Deputadas de SP reagem a ameaça de estupro: “Não seremos silenciadas”
Ameaça de estupro direcionada a todas as deputadas tem ataques racistas e capacitistas. Polícia investiga o caso como injúria racial

Todas as mulheres com mandato de deputadas estaduais em São Paulo foram alvo de uma ameaça de estupro no último sábado (31/5). Um e-mail, direcionado às 24 parlamentares da Assembleia Legislativa do estado (Alesp), fala em “estuprar, matar e queimar as deputadas”.
O autor do e-mail, um homem que se identifica como “masculinista”, de menos de 30 anos, diz que enviou a mensagem com “criptografia militar”, que está no “esgoto da grande SP” e só irá ir para superfície quando for fazer os atos de terror com as deputadas da Alesp.
A ameaça também contém mensagens de cunho racista direcionadas a deputadas negras e ameaças capacitistas contra parlamentares que lutam pelos direitos de pessoas com deficiência (PCDs).
“O e-mail é um ataque claro ao direito de mulheres exercerem seus espaços de poder na política institucional, um espaço já tão reduzido na Alesp, onde somos 24 em 94 deputados. É também um ataque direcionado a pessoas com deficiência, a pessoas negras, a pessoas idosas, públicos já historicamente vulnerabilizados em um país como o nosso”, disse Andréa Werner (PSB), em nota.
“Ao mesmo tempo, essa é uma situação que revela o quão urgente também se faz a adoção de políticas públicas mais eficazes sobre o uso de redes sociais e aplicativos de mensagens. Não é possível que criminosos ajam impunes no ambiente digital, ou fora dele”, acrescentou.
Outra nota, intitulada “não seremos silenciadas”, foi publicada por todas as deputadas de forma conjunta. No comunicado, elas dizem que “casos de violência política como esse, organizados por grupos na internet, têm sido cada vez mais comuns”.
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“Parte das parlamentares da Alesp já tinha sofrido ameaças similares, porém, é a primeira vez que um ataque é direcionado a todas as mulheres da casa – o maior parlamento estadual do país”, diz a nota, que também informa que a polícia e a Presidência da Alesp foram comunicados.
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O presidente da Alesp, André do Prado (PL), deve se reunir com as deputadas nesta terça-feira (3/6). “O presidente da Alesp se solidariza com as deputadas estaduais. Nenhuma agressão pode ser tolerada. Por determinação da presidência, as Polícias Civil e Militar foram acionadas e investigam o caso”, disse.
A secretária da Mulher do governo de São Paulo, Valéria Bolsonaro (PL), deputada licenciada, também se pronunciou sobre o caso e disse que a ameaça foi comunicada ao secretário de Segurança Pública (SSP), Guilherme Derrite (PP), e que ele já começou a tomar medidas legais.
“Não vou aceitar uma situação dessa”, disse. Isso além de uma forma de violência política é uma forma vil de violência psicológica para com todas as mulheres. Nós não vamos baixar a nossa cabeça”, acrescentou.
A Secretaria de Segurança Pública disse que já fez diligências e apreendeu um computador. O caso foi registrado como ameaça, injúria racial e falsa identidade na Polícia Civil, da Alesp.
“Nesta segunda-feira (2), foram realizadas diligências que resultaram na apreensão de um computador e um telefone celular na residência de um homem de 28 anos, que é investigado.”
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