votar na escola José Carrasco, em Entre Ríos. O município, localizado no Trópico de Cochabamba, é considerado reduto do ex-presidente Evo Morales (2006-2019). A chegada de Rodríguez ao colégio eleitoral foi atrasada após uma explosão de baixa intensidade ter sido registrada sábado (16) nos arredores do local. Segundo testemunhas ouvidas pela imprensa local, o estopim ocorreu no pátio traseiro da escola. Apesar do susto, as autoridades confirmaram que não houve feridos nem danos materiais. Ataque com pedras e gritos de “traidor” Quando tentou dar declarações à imprensa, Rodríguez foi alvo de uma chuva de pedras lançadas por parte de eleitores. Diante do ataque, o candidato desistiu de falar e deixou o local rapidamente. O carro que o aguardava também foi atingido por pedras. Entre gritos e insultos, a multidão o chamou de “traidor”. Agentes da Força Especial de Luta Contra o Crime (Felcc) se deslocaram à escola para colher depoimentos e abrir investigação sobre a explosão. O fiscal Juan Carlos Campero informou que, apesar do incidente, a votação seguia “com normalidade”. Cenário eleitoral acirrado Aos 36 anos, Rodríguez é o candidato de esquerda mais bem posicionado nas pesquisas, variando entre o terceiro e quarto lugares nas intenções de voto. Ele aparece atrás de Samuel Doria Medina, da aliança Unidade, e do ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga (2001-2002), da aliança Libre. A disputa deve ser uma das mais acirradas dos últimos anos e pode levar a uma inédita segunda volta na Bolívia. O episódio em Entre Ríos expõe o clima de tensão na região, marcada por rivalidades políticas e pela herança do movimento liderado por Evo Morales. Evo Morales desqualifica eleições Inelegível e sob o risco de ser preso, o ex-presidente Evo Morales assegurou que o voto nulo prevalecerá nas eleições, rejeitando um processo "sem legitimidade". "Esta votação vai demonstrar que é uma eleição sem legitimidade", disse Morales, após votar perto de Lauca Eñe, um pequeno povoado no centro da Bolívia, onde seus apoiadores o protegem dia e noite para evitar sua prisão. "Pela primeira vez na história, se não houver fraude, o voto nulo será o primeiro", afirmou o ex-presidente de esquerda. Vestindo camisa branca e sandálias, o ex-chefe de Estado, de 65 anos, votou enquanto dezenas de camponeses deram as mãos para formar um círculo de segurança para protegê-lo, constatou um repórter da AFP. Evo Morales REUTERS/Agustin Marcarian Não foi observada presença policial nas imediações. Primeiro presidente indígena da Bolívia, Morales buscava um quarto mandato, mas foi desqualificado pelo tribunal constitucional, que proibiu mais de uma reeleição. Além disso, enfrenta uma ordem de prisão pela suposta exploração de uma menor enquanto era chefe de Estado, acusação que ele nega. "Desta vez vamos votar, mas não vamos eleger", afirmou Morales, que se desvinculou do oficialista Movimento ao Socialismo (MAS), o partido sob o qual conquistou o poder, devido à sua disputa com seu ex-ministro Arce. Sem força política nem candidato que apoie, Morales fez campanha pelo voto nulo, apesar de não ter influência na contagem oficial. A autoridade eleitoral só considera os votos válidos. As sondagens antecipam um segundo turno entre ambos no dia 19 de outubro. Bolivia em guinada à direita Afetados por uma profunda crise econômica, os bolivianos se preparam para dar uma guinada radical à direita na eleição presidencial. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O país de 11,3 milhões de habitantes, com forte influência indígena e rico em lítio, comparece às urnas em um cenário de escassez de dólares, combustíveis e alimentos. A inflação acumulada do último ano está próxima de 25%, a mais elevada desde 2008. A maioria da população atribui a crise ao governo impopular do presidente Luis Arce. "Nossa situação está realmente (...) no chão. Nossa moeda foi desvalorizada, os salários não são suficientes, tudo está caríssimo", declarou à agência de notícias AFP Freddy Millán, engenheiro de 53 anos que mora na cidade de Santa Cruz. Por muitos anos, o crescimento da Bolívia foi dependente das exportações de gás, sua principal fonte de divisas. Contudo, desde 2017 a produção sofre uma queda constante. Quase oito milhões de bolivianos estão registrados para comparecer às urnas. O voto é obrigatório no país. Uma nova etapa A esquerda está caminhando para seu pior fiasco nas urnas desde que chegou à presidência pelas mãos de Morales, que governou de 2006 a 2019. Depois, impulsionou a vitória de Arce, seu ex-ministro e hoje adversário. O líder indígena foi impedido pela justiça de buscar um quarto mandato nestas eleições. Desde outubro, está refugiado em uma pequena vila no centro da Bolívia para evitar uma ordem de captura pelo caso de suposto tráfico de menores quando era presidente, acusação que ele nega. Sob a proteção de seus seguidores, Morales promove o voto nulo. Diante do provável triunfo de seus opositores, afirmou à AFP que "não vai fugir" e seguirá de volta à "batalha nas ruas e nos caminhos". A disputa entre Morales e Arce nos últimos meses implodiu o MAS e aprofundou a crise econômica, com episódios de violência e bloqueios de rodovias. O embate abalou a popularidade da esquerda. O candidato do governo, Eduardo Del Castillo, e o senador e líder 'cocaleiro' Andrónico Rodríguez, ambos de 36 anos, aparecem atrás nas pesquisas. "A crise nos afetou completamente (...) Acho que todos estamos tentando mudar este contexto", disse Alejandra Ticona, uma estudante de Direito de La Paz de 24 anos. Embora reconheça que a esquerda já beneficiou os agricultores, como sua própria família, hoje ela quer a vitória de um dos dois candidatos de direita para solucionar os problemas econômicos. Doria Medina e Quiroga prometem um plano de choque muito similar, baseado em uma redução drástica dos gastos públicos e o desmonte progressivo dos subsídios milionários. "Vai começar uma nova etapa em que o mais importante será recuperar a estabilidade econômica, para sair do estatismo e ter uma economia capitalista", disse Doria Medina em uma entrevista recente à AFP. O ex-presidente Quiroga promete uma "mudança sísmica". Desejo de mudança Depois de 20 anos do MAS no poder, "o governo simplesmente não pode culpar mais ninguém" pela crise, disse o internacionalista Pablo Calderón, professor da Northeastern University de Londres. Durante o governo de Morales, a Bolívia triplicou sua produção interna, reduziu a pobreza de 60% para 37% e empoderou a população indígena. Muitos governos de esquerda que antes dominavam o cenário político da América do Sul perderam a continuidade na década passada. A Bolívia foi a exceção até agora. Mas se a direita retornar ao poder, Calderón alerta que não deveria "fazer mudanças extremas de 180 graus", em particular no que diz respeito a programas sociais que ajudaram muitas pessoas a sair da pobreza. O fato é que os bolivianos estão abertos a "mudanças": liberalização da economia e redução do papel do Estado, afirma Glaeldys González, analista do Crisis Group para Bolívia, Equador e Peru. "A situação atualmente é a pior que esta geração viveu na área econômica e, acredito, que há, sim, muito mais abertura para este tipo de política", enfatiza. *Com informações das agências AFP e EFE.

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