Como Os Paralamas do Sucesso se tornaram a voz de uma geração

Turnê de 40 anos leva ao palco um passeio por clássicos que marcaram gerações e consolidaram o trio como um dos pilares do rock brasileiro

tibauemacao.

Nov 2, 2025 - 06:30

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Como Os Paralamas do Sucesso se tornaram a voz de uma geração

Os Paralamas do Sucesso, formados em 1982 no Rio de Janeiro por Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone, iniciaram sua discografia em 1983 com o álbum de estreia Cinema Mudo. A banda conseguiu um contrato com a EMI após o sucesso da demo de “Vital e sua Moto” na Fluminense FM. Essa faixa, um de seus hits iniciais, é uma eterna homenagem ao primeiro baterista da banda, Vital Dias.

Apesar do baixo sucesso comercial de Cinema Mudo, o trio não parou de se apresentar ao vivo. A experiência de tocar de forma ininterrupta permitiu que, já no segundo álbum, O Passo do Lui (1984), a banda encontrasse um som muito mais completo e alcançasse o estrelato nacional com hits como “Óculos” e “Meu Erro”.

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A verdadeira virada artística, no entanto, veio com o terceiro disco, Selvagem?, lançado em 1986. Após rodar o país e colher os frutos da fama pós-Rock in Rio, a banda se apaixonou pelos ritmos do Norte e Nordeste, como a lambada e o som dos blocos de Salvador, aprofundando-se em influências já presentes, como reggae, dub e ska. O álbum é considerado um marco por assimilar africanidades e seus lastros, deixando de lado as influências puramente inglesas que nutriam o rock dos anos 80.

Selvagem? marcou o momento em que os Paralamas passaram a dialogar mais frequentemente com o mundo exterior, extrapolando a interioridade lírica dos discos anteriores. O álbum se tornou um sucesso estrondoso, vendendo 100 mil cópias na primeira semana, impulsionado por músicas de forte cunho social.

“Alagados”, por exemplo, conecta a Favela da Maré e Trenchtown, falando da exclusão urbana. Outras faixas, como “Selvagem”, abordavam temas como violência policial, miséria e racismo, com letras repletas de imagens do cotidiano. A temática das canções se tornava proporcional à passagem do tempo e às vivências do trio.

O álbum ainda contou com a participação de Gilberto Gil, autor de “A Novidade” e que também participou em “Alagados”. Selvagem? é um exemplo de quando letra, melodia, arranjos e inovação se unem, e sua influência é incontestável, sendo quase sinônimo do “som” dos Paralamas.

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