Correios registram prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, aponta demonstrações financeiras

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os Correios, publicou no Diário Oficial da União desta sexta-feira (9) as demonstrações financeiras referentes ao ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões. Além disso, auditoria independente ressalvou dados contábeis da empresa (leia mais abaixo).   O déficit em 2024 é quatro vezes maior do […]

May 9, 2025 - 19:00
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Correios registram prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, aponta demonstrações financeiras

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os Correios, publicou no Diário Oficial da União desta sexta-feira (9) as demonstrações financeiras referentes ao ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões. Além disso, auditoria independente ressalvou dados contábeis da empresa (leia mais abaixo).

 

O déficit em 2024 é quatro vezes maior do que o registrado no ano anterior, quando o prejuízo registrado foi de R$ 597 milhões. Na apresentação deste ano, os Correios reajustaram os dados de 2023 para melhor representar as normas contábeis e, assim, o resultado final do ano anterior acabou subindo para R$ 633 milhões.

 

????O termo “déficit” significa que o gasto somado foi maior que a receita que os Correios conseguiu gerar no ano.

bilhões para R$ 15,9 bilhões. Esse é o maior custo anual realizado pelos Correios desde 2017, quando a empresa gastou R$ 16 bilhões.

A maior parte deste aumento dos custos operacionais da empresa está nos gastos com pessoal, que em 2023 era de R$ 9,6 bilhões e em 2024 foi de R$ 10,3 bilhões.

 

Os Correios justificaram que o aumento se deveu ao Acordo Coletivo de Trabalho assinado com os mais de 80 mil empregados (R$ 550 milhões). E também ao reajuste do vale alimentação/refeição (R$ 41 milhões).

 

Correios registram prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, aponta demonstrações financeiras

Este é o primeiro prejuízo bilionário da estatal desde 2016. Demonstrações financeiras foram publicadas nesta sexta-feira (9).

Por Vinícius Cassela, g1 — Brasília

 

09/05/2025 02h50 Atualizado há 3 horas

 

Placa dos Correios. — Foto: Reprodução

Placa dos Correios. — Foto: Reprodução

 

 

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os Correios, publicou no Diário Oficial da União desta sexta-feira (9) as demonstrações financeiras referentes ao ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões. Além disso, auditoria independente ressalvou dados contábeis da empresa (leia mais abaixo).

 

O déficit em 2024 é quatro vezes maior do que o registrado no ano anterior, quando o prejuízo registrado foi de R$ 597 milhões. Na apresentação deste ano, os Correios reajustaram os dados de 2023 para melhor representar as normas contábeis e, assim, o resultado final do ano anterior acabou subindo para R$ 633 milhões.

 

????O termo “déficit” significa que o gasto somado foi maior que a receita que os Correios conseguiu gerar no ano.

Resultado dos Correios ao longo dos anos

Variação entre 2015 e 2024

Valores em R$

-2.591.248-2.591.248

-767.580-767.580

2.276.4692.276.469

1.530.3761.530.376

161.049161.049

667.308667.308

-1.489.505-1.489.505

-2.121.238-2.121.238

2024

2023

2022

2021

2020

2019

2018

2017

2016

2015

-3M

-2M

-1M

0

1M

2M

3M

Fonte: Correios

 

➡Esta é a primeira vez, desde 2016 que os Correios apresentam um prejuízo bilionário em suas operações. À época, a empresa teve prejuízo de R$ 1,5 bilhão (R$ 2,3 bilhões em valores atualizados).

 

Entre as justificativas dadas pela empresa para o resultado negativo, está o fato de que apenas 15% das 10.638 unidades de atendimento terem superávit – quando as receitas são maiores do que as despesas.

 

“Ainda que 85% das unidades sejam consideradas deficitárias, os Correios garantem o acesso universal de todas e todos aos serviços postais, com tarifas justas, em cada um dos 5.567 municípios atendidos”, ponderou os Correios.

Por outro lado, a empresa também justificou que houve um investimento de R$ 830 milhões ao longo de 2024, totalizando R$ 1,6 bilhões desde que a nova gestão assumiu.

 

Nos últimos dois anos foram R$ 698 milhões na aquisição de novos veículos e outros R$ 600 milhões gastos em manutenção da infraestrutura operacional da empresa.

 

Parte dos veículos adquiridos faz parte do plano estratégico da empresa de 5 anos para transição ecológica de suas atividades. Desta forma, apenas em 2024 foram adquiridos:

 

50 furgões elétricos;

3.996 bicicletas cargo com baú; e 2.306 bicicletas elétricas.

A empresa ainda comprou 1.502 veículos para renovar a frota já existente.

 

Apesar do prejuízo em 2024, a empresa reafirmou que manterá sua estratégia de investimentos que ampliem “soluções tecnológicas” e reduzam o impacto no meio ambiente.

 

“A sustentabilidade continuará a ser tema central em nosso dia a dia. Esperamos evoluir ainda mais em nossos propósitos de caráter social e ambiental”, afirmou a empresa.

 

Impactos no resultado

Entre os motivos que impactaram o resultado dos Correios está a redução da receita com a prestação de serviços.

 

Neste ano, o total foi de R$ 18,9 bilhões contra R$ 19,2 bilhões em 2023, R$ 335 milhões a menos. Essa foi a menor receita desde 2020, quando a empresa registrou R$ 17,2 bilhões de receita.

Por outro lado, os custos operacionais aumentaram R$ 716 milhões em relação ao ano anterior. Passando de R$ 15,2 bilhões para R$ 15,9 bilhões. Esse é o maior custo anual realizado pelos Correios desde 2017, quando a empresa gastou R$ 16 bilhões.

A maior parte deste aumento dos custos operacionais da empresa está nos gastos com pessoal, que em 2023 era de R$ 9,6 bilhões e em 2024 foi de R$ 10,3 bilhões.

 

Os Correios justificaram que o aumento se deveu ao Acordo Coletivo de Trabalho assinado com os mais de 80 mil empregados (R$ 550 milhões). E também ao reajuste do vale alimentação/refeição (R$ 41 milhões).

 

Evolução da receita e custo operacional dos Correios ao longo dos anos

Variação entre 2015 e 2024

Valor

Receita

Custo

2024

2023

2022

2021

2020

2019

2018

2017

2016

2015

12M

14M

16M

18M

20M

22M

Fonte: Correios

Uma outra conta que sofreu forte impacto no resultado foram as despesas gerais e administrativas, que atingiram o maior valor histórico, totalizando R$ 4,7 bilhões em 2024. Um aumento de R$ 655 milhões em relação a 2023.

 

Já o resultado financeiro da empresa, que registra as receitas com aplicações financeiras e as despesas, por exemplo, com empréstimos, também apresentou um resultado negativo de R$ 379 milhões.

 

Em 2023, no resultado reapresentado, o valor total tinha sido positivo em R$ 44 milhões. No ano passado, os Correios gastaram R$ 846 milhões em despesas financeiras e tiveram uma receita de R$ 466 milhões.

 

Opinião com ressalva

A auditoria externa, feita Consult — Auditores Independentes, aplicou uma ressalva às demonstrações financeiras após identificar “fragilidades nos critérios utilizados e nos controles internos empresariais” para mensuração dos passivos contingentes — conta contábil que registra a possibilidade de perdas judiciais que uma empresa pode ter.

 

Apesar da conta ter previsto uma perda de R$ 2,7 bilhões no passivo da empresa, afetando o resultado da empresa, a auditoria apontou que o valor pode ser inconsistente com a realidade.

 

“Consequentemente, não foi possível, nas circunstâncias, ainda que por meio de procedimentos alternativos de auditoria, concluir sobre a adequação do saldo da provisão para contingências vinculadas aos processos, bem como os possíveis reflexos no resultado do exercício”, justificou a auditoria.

 

Prejuízo reduziu

Em janeiro, quando o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) apresentou o resultado do 3º trimestre das empresas estatais, os Correios estavam com um prejuízo de R$ 3,2 bilhões, que foi ligeiramente reduzido no último trimestre.

 

Correios registram prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, aponta demonstrações financeiras

Este é o primeiro prejuízo bilionário da estatal desde 2016. Demonstrações financeiras foram publicadas nesta sexta-feira (9).

Por Vinícius Cassela, g1 — Brasília

 

09/05/2025 02h50 Atualizado há 3 horas

 

Placa dos Correios. — Foto: Reprodução

Placa dos Correios. — Foto: Reprodução

 

 

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os Correios, publicou no Diário Oficial da União desta sexta-feira (9) as demonstrações financeiras referentes ao ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões. Além disso, auditoria independente ressalvou dados contábeis da empresa (leia mais abaixo).

 

O déficit em 2024 é quatro vezes maior do que o registrado no ano anterior, quando o prejuízo registrado foi de R$ 597 milhões. Na apresentação deste ano, os Correios reajustaram os dados de 2023 para melhor representar as normas contábeis e, assim, o resultado final do ano anterior acabou subindo para R$ 633 milhões.

 

????O termo “déficit” significa que o gasto somado foi maior que a receita que os Correios conseguiu gerar no ano.

Resultado dos Correios ao longo dos anos

Variação entre 2015 e 2024

Valores em R$

-2.591.248-2.591.248

-767.580-767.580

2.276.4692.276.469

1.530.3761.530.376

161.049161.049

667.308667.308

-1.489.505-1.489.505

-2.121.238-2.121.238

2024

2023

2022

2021

2020

2019

2018

2017

2016

2015

-3M

-2M

-1M

0

1M

2M

3M

Fonte: Correios

 

➡Esta é a primeira vez, desde 2016 que os Correios apresentam um prejuízo bilionário em suas operações. À época, a empresa teve prejuízo de R$ 1,5 bilhão (R$ 2,3 bilhões em valores atualizados).

 

Entre as justificativas dadas pela empresa para o resultado negativo, está o fato de que apenas 15% das 10.638 unidades de atendimento terem superávit – quando as receitas são maiores do que as despesas.

 

“Ainda que 85% das unidades sejam consideradas deficitárias, os Correios garantem o acesso universal de todas e todos aos serviços postais, com tarifas justas, em cada um dos 5.567 municípios atendidos”, ponderou os Correios.

Por outro lado, a empresa também justificou que houve um investimento de R$ 830 milhões ao longo de 2024, totalizando R$ 1,6 bilhões desde que a nova gestão assumiu.

 

Nos últimos dois anos foram R$ 698 milhões na aquisição de novos veículos e outros R$ 600 milhões gastos em manutenção da infraestrutura operacional da empresa.

 

Parte dos veículos adquiridos faz parte do plano estratégico da empresa de 5 anos para transição ecológica de suas atividades. Desta forma, apenas em 2024 foram adquiridos:

 

50 furgões elétricos;

3.996 bicicletas cargo com baú; e 2.306 bicicletas elétricas.

A empresa ainda comprou 1.502 veículos para renovar a frota já existente.

 

Apesar do prejuízo em 2024, a empresa reafirmou que manterá sua estratégia de investimentos que ampliem “soluções tecnológicas” e reduzam o impacto no meio ambiente.

 

“A sustentabilidade continuará a ser tema central em nosso dia a dia. Esperamos evoluir ainda mais em nossos propósitos de caráter social e ambiental”, afirmou a empresa.

 

Impactos no resultado

Entre os motivos que impactaram o resultado dos Correios está a redução da receita com a prestação de serviços.

 

Neste ano, o total foi de R$ 18,9 bilhões contra R$ 19,2 bilhões em 2023, R$ 335 milhões a menos. Essa foi a menor receita desde 2020, quando a empresa registrou R$ 17,2 bilhões de receita.

Por outro lado, os custos operacionais aumentaram R$ 716 milhões em relação ao ano anterior. Passando de R$ 15,2 bilhões para R$ 15,9 bilhões. Esse é o maior custo anual realizado pelos Correios desde 2017, quando a empresa gastou R$ 16 bilhões.

A maior parte deste aumento dos custos operacionais da empresa está nos gastos com pessoal, que em 2023 era de R$ 9,6 bilhões e em 2024 foi de R$ 10,3 bilhões.

 

Os Correios justificaram que o aumento se deveu ao Acordo Coletivo de Trabalho assinado com os mais de 80 mil empregados (R$ 550 milhões). E também ao reajuste do vale alimentação/refeição (R$ 41 milhões).

 

Evolução da receita e custo operacional dos Correios ao longo dos anos

Variação entre 2015 e 2024

Valor

Receita

Custo

2024

2023

2022

2021

2020

2019

2018

2017

2016

2015

12M

14M

16M

18M

20M

22M

Fonte: Correios

Uma outra conta que sofreu forte impacto no resultado foram as despesas gerais e administrativas, que atingiram o maior valor histórico, totalizando R$ 4,7 bilhões em 2024. Um aumento de R$ 655 milhões em relação a 2023.

 

Já o resultado financeiro da empresa, que registra as receitas com aplicações financeiras e as despesas, por exemplo, com empréstimos, também apresentou um resultado negativo de R$ 379 milhões.

 

Em 2023, no resultado reapresentado, o valor total tinha sido positivo em R$ 44 milhões. No ano passado, os Correios gastaram R$ 846 milhões em despesas financeiras e tiveram uma receita de R$ 466 milhões.

 

Opinião com ressalva

A auditoria externa, feita Consult — Auditores Independentes, aplicou uma ressalva às demonstrações financeiras após identificar “fragilidades nos critérios utilizados e nos controles internos empresariais” para mensuração dos passivos contingentes — conta contábil que registra a possibilidade de perdas judiciais que uma empresa pode ter.

 

Apesar da conta ter previsto uma perda de R$ 2,7 bilhões no passivo da empresa, afetando o resultado da empresa, a auditoria apontou que o valor pode ser inconsistente com a realidade.

 

“Consequentemente, não foi possível, nas circunstâncias, ainda que por meio de procedimentos alternativos de auditoria, concluir sobre a adequação do saldo da provisão para contingências vinculadas aos processos, bem como os possíveis reflexos no resultado do exercício”, justificou a auditoria.

 

Prejuízo reduziu

Em janeiro, quando o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) apresentou o resultado do 3º trimestre das empresas estatais, os Correios estavam com um prejuízo de R$ 3,2 bilhões, que foi ligeiramente reduzido no último trimestre.

 

Puxado pelos Correios, estatais têm pior déficit da série histórica

 

Na época, o ministério afirmou que durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro os Correios deixaram de investir, encerraram contratos e perderam receita ao serem incluídos no Plano Nacional de Desestatização e que por isso vinham apresentado sucessivos lucros.

 

Para justificar o prejuízo e reforçar um posicionamento contrário a privatização dos seus serviços, os Correios utilizaram de um lema que vem sendo utilizado durante o governo Lula logo na abertura do relatório de administração que aborda os resultados de 2024.

 

“Os Correios são indispensáveis porque são públicos. Em um País continental como o Brasil, só uma empresa gigante, com vocação social, é capaz de conectar pessoas, viabilizar oportunidades de negócios e promover cidadania”, justificou.

Frustração de receitas

Em abril, um estudo produzido pela empresa apontou uma frustração de receita de R$ 2,2 bilhões em função do fim da isenção de imposto sobre importações de até US$ 50.

Recentemente, o presidente da empresa, Fabiano Silva, afirmou ponderou que a mudança na lei em 2024 permitiu, ainda, que outras empresas de transportes façam o frete pelo Brasil de mercadorias internacionais, o que resultou na diminuição do domínio dos Correios sobre esse tipo de serviço.

 

“A gente tinha uma participação nesse segmento internacional em torno de 98% de mercado, ou seja, quase dominante, quase exclusivo nesse mercado. No mês de janeiro, a gente está em torno de 30 e poucos por cento”, criticou.

 

Segundo o documento, antes de ela entrar em vigor, os Correios estimavam arrecadar R$ 5,9 bilhões com o transporte de mercadorias importadas em 2024. Entretanto, com o surgimento da lei, o total efetivamente arrecadado teria sido de R$ 3,7 bilhões, ou R$ 2,2 bilhões a menos. Entretanto o número foi ligeiramente maior.

 

O relatório da administração apresentado junto com as demonstrações financeiras aponta que a receita com encomendas internacionais foi de R$ 3,9 bilhões, contra R$ 4,4 bilhões em 2024.

 

“A essa altura [em referência a 2024], os operadores [as empresas que vendem, tipo Shein, Aliexpress e Amazon] avançaram na estruturação de operações próprias e, com isso, iniciou-se, também, um movimento de migração de carga para esses canais. Como efeito prático, os Correios começaram a perder participação no mercado”, afirma o estudo.

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