Denunciado por morte de ex-delegado foi flagrado com fuzil em cobertor
Para MPSP, crime teria sido encomendado pelo PCC em uma vingança pelo trabalho de Ruy Ferraz Fontes na Delegacia Geral de Polícia
Um dos oito denunciados pela morte do ex-delegado geral Ruy Ferraz Fontes, nessa sexta-feira (21/11), foi flagrado andando pelas ruas da Praia Grande, litoral de São Paulo, horas antes do crime, no dia 15 de setembro, transportando um fuzil embrulhado em um cobertor rosa. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, Luiz Antonio Rodrigues de Miranda, conhecido como “Gão”, teria ficado encarregado de levar o armamento da capital até a Baixada Santista, em uma viagem de aplicativo.
Uma câmera de segurança instalada na rua Mario Osvaldo da Silva, no bairro Princesa, registrou o momento em que ele caminha com o embrulho debaixo do braço. De acordo com a polícia, havia ali “ao menos” um fuzil.
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Suspeito leva fuzil em cobertorReprodução
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A filmagem foi feita próxima a uma das casas que, segundo as investigações, teria sido usada pelos criminosos para preparar a execução do crime.
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Além de transportar o fuzil para a Baixada Santista, Luiz Antonio, o Gão, teria comprado, pela internet, itens usados no crime, como duas balaclavas pretas. Ele também teria sido o responsável por pegar a chave de uma das casas usadas pelos criminosos.
O grupo seria coordenado por Marcos Augusto Rodrigues Cardoso, conhecido como Pan, Fiel ou Penélope Charmosa. Apontado como “disciplina” do PCC na região do Grajaú, zona sul da capital, Cardoso seria o “recrutador” dos executores.
Motivo do crime
A denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) acusam os oito suspeitos de homicídio qualificado, duas tentativas de homicídio, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, favorecimento pessoal e organização criminosa armada.
Os promotores do Gaeco, grupo especializado no combate ao crime organizado, afirmaram que a execução teria ocorrido a mando do Primeiro Comando da Capital (PCC) como uma vingança pela atuação de Ruy Ferraz contra a facção. Apesar disso, a denúncia não aponta quem seriam os mandantes, nem a maioria dos atiradores. As investigações, diz o documento, devem prosseguir para responder a estas questões.
Veja quem são os indiciados pela morte de Ruy Ferraz
- Paulo Henrique Caetano Sales, conhecido como PH: é um dos atiradores e fez a chamada “contenção”, impedindo a aproximação de outras pessoas. Chegou na cena do crime em uma Hilux preta. Ele foi preso em 24 de outubro.
- Luis Antônio Rodrigues de Miranda, conhecido como Gão: ele dirigia a Hilux que deixou PH na cena do crime. Está foragido.
- Umberto Alberto Gomes: é o atirador que mais atingiu Ruy, com 20 disparos de fuzil. Após o crime, ele fugiu para o Paraná e morreu em um confronto com policiais civis, em 30 de setembro.
- Rafael Marcel Dias Simões, conhecido como Jaguar: apontado como um dos atiradores e identificado como membro do Primeiro Comando da Capital (PCC), ele se entregou à polícia em São Vicente, litoral paulista, em 20 de setembro.
- Marcos Augusto Rodrigues Cardoso, conhecido como Fiel: ele seguiu o ex-delegado e então secretário da Administração da Praia Grande quando a vítima deixava o prédio da prefeitura. Fiel dirigia um Logan branco e foi quem deu o sinal para os atiradores entrarem em ação. Ele foi preso em 3 de novembro.
- Felipe Avelino da Silva, conhecido como Mascherano: envolvido com a fuga, ele deixou a chave dentro de um Renegade prata, o que impediu que o grupo usasse o carro para fugir. Ele foi preso em 6 de outubro.
- Flávio Henrique Ferreira de Souza: também envolvido com a fuga, foi identificado a partir de impressões digitais deixadas dentro do Renegade. Está foragido.
- William Silva Marques: proprietário de uma casa em Praia Grande, próxima ao local da emboscada, que foi usada como escritório pelos criminosos. Sabia da finalidade do uso do imóvel antes de alugá-lo. Ele foi preso em 21 de setembro.
- Cristiano Alves da Silva, conhecido como Cris Brown: dono de uma casa em Mongaguá, também usada como centro de logística pelo grupo. Sabia da finalidade do uso do imóvel antes de alugá-lo. Ele foi preso em 17 de outubro.
- Dahesly Oliveira Pires: namorada de um dos atiradores, foi presa em 18 de setembro por ter buscado um dos fuzis usados no crime em uma casa em Praia Grande, no dia seguinte à execução.
- José Nildo da Silva: foi gravado por câmeras de monitoramento chegando armado à casa em Itanhaém. Na ocasião, ele dava cobertura a Umberto Alberto Gomes, que estava escondido no endereço. Foi preso em 21 de outubro.
- Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão: ajudou Jaguar a fugir da Baixada Santista e chegar até a Grande São Paulo, logo após o crime. Foi preso em 19 de setembro.
- Danilo Pereira Pena, conhecido como Matemático: designou Fofão para realizar o transporte de Jaguar do litoral para a região metropolitana. Foi preso em 16 de outubro.
“Jogar bola”
Durante as investigações, a polícia interceptou conversas em que Pan e o suposto atirador Umberto Alberto Gomes falam sobre o crime.
“Com certeza, meu amigo. Obrigado pela confiança que vc teve hem mim quando me colocou para jogar bola do seu lado [sic]”, disse Gomes, em data não especificada.
“Eu não tinha dúvida alguma da sua capacidade, quando eu vi você naquele vídeo que você mostrou, eu falei ‘tem que ser esse’ [sic]”, respondeu Cardoso. “Se cuida, estamos juntos. Obrigado você também por confiar em mim”, complementou.
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Conversa mostra diálogo entre indiciados por morte de Ruy FerrazReprodução
Conversa mostra diálogo entre indiciados por morte de Ruy FerrazReprodução
Conversa mostra diálogo entre indiciados por morte de Ruy FerrazReprodução
Em outro momento, os suspeitos conversam sobre a necessidade de acabar com vestígios do crime e que depois a única coisa a ser feita seria “se entocar” e esperar a conclusão das investigações.
“Meu amigo nois temos que dar um jeito de pedir para alguém tocar fogo no branco. Já berro mesmo. Lá tem nossas digi [digitais] [sic]”, afirmou Gomes.
“No papo irmão, nós temos que deixar tudo no jeito. Se vier dar algum problema para nós, a nossa travessia lá para o outro lado. Só uma ideia de precaução mesmo, entendeu, irmão. Não é pessimismo, mas há essa possibilidade”, respondeu Cardoso.
“Agora não tem jeito. É só se entocar e esperar o desfecho da apuração dos caras”, complementou.
O atirador Umberto Alberto Gomes foi morto pela polícia do Paraná durante o cumprimento de um mandado de prisão contra ele em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
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