Em 2 anos, Vigilância Ambiental recolheu 454 morcegos; 11 tinham raiva
Gerência da SES-DF é responsável por recolher animais mortos que apresentem risco epidêmico ou qualquer vulnerabilidade à saúde humana

A Gerência de Vigilância Ambiental de Zoonoses recolheu 454 morcegos mortos, entre 2023 e 2024. Desse total, 11 animais testaram positivo para o vírus da raiva. Os dados foram fornecidos pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF).
Na capital federal, dois órgãos são responsáveis pelo recolhimento de animais mortos. A maior parte deles é feita pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU). No entanto, quando há risco epidemiológico ou qualquer vulnerabilidade à saúde humana, a retirada é feita pela Vigilância Ambiental.
Saiba como agir ao encontrar animais mortos no DF e prevenir doenças
Duas espécies exigem um recolhimento diferenciado, feito pela SES-DF por meio do programa de vigilância de raiva e febre amarela: morcegos e primatas não humanos, como macacos e micos.
Em 2025, de janeiro a maio, foram recolhidos pela pasta 56 primatas não humanos e 158 morcegos. E, até o momento, não foi registrado nenhum positivo para raiva ou febre amarela neste ano.
Dados fornecidos pela Secretaria de Saúde do DF
Segundo a bióloga Gabriela Toledo, da Vigilância Ambiental de Zoonoses, a atuação do serviço abrange o monitoramento e controle de doenças como raiva, febre amarela, leishmaniose visceral, esporotricose, hantavirose e leptospirose — todas passíveis de transmissão entre animais e humanos.
“Nosso trabalho é monitorar o território e, ao encontrar animais com essas doenças potenciais, e que estão positivos para alguma dessas condições, fazemos ações de controle, educação em saúde e, se necessário, bloqueio do local”, explica a especialista.
Um dos principais focos da gerência é o recolhimento de morcegos, especialmente em áreas urbanas, por conta do ciclo aéreo da raiva. São recolhidos tanto morcegos mortos quanto vivos desde que apresentem comportamentos atípicos, como voar durante o dia ou cair em residências. “Não fazemos captura ativa desses animais, só atendemos quando há um comportamento fora do comum”, esclarece.
Em casos positivos para raiva, medidas imediatas são tomadas, incluindo vacinação antirrábica de cães e gatos da região e ações educativas. A raiva, cuja principal forma de transmissão é através de mordidas, lambidas ou arranhões de animais silvestres, não tem casos de transmissão entre cães e gatos no DF desde os anos 2000.
O aumento recente no número de animais recolhidos está, segundo a bióloga, diretamente relacionado à maior visibilidade nos meios de comunicação. “Sempre que há divulgação intensa de casos positivos, a população se sensibiliza e nos aciona mais. O serviço é baseado em vigilância passiva, ou seja, depende da notificação por parte da população”, explica.
Ocorrências incomuns: capivara e transmissão reversa
Casos menos comuns também entram no radar. Em 2024, uma capivara foi recolhida após morder um morador ao invadir uma residência e confrontar os cães da casa.
A capivara logo após o incidente, mas o teste descartou a raiva, confirmando que ela havia sido ferida pelos cachorros.
Outro ponto de atenção é a transmissão reversa de doenças: ou seja, humanos infectando animais. “Já registramos morte de primatas causada por herpes-vírus simples, aquele que dá feridas na boca. O problema ocorre quando as pessoas alimentam esses animais, o que é fortemente desaconselhado. Para essa espécie, o vírus é letal”, alerta Gabriela.
A morte de aves silvestres, como as encontradas no Zoológico de Brasília, não é de responsabilidade da Vigilância Ambiental. Esses casos são acompanhados pela Secretaria de Agricultura devido ao potencial impacto na cadeia produtiva da avicultura e ao risco de gripe aviária.
Acione a Vigilância Ambiental
As ações de vigilância ocorrem mediante acionamento da população pelos números 3449-4432 e 3449-4434 ou pelo e-mail zoonosesdf@gmail.com.
“Orientamos que a população não manipule esses animais mortos. Se possível, apenas isolar a área e entrar em contato com a gente da forma mais rápida possível. Quanto mais rápido conseguirmos acessar o animal, melhor será a amostra e o diagnóstico”, comenta a bióloga.
Em caso de contato direto, a orientação é lavar imediatamente a área afetada com água e sabão e procurar uma unidade de saúde para avaliação.
Localização, fotos e tipo do animal são informações essenciais para o atendimento. Os acionamentos via telefone podem ser feitos de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, que é o mesmo horário dos recolhimentos. Nos horários em que não há atendimento ou no fim de semana, a recomendação é o contato pelo e-mail.
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