Como lidar com o ressentimento? Psicanalista compartilha dicas
Psicanalista Blenda Oliveira explica como reconhecer, compreender e redirecionar o ressentimento pode libertar e fortalecer
Há dores que insistem em ficar. Situações que se repetem na memória, como se o tempo não tivesse passado. Esse é o terreno onde nasce o ressentimento — sentimento difícil de admitir e, muitas vezes, ainda mais difícil de abandonar.
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“O ressentimento é uma forma de aprisionamento psíquico”, explica a psicanalista e doutora em Psicologia pela PUC-SP, Blenda Oliveira. “A pessoa fica presa a uma cena do passado, enquanto a vida segue adiante. É como girar em torno do mesmo eixo de dor.”
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Para Blenda, lidar com o ressentimento não significa esquecer ou minimizar o que aconteceu, mas elaborar o que ficou. É um trabalho de consciência e coragem, que permite transformar o sofrimento em aprendizado. “O objetivo não é apagar o fato, e sim dar a ele um novo sentido, para que não continue produzindo dor.”
O ressentimento é um sentimento comum, mas que pode aprisionar nossa vida emocional
A seguir, a especialista aponta cinco caminhos para quem quer transformar ressentimento em força.
1. Nomear o que se sente
Tudo começa com o reconhecimento. “É preciso admitir o ressentimento e se perguntar: qual o papel dele na minha vida hoje?”, diz Blenda. “Não se trata de ter razão ou não, mas de entender o que esse sentimento revela sobre o que ainda não foi resolvido.”
2. Escutar o que a dor tem a dizer
Segundo Blenda, todo sofrimento traz uma mensagem — e pode ensinar algo sobre nossos limites e expectativas. “Pergunte-se o que essa experiência mostrou sobre você. Que necessidade foi ferida? A dor, quando compreendida, pode se tornar uma professora.”
3. Separar perdão de reconciliação
Um erro comum é achar que perdoar significa reatar laços. “Perdoar não é negar o erro nem retomar a convivência”, afirma. “É retirar do outro o poder de continuar produzindo sofrimento em você. É um gesto de autonomia psíquica.”
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4. Aceitar a imperfeição — em si e nos outros
O ressentimento se alimenta da ideia de que haveria uma reparação perfeita, uma justiça exata. “Aceitar que o outro erra, e que eu também erro, é abrir espaço para uma humanidade mais real, menos idealizada”, diz Blenda. “Todos temos limitações — e isso não nos torna menos dignos.”
5. Mover a energia para outros lugares
“Todo ressentimento é uma energia parada”, afirma a psicanalista. A saída está no movimento — físico, emocional ou simbólico. Essa energia pode ganhar novo destino na arte, na espiritualidade, no trabalho, nas relações ou no silêncio. “É o movimento que dissolve o ressentimento, não o esquecimento.”
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Transformar o ressentimento, segundo Blenda Oliveira, é um ato de maturidade emocional. É deixar de esperar que o passado se desfaça e começar a cuidar do agora. “Perdoar é recuperar a própria potência — voltar a ser sujeito da própria história, sem que a dor continue ditando o rumo da vida.”
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