Como seria o muro antidrones dos europeus contra a Rússia?

O projeto foi um dos assuntos debatidos em uma cúpula de segurança de dois dias em Copenhague, encerrada na quinta (2/10), na Dinamarca

Oct 3, 2025 - 02:30
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Como seria o muro antidrones dos europeus contra a Rússia?

Diante das múltiplas incursões russas no espaço aéreo europeu nas últimas semanas, os líderes do bloco estudam a instalação de um “muro antidrones” para proteger a Europa. O projeto é um dos assuntos debatidos em uma cúpula de segurança de dois dias em Copenhague, encerrada na quinta-feira (2/10), na Dinamarca.

Na quarta-feira, o evento reuniu apenas os 27 países da União Europeia e, neste segundo dia, os outros 20 Estados-membros da Comunidade Política Europeia se juntaram às conversas, incluindo Suíça, Reino Unido, Geórgia e Turquia.

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A criação do muro antidrones foi um dos focos das conversas, após a entrada de aeronaves russas sobre a Estônia, Polônia e Romênia. A União Europeia não se comprometeu a afirmar, como pediam a Suécia, a Polônia e a República Tcheca, que todas as aeronaves intrusas serão abatidas, informa o correspondente da RFI em Bruxelas, Pierre Benazet.

A resposta da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) às incursões de cerca de 20 drones russos na Polônia evidenciou as deficiências do arsenal da aliança diante dessa ameaça. Para abater três desses drones, a organização teve que utilizar mísseis sofisticados e caros.

O Comissário Europeu da Defesa, Andrius Kubilius, defende há muito tempo novas soluções para a ameaça que representa Moscou, mas foi a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, quem primeiro levantou a ideia de um “muro de drones”, em 10 de setembro, perante os eurodeputados.

Inicialmente, a ideia é implantar mais sensores, tanto terrestres quanto via satélite, ao longo da fronteira que a União Europeia compartilha com a Rússia. A Ucrânia, especialista nessa área, adotou um sistema de sensores acústicos no início da guerra, explicou Kubilius. “Acho que também podemos fazer isso rapidamente”, disse ele à AFP.

A Ucrânia participará do desenvolvimento deste muro antidrone na Europa, confirmou seu presidente, Volodymyr Zelensky, nesta quinta-feira. Após quase quatro anos de guerra, Kiev estabeleceu uma indústria de drones e sistemas antidrone única na Europa.

De acordo com uma autoridade europeia, essa implantação levaria pelo menos um ano, antes que as capacidades de interceptação sejam implementadas posteriormente.

Nenhuma nova “Linha Maginot”

Segundo especialistas, a tecnologia de drones está evoluindo muito rapidamente, e os sistemas atualmente considerados correm o risco de se tornarem obsoletos até lá. “Também sabemos que a tecnologia está evoluindo tão rapidamente que não podemos ter uma única ideia e acreditar que ela resolverá todos os nossos problemas”, reconheceu a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, cujo país foi sobrevoado por drones misteriosos pouco antes de uma cúpula de líderes europeus em Copenhague.

Os europeus devem “aprender lições” com o que a Ucrânia conseguiu realizar, de forma muito pragmática, enfatizou a presidência francesa esta semana.

A primeira-ministra estoniana, Kristen Michal, por sua vez, reconheceu que não se trata de construir uma nova “Linha Maginot”. Antes da Segunda Guerra Mundial, a França construiu uma linha de defesa ao longo de sua fronteira com a Alemanha, que se mostrou completamente inútil e foi contornada.

“Às vezes, desconfio de termos bastante abrangentes” como “cúpulas de ferro” ou “muros de drones”, salientou o presidente francês, Emmanuel Macron, na quarta-feira. “As coisas são mais sofisticadas, mais complexas na realidade”, complementou.

Quem pagará?

O “muro” antidrones foi amplamente discutido na quarta-feira pelos líderes dos 27 Estados-membros da UE, reunidos em Copenhague. E embora muitos tenham expressado apoio à sua implementação, alguns demonstraram reservas.

De acordo com uma autoridade europeia, a Alemanha, por exemplo, questionou o custo desta operação, embora o tema do financiamento não estivesse na pauta da reunião. Kubilius evocou uma faixa de “vários bilhões de euros, não centenas de bilhões”.

Outros países, distantes da fronteira russa, temem ficar para trás, segundo uma autoridade europeia. A Comissão Europeia também procurou tranquilizar, prometendo uma estratégia de “360 graus”.

“Quando falamos do muro antidrone, estamos falando de toda a Europa, não apenas de um país”, garantiu Zelensky.

Outros questionam a relevância de confiar à Comissão Europeia a gestão de um projeto de “muro” antidrone, sendo que a defesa é responsabilidade dos Estados-membros.

A questão deverá ser levantada novamente em uma próxima cúpula europeia no final de outubro.

Putin reage

O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que está monitorando de perto “a crescente militarização da Europa”, e prometeu uma “resposta às ameaças”, à medida que os países europeus aumentam os investimentos militares desde a invasão da Ucrânia, em 2022. Ele esclareceu, entretanto, que não tem a intenção de atacar os países-membros da Otan.

“Se alguém quiser nos confrontar militarmente, então, como dizem, que o faça, que tente”, afirmou Putin em um evento em Sochi. “As reações da Rússia não tardarão a chegar”, salientou.

De acordo com o líder, Moscou demonstrou “ao longo dos séculos que responderá rapidamente, se provocado”. “As elites da Europa unificada continuam a alimentar a histeria”, disse ele. “Parece que a guerra com os russos é iminente. Eles continuam a repetir esse absurdo, esse mantra, indefinidamente”, ironizou. “Nós mesmos nunca iniciamos um confronto militar”, declarou Putin.

Leia mais em RFI, parceira do Metrópoles.

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