‘Embaixada estava sem condições de transportar’, conta brasileiro que fugiu do Irã em meio a conflito com Israel

Com fechamento do espaço aéreo, o treinador Antônio Guerra Peixe teve o voo cancelado. Ele conta que, até conseguir deixar o país, ele se abrigou em um imóvel da federação iraniana de handebol de praia, num hotel e até na embaixada brasileira em Teerã. [VÍDEO ID 13703146] No dia 13 de junho, quando começaram os ataques entre Irã e Israel, o técnico brasileiro de handebol Antônio Guerra Peixe, de 69 anos, estava no aeroporto de Teerã, capital iraniana. Após quase 2 meses no país, Guerra Peixe – sobrinho-neto do compositor Cesar Guerra-Peixe – viajaria para a Tunísia como técnico da seleção iraniana de handebol de praia. “Já estávamos com os passaportes carimbados, dentro do aeroporto, prontos para embarcar. Mas aí começou o tumulto, os voos foram cancelados, e tivemos que sair às pressas. Voltamos para o alojamento da federação, sem saber o que viria depois”, contou Antônio ao g1 nesta segunda (23), pouco depois de chegar a Erevan, capital da Armênia. Desde então, o técnico buscava alternativas para sair do Irã – o que só conseguiu no domingo (22), graças ao apoio da federação iraniana de handebol, que o havia contratado para treinar os atletas locais, e após uma viagem de carro de mais de 1 mil km até a Armênia. Antônio Guerra Peixe, treinador brasileiro, e equipe iraniana de handebol no aeroporto de Teerã na sexta-feira (13) antes dos bombardeios Antônio Guerra/Arquivo pessoal 'Teve uma bomba e houve um tremor' Antônio conta que, após deixar o aeroporto, ficou alguns dias abrigado num imóvel da federação de handebol. Depois, seguiu para um hotel em Teerã, bancado pela organização e usado por estrangeiros – o que, segundo o brasileiro foi informado, tornava o local mais seguro. Ao longo desse período, Antônio evitou deixar o hotel. “Teve uma bomba [nas redondezas] e houve um tremor assim no lobby [do hotel]. Eu desci e de lá, eles falaram para a gente ficar tranquilos, que caso fosse necessário, nós iríamos para um setor do hotel mais embaixo”, relembra. Abrigo na embaixada e ausência de resposta Com a continuidade do conflito e sem previsão de reabertura do espaço aéreo, Antônio entrou em contato com a Embaixada do Brasil em Teerã através de um iraniano que já havia trabalhado no local. No dia 20, conta Antônio, ele conseguiu se abrigar na representação brasileira. O técnico diz, porém, que não poderia contar com apoio para deixar o Irã. "Na Embaixada fui percebendo que estava uma situação complexa, ninguém falava, não definiu data, dia de saída. ‘Ah, falta autorização do Brasil, está tudo muito lento’”, conta Antônio. “A embaixada estava sem condições de transportar, o grupo brasileiro que estava lá é extremamente complexo (...) e embaixada também não pode ficar mandando de um em um para fora do Irã”. Segundo o técnico, havia um outro brasileiro abrigado no local. Procurado, o Itamaraty não informou quantos brasileiros estão ou chegaram a se abrigar na embaixada de Teerã, mas diz manter e apoiar os brasileiros que estão no país (são cerca de 200). ????O Brasil está sem embaixador no Irã desde janeiro de 2025. O Senado aprovou a indicação de André Veras Guimarães em abril, mas ele ainda não assumiu o posto. Isso só deve acontecer, segundo o Itamaraty, após a liberação do espaço aéreo iraniano. Mais de 1 mil km por terra Brasileiro fugiu de carro do Irã até a Armênia. Arte/g1 A saída do Irã acabou sendo organizada pela federação de handebol, que decidiu levar Antônio de carro até a cidade armênia de Erevan, capital do país vizinho. A viagem durou mais de 20 horas, começando no sábado (21) e terminando na segunda-feira (23), passando por múltiplas barreiras de controle. “Foi tudo verificado. Passaporte, visto, bagagens.” Já em solo armênio, António e Silvio foram recebidos pela Embaixada do Brasil em Erevan. O treinador agora aguarda o voo da Qatar Airways que o levará de volta a São Paulo, com previsão de chegada na tarde desta terça-feira (24). A passagem foi paga também pela federação. Silvio Tavares e Antônio Guerra na Embaixada do Brasil na Armênia nesta segunda (23) Antônio Guerra/Arquivo pessoal

Jun 24, 2025 - 00:30
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‘Embaixada estava sem condições de transportar’, conta brasileiro que fugiu do Irã em meio a conflito com Israel

Com fechamento do espaço aéreo, o treinador Antônio Guerra Peixe teve o voo cancelado. Ele conta que, até conseguir deixar o país, ele se abrigou em um imóvel da federação iraniana de handebol de praia, num hotel e até na embaixada brasileira em Teerã. [VÍDEO ID 13703146] No dia 13 de junho, quando começaram os ataques entre Irã e Israel, o técnico brasileiro de handebol Antônio Guerra Peixe, de 69 anos, estava no aeroporto de Teerã, capital iraniana. Após quase 2 meses no país, Guerra Peixe – sobrinho-neto do compositor Cesar Guerra-Peixe – viajaria para a Tunísia como técnico da seleção iraniana de handebol de praia. “Já estávamos com os passaportes carimbados, dentro do aeroporto, prontos para embarcar. Mas aí começou o tumulto, os voos foram cancelados, e tivemos que sair às pressas. Voltamos para o alojamento da federação, sem saber o que viria depois”, contou Antônio ao g1 nesta segunda (23), pouco depois de chegar a Erevan, capital da Armênia. Desde então, o técnico buscava alternativas para sair do Irã – o que só conseguiu no domingo (22), graças ao apoio da federação iraniana de handebol, que o havia contratado para treinar os atletas locais, e após uma viagem de carro de mais de 1 mil km até a Armênia. Antônio Guerra Peixe, treinador brasileiro, e equipe iraniana de handebol no aeroporto de Teerã na sexta-feira (13) antes dos bombardeios Antônio Guerra/Arquivo pessoal 'Teve uma bomba e houve um tremor' Antônio conta que, após deixar o aeroporto, ficou alguns dias abrigado num imóvel da federação de handebol. Depois, seguiu para um hotel em Teerã, bancado pela organização e usado por estrangeiros – o que, segundo o brasileiro foi informado, tornava o local mais seguro. Ao longo desse período, Antônio evitou deixar o hotel. “Teve uma bomba [nas redondezas] e houve um tremor assim no lobby [do hotel]. Eu desci e de lá, eles falaram para a gente ficar tranquilos, que caso fosse necessário, nós iríamos para um setor do hotel mais embaixo”, relembra. Abrigo na embaixada e ausência de resposta Com a continuidade do conflito e sem previsão de reabertura do espaço aéreo, Antônio entrou em contato com a Embaixada do Brasil em Teerã através de um iraniano que já havia trabalhado no local. No dia 20, conta Antônio, ele conseguiu se abrigar na representação brasileira. O técnico diz, porém, que não poderia contar com apoio para deixar o Irã. "Na Embaixada fui percebendo que estava uma situação complexa, ninguém falava, não definiu data, dia de saída. ‘Ah, falta autorização do Brasil, está tudo muito lento’”, conta Antônio. “A embaixada estava sem condições de transportar, o grupo brasileiro que estava lá é extremamente complexo (...) e embaixada também não pode ficar mandando de um em um para fora do Irã”. Segundo o técnico, havia um outro brasileiro abrigado no local. Procurado, o Itamaraty não informou quantos brasileiros estão ou chegaram a se abrigar na embaixada de Teerã, mas diz manter e apoiar os brasileiros que estão no país (são cerca de 200). ????O Brasil está sem embaixador no Irã desde janeiro de 2025. O Senado aprovou a indicação de André Veras Guimarães em abril, mas ele ainda não assumiu o posto. Isso só deve acontecer, segundo o Itamaraty, após a liberação do espaço aéreo iraniano. Mais de 1 mil km por terra Brasileiro fugiu de carro do Irã até a Armênia. Arte/g1 A saída do Irã acabou sendo organizada pela federação de handebol, que decidiu levar Antônio de carro até a cidade armênia de Erevan, capital do país vizinho. A viagem durou mais de 20 horas, começando no sábado (21) e terminando na segunda-feira (23), passando por múltiplas barreiras de controle. “Foi tudo verificado. Passaporte, visto, bagagens.” Já em solo armênio, António e Silvio foram recebidos pela Embaixada do Brasil em Erevan. O treinador agora aguarda o voo da Qatar Airways que o levará de volta a São Paulo, com previsão de chegada na tarde desta terça-feira (24). A passagem foi paga também pela federação. Silvio Tavares e Antônio Guerra na Embaixada do Brasil na Armênia nesta segunda (23) Antônio Guerra/Arquivo pessoal

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