Cordilheira do Espinhaço: o paraíso mineiro reconhecido pela Unesco
Única cordilheira do Brasil com 1.200 quilômetros de extensão, o Espinhaço preserva biodiversidade e tradições mineiras
Há uma linha de montanhas que atravessa Minas Gerais, serpenteando serras, vales e rios, até encontrar a Chapada Diamantina, na Bahia. A Cordilheira do Espinhaço, com 1.200 quilômetros de extensão, é a única formação do tipo no país e tem se consolidado como um dos destinos mais completos para o turismo de experiência no Brasil.
Ao todo, são 172 municípios mineiros conectados por um cenário que muda a cada curva. Reconhecida pela Unesco como Reserva da Biosfera, a cordilheira é um exemplo de equilíbrio entre conservação e desenvolvimento ao abrigar três biomas brasileiros: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.
As paisagens, que impressionam, variam entre cânions, campos rupestres floridos, formações rochosas e 394 cachoeiras catalogadas. Sem contar com as cidades históricas que preservam o legado do Ciclo do Ouro e dos Diamantes.
“O Brasil merece conhecer o valor da Cordilheira do Espinhaço. Ela guarda patrimônios naturais e culturais singulares como a Serra do Cipó, Diamantina e o queijo minas artesanal, considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade”, aponta a Secretaria de Cultura e Turismo do Estado, que tem promovido diversas ações para destacar a região.
Ecoturismo e aventura
Com tanta riqueza ecológica, o Espinhaço se tornou referência nacional em ecoturismo. São 26 parques e unidades de conservação, entre eles o Parque Nacional da Serra do Cipó, o Parque Nacional das Sempre-Vivas, o Parque Estadual do Pico do Itambé e o Parque Estadual do Biribiri.
Essas áreas preservadas oferecem experiências de contato direto com a natureza em trilhas, travessias, cachoeiras e observação de fauna e flora.
Trilhas icônicas como a Transespinhaço, a Travessia Lapinha–Tabuleiro, o Caminho dos Escravos, o Caminho de Rosa e os Caminhos da Estrada Real estão entre as mais procuradas por praticantes de trekking, mountain bike e turismo de aventura.
Regiões como Grão Mogol, Botumirim, Caçaratiba e Cristália vêm se destacando por oferecer estrutura para esportes de natureza e experiências de base comunitária.
Patrimônios mundiais
Além das belezas naturais, a Cordilheira do Espinhaço é um vasto território de memória e cultura. Em sua área estão quatro patrimônios mundiais reconhecidos pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura):
- Ouro Preto;
- Diamantina;
- Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas;
- Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte.
As cidades históricas e vilas coloniais — como Serro, Milho Verde, Conceição do Mato Dentro e Biribiri — preservam o legado do Ciclo do Ouro e dos Diamantes.
O Espinhaço concentra ainda 397 comunidades quilombolas e afrodescendentes, que mantêm tradições seculares e modos de vida baseados na coletividade e na relação com o território.
Festas religiosas centenárias, como Reinados, Congados e Folias do Rosário, fazem da cordilheira um território de cultura viva, onde a herança afro-brasileira e os costumes das comunidades seguem fortemente presentes.
Sabores
A gastronomia é outro atrativo que enriquece a experiência na cordilheira. A região é berço do queijo minas artesanal, produzido em 34 municípios e reconhecido pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade.
Cada território produtor — como Serro, Canastra, Cerrado e Campos das Vertentes — possui características próprias de sabor, textura e maturação, resultado da tradição familiar e das condições naturais de cada serra.
O território também desponta no enoturismo, com vinícolas em Diamantina, Grão Mogol, Juatuba e Santana dos Montes, e na olivicultura, com azeites premiados produzidos em Itabirito e Catas Altas da Noruega.
A culinária mineira aparece em restaurantes, pousadas e fazendas, valorizando ingredientes regionais, técnicas tradicionais e produtos da agricultura familiar.
Experiências integradas
Além disso, o visitante encontra ao longo da Cordilheira do Espinhaço uma ampla rede de rotas turísticas estruturadas, que conectam natureza, cultura, fé e gastronomia.
Entre as principais estão a Rota do Queijo do Serro, a Rota das Artes, a Rota Cavernas do Peruaçu, o Circuito das Grutas e o Caminho de Rosa, inspirado nas viagens do escritor Guimarães Rosa pelo sertão mineiro.
As Instâncias de Governança Regionais (IGRs) articulam ações entre os municípios, integrando o turismo ao desenvolvimento sustentável e fortalecendo a identidade regional.
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