Do Suriname ao Japão: até onde vão tentáculos do PCC no mundo

Investigação do Ministério Público aponta que o PCC se instalou em 28 países, adentrando o sistema prisional de nações de quatro continentes

Jun 24, 2025 - 19:00
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Do Suriname ao Japão: até onde vão tentáculos do PCC no mundo

O Primeiro Comando da Capital (PCC) se instalou em pelo menos 28 países pelo mundo, inclusive dentro do sistema prisional, identificou uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A reportagem teve acesso à lista de nações, que inclui Suriname, Turquia, Líbano e Japão.

Surgida em 1993 na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, no interior de São Paulo, a facção paulista se estendeu para outros estados do país, até atravessar fronteiras e oceanos, se instalando em diferentes continentes pelo mundo.

Em setembro de 2023, o Metrópoles revelou em primeira mão que a facção já estava instalada em ao menos 23 países. Agora, as investigações apontam para novas nações que contam com a presença do grupo.

Países com tentáculos do PCC

De acordo com o MPSP, o PCC tem membros em todos os países da América do Sul, da Argentina à Venezuela, com predominância no Paraguai, onde estão 699 membros da facção – sendo 341 presos e 353 em liberdade.

Na América do Norte, a facção se instalou no México, com três membros, e nos Estados Unidos, com 15, sendo dois dentro do sistema prisional.

Na Europa, o PCC está em países como Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Irlanda e Portugal, onde há maior concentração de membros do grupo criminoso – 29 presos e 58 em liberdade.

Ainda no continente europeu, os investigadores identificaram um membro em liberdade atuando nos negócios da facção na Sérvia, na região dos Balcãs, e outro integrante na Turquia, nação que possui a maior parte do território na Ásia.

No continente asiático, o MPSP identificou um membro, também em liberdade, no Líbano, país do Oriente Médio. map visualization

Veja as nações com registros de membros do PCC

América do Sul

  1. Argentina
  2. Bolívia
  3. Chile
  4. Colômbia
  5. Equador
  6. Guiana
  7. Guiana Francesa
  8. Paraguai
  9. Peru
  10. Suriname
  11. Uruguai
  12. Venezuela

América do Norte

  1. Estados Unidos
  2. México

Europa

  1. Alemanha
  2. Bélgica
  3. Espanha
  4. França
  5. Holanda
  6. Inglaterra
  7. Irlanda
  8. Itália
  9. Portugal
  10. Sérvia
  11. Suíça

Ásia

  1. Japão
  2. Líbano
  3. Turquia

De acordo com os dados, há 2.078 membros do PCC em atividade pelo mundo – 1.092 estão presos, e 986 estão atuando em liberdade. Em 2023, eram 1.545 membros espalhados pelo globo.

Para o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, a expansão do tráfico internacional de cocaína para a Europa parece ter aumentado o número de membros da facção em outros países pelo mundo – integrantes estes que variam entre brasileiros natos e estrangeiros batizados. “Esses integrantes estão lá principalmente para ajudar na logística do tráfico”, disse ao Metrópoles.

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Suposta presença na África

Na lista, chama a atenção a ausência de países da África, uma vez que o continente é um dos destinos para a cocaína exportada pelo PCC saindo principalmente do Porto de Santos, no litoral paulista.

Investigações anteriores já revelaram que a facção lucra bilhões ao transportar a droga de países como Bolívia, Colômbia e Peru, rumo a nações africanas e europeias, por vias marítimas.

Para Ivana David, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), a investigação parece não ter identificado membros da facção detidos em unidades prisionais africanas, o que possibilitaria uma estruturação do grupo dentro do sistema carcerário das nações.

“Agora, o PCC está na África sim. Prendemos grandes líderes lá que estavam soltos”, disse ao Metrópoles.

Movimentação de líderes mostra até onde vão braços da facção

  • Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, apontado como número 2 do PCC nas ruas, foi preso pela Polícia Federal (PF) em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em 16 de maio.
  • Antes disso, ele passou cinco anos foragido, período em que teria passado por países como República Dominicana, Panamá e Porto Rico, na América Central, e Moçambique, na África, de acordo com Gakyia.
  • A Bolívia, onde o criminoso foi preso, se tornou um “hub” para outros líderes da facção, aponta o MPSP.
  • Conforme o promotor, as investigações indicam que também estão no país lideranças como André do Rap, Patrick Wellington Salomão, o Forjado, Pedro Luiz da Silva, o Chacal, e Sérgio Luiz de Freitas, o Mijão.
  • A conexão Bolívia-Moçambique já foi usada anteriormente por outros membros da facção paulista.
  • Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, fugiu da Casa de Detenção em São Paulo e ficou na Bolívia escondido por quase 20 anos. Ele foi detido em Moçambique em 2020 e, atualmente, cumpre pena em uma penitenciária estadual do Ceará.

 

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