Dólar sobe a R$ 5,58 e Bolsa cai com tarifaço e à espera do PIB chinês

Investidores monitoraram eventuais reações às tarifas, especialmente da União Europeia, alvo de taxas de 30% sobre suas exportações aos EUA

Jul 14, 2025 - 17:20
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Dólar sobe a R$ 5,58 e Bolsa cai com tarifaço e à espera do PIB chinês

O dólar terminou a primeira sessão da semana operando em alta, em meio às repercussões da nova rodada do tarifaço comercial imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre diversos países, entre os quais o Brasil.

Nesta segunda-feira (14/7), os investidores continuaram monitorando eventuais reações às tarifas, especialmente da União Europeia (UE) – alvo de taxas de 30% sobre suas exportações aos EUA.

Além da guerra comercial global, o mercado financeiro aguarda a divulgação de dados sobre o desempenho da economia da China no segundo trimestre deste ano.

Dólar

  • A moeda norte-americana terminou o dia em alta de 0,65%, negociada a R$ 5,584. Foi o maior valor de fechamento do dólar em mais de 1 mês.
  • Na cotação máxima da sessão, o dólar bateu R$ 5,593. A mínima foi de R$ 5,544.
  • Na sexta-feira (11/7), o dólar fechou em leve alta de 0,1%, cotado a R$ 5,548, praticamente estável.
  • Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 2,76% em julho e perdas de 9,57% em 2025 frente ao real.

Ibovespa

  • O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), terminou o primeiro pregão da semana em queda firme.
  • O indicador fechou o dia, preliminarmente, em baixa de 0,66%, aos 135,2 mil pontos.
  • No pregão de sexta-feira, o indicador fechou em queda de 0,41%, aos 136,1 mil pontos.
  • Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula baixa de 1,98% no mês e alta de 13,22% no ano.

Tarifaço de Trump chega à Europa

Os investidores continuaram acompanhando os desdobramentos do tarifaço comercial anunciado pelo governo dos EUA na semana passada, que deve entrar em vigor no dia 1º de agosto. O Brasil foi o país mais atingido, com taxas de 50% sobre todos os seus produtos.

No último sábado (12/7), Trump anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre exportações do México e da União Europeia (UE) para o país, também a partir de 1º de agosto.

Em ambos os casos, Trump alegou que o “tarifaço” visa a corrigir desequilíbrios comerciais prejudiciais aos EUA.

Na carta endereçada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Trump justificou a medida como resposta aos “déficits comerciais persistentes, grandes e de longo prazo” dos EUA com o bloco.

Trump afirmou que não haverá tarifa apenas se a UE, ou empresas do bloco europeu, decidirem produzir ou fabricar produtos nos EUA. Em caso de retaliação, prometeu responder com o acréscimo do mesmo percentual à tarifa imposta.

“Não podemos continuar com esse déficit massivo, injusto e insustentável causado pela União Europeia. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!”, escreveu ele.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou, no domingo (13/7), que o bloco irá estender uma suspensão das medidas de retaliação contra as tarifas dos EUA até o início de agosto, em busca de uma solução negociada.

“Os Estados Unidos nos enviaram uma carta com as medidas que devem entrar em vigor, a menos que uma solução negociada seja encontrada. Portanto, estenderemos a suspensão das nossas [represálias] até o início de agosto”, disse a presidente da comissão, durante entrevista coletiva.

De acordo com o chefe de Comércio da União Europeia, Maros Sefcovic, principal negociador do bloco com os EUA, o tarifaço de Trump “praticamente proibiria” os negócios entre os dois blocos.

Ao chegar para conversas com ministros europeus em Bruxelas, nesta segunda-feira, Sefcovi disse que uma tarifa de 30% ou mais teria impacto enorme, tornando “quase impossível continuar” o atual comércio transatlântico, que vale 4,4 bilhões de euros por dia.

Nesta segunda-feira, a maioria dos índices das principais bolsas de valores da Europa fechou em queda.

Leia também

Lei de Reciprocidade no Brasil

No Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que o governo federal editará o decreto que regulamenta a lei de reciprocidade econômica até terça-feira (15). Com isso, o Brasil será capaz de adotar medidas proporcionais contra o tarifaço de 50% anunciado pelos EUA.

“O Congresso Nacional aprovou uma lei importante chamada de reciprocidade dizendo: ‘Olha, o que tarifar lá, tarifa aqui’. Esta lei permite não só questões tarifárias, mas também não tarifárias. Ela precisa ser regulamentada. A regulamentação, que é por decreto, deve estar saindo amanhã ou terça-feira”, disse.

Alckmin indicou que o governo continuará buscando reverter a taxação, que classificou como “inadequada”, e que acionará a Organização Mundial do Comércio (OMC).

O vice-presidente também comentou falou sobre o grupo de trabalho criado para analisar alternativas de negociação e eventuais retaliações. Segundo ele, o governo pretende ouvir o setor privado para avaliar os impactos econômicos da medida dos EUA.

“Temos 200 anos de amizade com os EUA, então não justifica [taxar]. O mundo econômico precisa de estabilidade e de previsibilidade. Nós precisamos de previsibilidade. Então, nós vamos trabalhar para reverter”, concluiu.

No domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com ministros no Palácio da Alvorada para tratar do assunto.

Expectativa para o PIB da China

Um dos destaques da agenda internacional é a divulgação dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) da China, segunda maior economia do mundo.

Os resultados serão anunciados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS) e são relativos ao segundo trimestre deste ano. O anúncio está previsto para as 23 horas (pelo horário de Brasília). Portanto, só devem repercutir mais fortemente no mercado no pregão de terça-feira (15/7).

No primeiro trimestre, a economia chinesa avançou 5,4% em relação ao mesmo período do ano passado. A média das estimativas dos analistas do mercado aponta para uma alta de 5,1% do PIB da China entre janeiro e março. A meta do regime chinês é de um crescimento anual de pelo menos 5% em 2025.

Análise

Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a alta do dólar é influenciada, principalmente, “pela tensão global decorrente das ameaças tarifárias dos EUA contra diversos países, incluindo Brasil, México e União Europeia”.

“A sobretaxa americana de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada para vigorar a partir de 1º de agosto, amplia as incertezas e eleva a cautela do mercado quanto à reação do governo brasileiro”, afirma Shahini.

“No cenário doméstico, investidores acompanham também a reunião entre governo e Congresso no Supremo Tribunal Federal [STF], sobre o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras], e os esforços brasileiros para negociar com os EUA, que incluem possíveis pedidos de adiamento ou redução das tarifas. Esse contexto de dúvidas sobre os desdobramentos da política tarifária e as decisões políticas internas sobre o IOF mantém o mercado sob pressão, contribuindo para o aumento dólar na sessão de hoje.”

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