Caso Vai de Bet: Augusto Melo teria sido ameaçado de morte por agiota

Uma denúncia anônima revelou que Augusto Melo devia dinheiro de doações de campanhas a um agiota e teria até usado colete a prova de balas

Jun 25, 2025 - 19:00
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Caso Vai de Bet: Augusto Melo teria sido ameaçado de morte por agiota

O presidente afastado do Corinthians, Augusto Melo, teria sido ameaçado de morte por um agiota da zona leste de São Paulo, por conta de dívidas acumuladas das campanhas eleitorais de 2020 e 2023 para a presidência do clube alvinegro. Os relatos sobre as ameaças surgiram no inquérito policial que investiga irregularidades na negociação de patrocínio entre o Corinthians e a empresa de apostas Vai de Bet, finalizado na última segunda-feira (23/6).

As ameaças foram apresentadas ao Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) da Polícia Civil em uma denúncia anônima, em dezembro de 2024. No documento, o denunciante diz que Augusto Melo recebeu muitas doações nas duas campanhas eleitorais, dando a entender que os doadores seriam “empresários de jogadores de base; esse monte de MC, como Buzeira; um empresário com atuação no futebol do time de São Bernardo do Campo, laboratório EMS, de Campinas; e um doleiro do Tatuapé”.

Segundo o inquérito policial, a denúncia diz que as doações foram tratadas como “dívidas” e foi asseverado que um agiota da zona leste paulistana estaria no “encalço de Augusto”, ameaçando-o de morte, caso o valor não fosse pago.

Outra parte da carta denunciante se refere ao mandatário afastado e ao seu grupo dizendo que “agora ele teria que pagar tudo o que havia recebido nas duas campanhas [2020 e 2023]. Se não pagar já sabe como os caras fazem.”

A carta ainda diz que Augusto Melo teve que usar colete a prova de balas em algumas ocasiões na zona leste porque o agiota que estava lhe ameaçando disse que iria lhe matar se não pagasse a dívida.

Indiciados

Ao todo, o inquérito policial indiciou cinco pessoas. São elas:

  • Augusto Melo – presidente afastado do Corinthians
  • Marcelo Mariano – ex-dirigente do Corinthians
  • Sérgio Moura – ex-dirigente do Corinthians
  • Alex Cassundé – suposto intermediário na negociação entre Vai de Bet e Corinthians
  • Yun Ki Lee – ex-diretor jurídico do Corinthians.

Os quatro primeiros foram indiciados por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. Já Yun Ki Lee foi autuado por omissão imprópria.

Para o indiciamento, as autoridades policiais levaram em conta algumas inconsistências nos depoimentos dos envolvidos, principalmente sobre o encontro que apresentou o atual mandatário Corinthians e Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design Ltda, contratada para intermediar o contrato entre a empresa de apostas e a equipe da zona leste de São Paulo. 8 imagensPresidente afastado do Corinthians, Augusto MeloDefesa de Augusto Melo entrou com HC horas antes de votação de impeachment.Conselho Deliberativo do clube aguarda fim das investigações.Dorival Jr estreou como técnico do Corinthians em 30 de abril, na vitória por 1–0 contra o Novorizontino pela Copa do Brasil.Impeachment de Augusto Melo será votado nesta segunda-feira (26/5)Fechar modal.1 de 8

Augusto Melo foi afastado na última segunda-feira (26/5)Jose Manoel Idalgo/Corinthians2 de 8

Presidente afastado do Corinthians, Augusto MeloReprodução3 de 8

Defesa de Augusto Melo entrou com HC horas antes de votação de impeachment.Rodrigo Coca/Agência Corinthians4 de 8

Conselho Deliberativo do clube aguarda fim das investigações.Ricardo Moreira/Getty Images5 de 8

Dorival Jr estreou como técnico do Corinthians em 30 de abril, na vitória por 1–0 contra o Novorizontino pela Copa do Brasil.Sipa US / Alamy Stock Photo6 de 8

Impeachment de Augusto Melo será votado nesta segunda-feira (26/5)Leonardo Amaro/Metrópoles7 de 8

Memphis teve pênalti defendido por WalterReprodução8 de 8

No entanto, o jogador se recupera de uma lesão no tornozeloAndré Ricardo/Sports Press Photo/Getty Images

Além disso, os investigadores acreditam que não foi Cassundé quem intermediou a negociação entre a empresa e o clube. Segundo o inquérito policial, quem aproximou a empresa do ramo de apostas do clube do Parque São Jorge foram outras três pessoas: Antônio Pereira dos Santos (conhecido como Toninho), Sandro dos Santos Ribeiro e Washington de Araújo Silva. “Isso nos está muito claro”, escreve a autoridade policial no inquérito.

Após relatado, o documento policial deve ser encaminhado ao Ministério Público do estado (MPSP), que analisará o inquérito e decidirá sobre o oferecimento de uma denúncia à Justiça. Caso esse processo seja apresentado e aceito, Augusto Melo e os outros três envolvidos viram réus em um processo judicial pelos crimes citados.

No caso de Yun Ki Lee, o relatório final da investigação, obtido pelo Metrópoles, aponta que a omissão dele teve um papel significativo na trama criminosa. De acordo com as autoridades, o ex-dirigente foi responsável pela checagem cadastral das empresas envolvidas na negociação, incluindo a “suposta intermediária”, mesmo existindo um setor específico no Corinthians para essa função.

A polícia também estranhou o fato de o ex-diretor jurídico do clube não tomar nenhuma providência na negociação mesmo após ter identificado inconsistências na empresa Rede Social, que não correspondia à atividade de intermediação, não tinha experiência comprovada no setor, especialmente no ramo esportivo e era uma empresa inexpressiva, como apenas R$ 10 mil de capital social.

Além disso, Yun Ki Lee não sugeriu nem alertou sobre as possíveis irregularidades, mesmo ciente de que a empresa seria beneficiada com um pagamento de R$ 25 milhões, que sairia dos cofres do Corinthians.

Em nota, o ex-diretor se defendeu dizendo que sabia sobre os fatos e da própria participação na elaboração do contrato de patrocínio entre o clube alvinegro e a Vai de Bet, mas que “fez de tudo para preservar os interesses do clube o que incluiu a pesquisa cadastral das pessoas físicas e jurídicas envolvidas; incluiu também inserção de cláusula de fiança prestada pelo representante legal da Vai de Bet no Brasil e de sua esposa””.

Yun Ki Lee ainda contou que não participou das negociações comerciais, e que, por isso, somente recebeu os dados que deveriam constar no contrato, incluindo os da empresa intermediadora e dos representantes. O ex-diretor jurídico também afirmou que sabia que a empresa não tinha atividade na intermediação, mas que em sua opinião jurídica, isso não era impeditivo, “pois havia outras atividades relacionadas que permitiriam a atuação”. Ele também contou que o capital social da empresa é um item “absolutamente irrelevante” para realizar a intermediação.

Impeachment

  • Augusto Melo foi afastado do cargo de presidente do Corinthians depois do Conselho Deliberativo do clube aprovar, por 176 votos a 57 , o impeachment do mandatário.
  • Uma segunda votação, agora com votos do quadro associativo do clube, está marcada para agosto para decidir o afastamento definitivo ou não de Augusto Melo.
  • Com a saída de Augusto Melo, quem assumiu a presidência do Corinthians de forma interina foi o primeiro vice-presidente, Osmar Stabile.

 

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