Desenho de orixás: diretora de escola pede afastamento após ação da PM

Diretora de escola infantil alvo de ação policial por desenho de orixás estaria enfrentando questões emocionais após ocorrido no dia 12/11

Nov 18, 2025 - 20:00
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Desenho de orixás: diretora de escola pede afastamento após ação da PM

A diretora da Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Antônio Bento, no bairro Caxingui, na zona oeste de São Paulo, foi afastada temporariamente do trabalho após solicitar licença médica. A informação foi confirmada ao Metrópoles pela Secretaria Municipal de Educação (SME).

Ela estaria enfrentando problemas de saúde mental após a escola ser alvo de uma ação da Polícia Militar (PM) na última quarta-feira (12/11). O pai de uma aluna denunciou a instituição porque a filha fez um desenho da orixá Iansã, em atividade que trabalhava o livro Cantiga em Aruanda, de Liu Olivina. O projeto faz parte do currículo antirracista previsto na SME.

Segundo relatos dos presentes, os policiais entraram armados na escola, inclusive com metralhadora, e intimidaram crianças e funcionários, especialmente a diretora da instituição.

Poder público investiga

O caso foi revelado pelo Metrópoles no domingo (16/11) e gerou efeitos no poder público:

“Clima tenso”

O pai de um aluno da Emei afirmou que o clima na escola está bastante “tenso” depois do ocorrido. “É um misto de muito medo e, vendo todos que estão nos apoiando, de coragem”, disse uma funcionária.

Uma aluna da instituição, que tem estudantes de até seis anos de idade, chegou a questionar um dos docentes se a diretora não compareceu à escola porque teria “sido levada pelos policiais”.
6 imagensDesenho da orixá Iansã que motivou pai de aluna de escola infantil de São Paulo a chamar a políciaDesenhos de alunos do EMEI Antônio Bento, em São Paulo, em atividade intitulada "Ciranda de Aruanda"Capa do livro "Ciranda em Aruanda", de Liu Olivina, publicado pela Editora Quatro CantosNo livro, a autora traz desenhos e informações sobre dez orixásLiu Olivina, autora de livro que inspirou atividade denunciada à PMFechar modal.1 de 6

Desenhos que alunos do EMEI Antônio Bento, em São Paulo, fizeram em atividade sobre religiões de matriz africanaMaterial cedido ao Metrópoles2 de 6

Desenho da orixá Iansã que motivou pai de aluna de escola infantil de São Paulo a chamar a políciaMaterial cedido ao Metrópoles3 de 6

Desenhos de alunos do EMEI Antônio Bento, em São Paulo, em atividade intitulada "Ciranda de Aruanda"Material cedido ao Metrópoles4 de 6

Capa do livro "Ciranda em Aruanda", de Liu Olivina, publicado pela Editora Quatro CantosReprodução/Liu Olivina/Editora Quatro Cantos5 de 6

No livro, a autora traz desenhos e informações sobre dez orixásReprodução/Liu Olivina/Editora Quatro Cantos6 de 6

Liu Olivina, autora de livro que inspirou atividade denunciada à PMAcervo Pessoal

Desenho foi feito em setembro

A reportagem apurou que o desenho de Iansã foi feito em setembro, e seria exposto no próximo dia 5 de dezembro em uma apresentação para os pais e responsáveis com os conteúdos que foram trabalhados neste semestre.

Neste período, as crianças estudaram sobre tradições afro-brasileiras. No semestre passado, a escola abordou culturas indígenas.

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Pai acionou a PM após filha de 4 anos desenhar orixá

O pai de uma aluna da Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Antônio Bento, no Caxingui, zona oeste de São Paulo, acionou a PM após descobrir que a filha de 4 anos fez um desenho da orixá Iansã em uma atividade no colégio. O caso aconteceu na tarde da última quarta-feira (12/11).

Depois do episódio, a direção do colégio indicou que o homem participasse, na quarta-feira, da reunião do Conselho da Escola, prevista para acontecer às 15h. Ele não compareceu ao encontro, mas acionou a PM.

Os PMs permaneceram dentro da Emei por pouco mais de uma hora. A abordagem foi considerada hostil por testemunhas. A supervisora de ensino foi acionada e também compareceu ao local.

Aos agentes, a direção da Emei citou as leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08, que tornam obrigatório em todo o território nacional o ensino de história e cultura afro-brasileira, e explicou que a atividade não tinha caráter doutrinário. As crianças teriam apenas ouvido a história do livro e fizeram um desenho na sequência.

Em nota, a SSP afirmou que, ao atender à ocorrência, os policiais conversaram com as partes – pai e diretora da instituição de ensino.

“Ambos foram orientados a registrar boletim de ocorrência, caso julgassem necessário. A Corregedoria da PM está à disposição para apurar eventuais denúncias sobre a conduta policial”, disse a pasta.

A SSP acrescentou, ainda, que o uso do armamento, que inclui metralhadora, faz parte do Equipamento de Proteção Individual (EPI) dos policiais e é portado durante todo o turno de serviço.

Já a Prefeitura de São Paulo, por meio da SME, informou que o pai da estudante recebeu esclarecimentos de que o trabalho apresentado por sua filha integra uma produção coletiva do grupo.

“A atividade faz parte de propostas pedagógicas da escola, que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena dentro do Currículo da Cidade de São Paulo”, reforçou a gestão municipal.

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