Capitão da PM de SP é acusado de estuprar ex e abusar de enteada
Capitão do Comando de Policiamento Metropolitano da PM de SP acumula boletins de ocorrência e denúncia na Corregedoria sobre agressões

O capitão Eduardo de Moura Castro, do Comando de Policiamento Metropolitano da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CPM-PMESP), é acusado de estupro, estupro de vulnerável e violência doméstica. As denúncias, feitas pela ex-companheira do oficial da ativa, foram formalizadas em boletins de ocorrência e à Corregedoria da PM. O Metrópoles teve acesso aos documentos.
De acordo com as denúncias, Eduardo é acusado de abusar sexualmente da enteada, enquanto esteve casado com a ex-companheira, de 2016 a 2021. A menina tinha entre 5 e 6 anos de idade quando os abusos teriam começado.
O capitão da PM também teria agredido a ex-companheira e a forçado a manter relações sexuais, enquanto ela chorava, em diversos episódios diferentes. Segundo a mulher, o oficial disse que vê-la chorando o deixava “excitado”.
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Capitão Eduardo ao lado de enteada, que teria sido abusada sexualmente por ele.Arquivo pessoal2 de 4
Capitão Eduardo de Moura Castro, do Comando de Policiamento Metropolitano da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CPM-PMESP), é acusado de estupro, estupro de vulnerável e de agressões contra um filho pequeno.Arquivo pessoal3 de 4
Brasões do Comando de Policiamento Metropolitano da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CPM-PMESP).Reprodução/Redes sociais4 de 4
Viatura da Polícia Militar (PMESP).JB NETO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
Divórcio e guarda dos filhos
- O processo de separação dos dois começou em 2021, época em que a mulher conseguiu uma medida protetiva contra ele.
- A tutela foi suspensa um tempo depois, mas motivou que o homem criasse artifícios para conquistar na Justiça a guarda temporária dos filhos menores, hoje com 6 e 8 anos, frutos do casamento.
- Segundo a mulher, o policial editou áudios e vídeos para mostrar que a genitora das crianças tem problemas psicológicos e que seria incapaz de criá-las.
- Para ela, Eduardo teria feito isso por vingança pela denúncia registrada contra ele.
- Conforme a ex-companheira do oficial, a guarda temporária das crianças está com o genitor até hoje, o que ela espera que mude com a sentença do processo litigioso, que deve sair nas próximas semanas.
- “Eu passei por tudo isso e ainda vejo meus filhos a cada 15 dias. Você imagina o meu sofrimento como mãe?”, disse a mulher à reportagem.
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Estupro de vulnerável
A mãe soube que a filha foi abusada sexualmente, por cerca de cinco anos, em uma das audiências do processo de divórcio litigioso, quando o pai biológico da menina prestou depoimento e contou sobre o fato ao juiz, em fevereiro deste ano.
Após a declaração do genitor, a mulher conversou com a filha, que hoje tem 14 anos, e confirmou os abusos sofridos. O acusado é o ex-padrasto Eduardo, capitão da PM.
Em boletim de ocorrência apurado pela 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na zona norte de São Paulo, mãe e filha relatam que os abusos aconteceram durante todo o relacionamento da mulher com o oficial.
Elas procuraram a delegacia em abril para relatar à polícia que a menina recebeu, de um número desconhecido, fotografias de pênis no WhatsApp. Segundo as duas, as vestes usadas pelo indivíduo se assemelham àquelas usadas por Eduardo durante o relacionamento com a mãe da adolescente.
Ao Metrópoles, a mãe detalhou os abusos sofridos pela filha. De acordo com o relato, a menina praticava jiu-jitsu junto com Eduardo, que gostava de treinar alguns golpes em casa “de brincadeira”. O capitão teria aproveitado esses momentos para esfregar o próprio pênis na garota, que teria chegado a sentir o órgão ereto, e reclamado de dor.
“Ela deitava no chão e ele deitava em cima dela. Ela sentia o órgão dele e chorava, falando que aquela brincadeira estava machucando”, contou a mãe, que relatou ainda que o policial tinha mania de morder a bunda da menina, causando constrangimento à garota.
Agressões e estupro contra ex-companheira
Além de abusar sexualmente da enteada, Eduardo teria agredido física e sexualmente a ex-companheira. As agressões ocorreram durante todo o relacionamento, segundo o relato da mulher. Em um dos episódios, ela estava grávida de seis meses do filho caçula.
“Ele me jogou no chão, eu com barrigão de seis meses. Aí ele deu aquela chave, sabe que vira o joelho? Aí deu aquela fisgada, eu gritei”, disse. Com fortes dores, a mulher foi levada ao hospital pelo então companheiro. Ao médico, o casal negou que se tratava de violência doméstica.
“Eu fiquei o caminho inteiro falando ‘olha, vou contar pro médico que foi você que me machucou’. E ele: ‘não, se você contar, ele vai chamar uma viatura lá mesmo, eu vou ser preso. A criança vai nascer, a gente não vai ter onde morar, não vai ter fralda, não vai ter leite. Vai todo mundo passar necessidade por culpa sua’. Olha o que ele fazia”, disse a mulher.
As agressões lhe causaram sequelas, que a fizeram sentir dores até o fim da gestação.
Ela também contou ter sido estuprada ao longo do relacionamento, o que demorou para entender que era crime, já que os dois formavam um casal. Segundo o relato, após as brigas, enquanto a mulher chorava, Eduardo aparecia lhe dizendo que era “a única pessoa que ela ainda tinha” e que era o “único que ainda gostava dela”.
Em seguida, o homem dizia à então companheira que a ver chorando o deixava excitado. Mesmo pedindo que saísse de perto, ele tirava a calça da mulher e forçava relações sexuais com ela.
“Ele fechava a porta do quarto e eu continuava lá, chorando. Eu não achava que isso era um crime. Porque, assim, uma que eu sou totalmente leiga de leis. Como a gente era casado, eu achava normal. Aí, quando eu fui conversar com o advogado sobre a situação da minha filha, eu contei isso. Ele falou ‘pelo amor de Deus, isso é crime, isso é estupro’”, disse.
O que diz a PM
O Metrópoles contatou Eduardo, a Corregedoria da PM e a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para comentar o caso, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
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