Bolsas, dólar, petróleo: cessar-fogo no Oriente Médio seria 'respiro temporário' aos mercados

Presidente dos EUA afirmou que Israel e Irã chegaram a um acordo para interromper o conflito, mas os países não confirmaram a trégua. Analistas dizem que riscos diminuíram, mas a instabilidade deve prosseguir no mercado. Donald Trump anuncia cessar-fogo entre Irã e Israel O cessar-fogo entre Israel e Irã, anunciado nesta segunda-feira (23) pelo presidente Donald Trump, representa um alívio temporário para o mercado financeiro, segundo especialistas ouvidos pelo g1. Caso a trégua se confirme, a expectativa é de que as bolsas operem em alta, o dólar se desvalorize frente ao real e o petróleo mantenha a trajetória de queda — acompanhando o otimismo observado na véspera. Há, no entanto, muita incerteza no ar. Trump disse que o conflito seria encerrado a partir desta terça-feira (24). Pouco depois, o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que não há acordo ou suspensão das operações militares. Israel também não confirmou oficialmente a trégua. (leia mais abaixo) No início das negociações desta terça, o petróleo registrava queda de cerca de 3%, segundo a Bloomberg: ▶️ O barril tipo Brent (referência global) recuava 2,97%, cotado a US$ 69,36. ▶️ O petróleo WTI (referência nos EUA) caía 3,18%, cotado a US$ 66,33. Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o mercado deve manter o otimismo por enquanto. Apesar dos riscos do conflito, o petróleo recuou, o dólar perdeu força e algumas bolsas registraram alta. "Pode ser que, com o anúncio de cessar-fogo, haja certo otimismo e o mercado desempenhe ainda melhor. Mas isso não significa mudança de tendência. Na verdade, representa apenas um respiro temporário", diz, ao citar os riscos de aumento nas tensões. O economista-chefe da consultoria Análise Econômica, André Galhardo, destaca que o cenário ainda é marcado por forte incerteza, o que gera o vaivém nos mercados, com variações intensas nos preços dos ativos. "Se, de fato, caminharmos em direção a um cessar-fogo, poderemos ver uma melhora no ambiente financeiro de modo geral, começando pelo câmbio. A moeda brasileira pode continuar na rota de valorização", diz. O economista explica que, com a confirmação da trégua, a aversão dos investidores ao risco tende a diminuir. E o Brasil pode, inclusive, se tornar um destino atrativo nesse contexto. Apesar dos desafios nas contas públicas, o país tem hoje uma taxa básica de juros bastante alta, de 15% ao ano, no maior patamar em quase 20 anos. "Esse movimento tende a levar o dinheiro para onde ele pode se multiplicar mais rapidamente. E o Brasil é tem sido uma praça importante neste quesito", afirma Galhardo, em referência aos maiores retornos pelos juros altos do país. José Victor Cassiolato, estrategista da VICTRIX, também acredita que a confirmação do cessar-fogo deve impulsionar as bolsas mundo a fora e contribuir para a queda nos preços do petróleo. No entanto, ele pondera que o dólar pode não recuar ao longo do dia, devido à recente alta nos rendimentos das Treasuries — os títulos públicos dos EUA, considerados os ativos mais seguros do mundo. Esse movimento tende a atrair investidores para os EUA e fortalecer a moeda americana. Fumaça é vista em refinaria de petróleo após um ataque israelense na capital iraniana, Teerã, em 17 de junho de 2025. Photo by Atta Kenare/AFP Ataque dos EUA e possível fechamento de Ormuz Na véspera, os investidores avaliavam os desdobramentos do conflito entre Israel e Irã no final de semana, quando os EUA atacaram três instalações nucleares iranianas. A entrada dos norte-americanos, inicialmente, aumentou a temperatura do conflito. Em seguida, o Parlamento do Irã aprovou o bloqueio do Estreito de Ormuz, em retaliação ao ataque americano. A rota marítima é a mais importante do mundo para o transporte do petróleo, e a possibilidade de bloqueio pode pressionar os preços para cima e causar inflação global. Já nesta segunda, o Irã respondeu com ataques de mísseis balísticos contra a base aérea americana de Al-Udeid, no Catar, um dos principais centros militares dos EUA no Oriente Médio. Mas a interpretação do mercado foi de que a resposta foi comedida — e, portanto, pode não evoluir. Por isso, analistas consideram que o cenário geral, apesar dos riscos, foi de "bom humor" entre investidores nesta segunda. O presidente dos EUA, Donald Trump, minimizou os efeitos da resposta iraniana e disse que, "com sorte, não haverá mais ódio". "Quero agradecer ao Irã por nos avisar com antecedência, o que possibilitou que nenhuma vida fosse perdida e ninguém se ferisse. Talvez agora o Irã possa seguir rumo à paz e harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo", disse Trump. O cessar-fogo anunciado por Trump De acordo com Trump, nas próximas horas, Israel e Irã concluirão as operações militares que ainda estão em andamento. Depois disso, os ataques serão suspensos, e a guerra chegará oficialmente ao fim no prazo de 24 horas. "Partindo do princípio de que tudo funcionará como deve, o que acontecerá, gostaria de paraben

Jun 24, 2025 - 00:30
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Bolsas, dólar, petróleo: cessar-fogo no Oriente Médio seria 'respiro temporário' aos mercados

Presidente dos EUA afirmou que Israel e Irã chegaram a um acordo para interromper o conflito, mas os países não confirmaram a trégua. Analistas dizem que riscos diminuíram, mas a instabilidade deve prosseguir no mercado. Donald Trump anuncia cessar-fogo entre Irã e Israel O cessar-fogo entre Israel e Irã, anunciado nesta segunda-feira (23) pelo presidente Donald Trump, representa um alívio temporário para o mercado financeiro, segundo especialistas ouvidos pelo g1. Caso a trégua se confirme, a expectativa é de que as bolsas operem em alta, o dólar se desvalorize frente ao real e o petróleo mantenha a trajetória de queda — acompanhando o otimismo observado na véspera. Há, no entanto, muita incerteza no ar. Trump disse que o conflito seria encerrado a partir desta terça-feira (24). Pouco depois, o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que não há acordo ou suspensão das operações militares. Israel também não confirmou oficialmente a trégua. (leia mais abaixo) No início das negociações desta terça, o petróleo registrava queda de cerca de 3%, segundo a Bloomberg: ▶️ O barril tipo Brent (referência global) recuava 2,97%, cotado a US$ 69,36. ▶️ O petróleo WTI (referência nos EUA) caía 3,18%, cotado a US$ 66,33. Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o mercado deve manter o otimismo por enquanto. Apesar dos riscos do conflito, o petróleo recuou, o dólar perdeu força e algumas bolsas registraram alta. "Pode ser que, com o anúncio de cessar-fogo, haja certo otimismo e o mercado desempenhe ainda melhor. Mas isso não significa mudança de tendência. Na verdade, representa apenas um respiro temporário", diz, ao citar os riscos de aumento nas tensões. O economista-chefe da consultoria Análise Econômica, André Galhardo, destaca que o cenário ainda é marcado por forte incerteza, o que gera o vaivém nos mercados, com variações intensas nos preços dos ativos. "Se, de fato, caminharmos em direção a um cessar-fogo, poderemos ver uma melhora no ambiente financeiro de modo geral, começando pelo câmbio. A moeda brasileira pode continuar na rota de valorização", diz. O economista explica que, com a confirmação da trégua, a aversão dos investidores ao risco tende a diminuir. E o Brasil pode, inclusive, se tornar um destino atrativo nesse contexto. Apesar dos desafios nas contas públicas, o país tem hoje uma taxa básica de juros bastante alta, de 15% ao ano, no maior patamar em quase 20 anos. "Esse movimento tende a levar o dinheiro para onde ele pode se multiplicar mais rapidamente. E o Brasil é tem sido uma praça importante neste quesito", afirma Galhardo, em referência aos maiores retornos pelos juros altos do país. José Victor Cassiolato, estrategista da VICTRIX, também acredita que a confirmação do cessar-fogo deve impulsionar as bolsas mundo a fora e contribuir para a queda nos preços do petróleo. No entanto, ele pondera que o dólar pode não recuar ao longo do dia, devido à recente alta nos rendimentos das Treasuries — os títulos públicos dos EUA, considerados os ativos mais seguros do mundo. Esse movimento tende a atrair investidores para os EUA e fortalecer a moeda americana. Fumaça é vista em refinaria de petróleo após um ataque israelense na capital iraniana, Teerã, em 17 de junho de 2025. Photo by Atta Kenare/AFP Ataque dos EUA e possível fechamento de Ormuz Na véspera, os investidores avaliavam os desdobramentos do conflito entre Israel e Irã no final de semana, quando os EUA atacaram três instalações nucleares iranianas. A entrada dos norte-americanos, inicialmente, aumentou a temperatura do conflito. Em seguida, o Parlamento do Irã aprovou o bloqueio do Estreito de Ormuz, em retaliação ao ataque americano. A rota marítima é a mais importante do mundo para o transporte do petróleo, e a possibilidade de bloqueio pode pressionar os preços para cima e causar inflação global. Já nesta segunda, o Irã respondeu com ataques de mísseis balísticos contra a base aérea americana de Al-Udeid, no Catar, um dos principais centros militares dos EUA no Oriente Médio. Mas a interpretação do mercado foi de que a resposta foi comedida — e, portanto, pode não evoluir. Por isso, analistas consideram que o cenário geral, apesar dos riscos, foi de "bom humor" entre investidores nesta segunda. O presidente dos EUA, Donald Trump, minimizou os efeitos da resposta iraniana e disse que, "com sorte, não haverá mais ódio". "Quero agradecer ao Irã por nos avisar com antecedência, o que possibilitou que nenhuma vida fosse perdida e ninguém se ferisse. Talvez agora o Irã possa seguir rumo à paz e harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo", disse Trump. O cessar-fogo anunciado por Trump De acordo com Trump, nas próximas horas, Israel e Irã concluirão as operações militares que ainda estão em andamento. Depois disso, os ataques serão suspensos, e a guerra chegará oficialmente ao fim no prazo de 24 horas. "Partindo do princípio de que tudo funcionará como deve, o que acontecerá, gostaria de parabenizar ambos os países, Israel e Irã, por terem a Resistência, Coragem e Inteligência para encerrar o que deve ser chamado de A GUERRA DE 12 DIAS", publicou. A agência Reuters informou que Trump e o vice-presidente J.D. Vance discutiram uma proposta de cessar-fogo entre Israel e Irã com o emir do Catar. A conversa ocorreu após o ataque iraniano a uma base americana no país, nesta segunda. Segundo a Reuters, uma fonte com conhecimento das negociações afirmou que Trump disse ao emir que Israel havia concordado com a trégua. Durante o diálogo, o presidente americano também pediu ajuda do Catar para convencer o Irã a aceitar o acordo. A agência noticiou ainda que o Irã concordou com a proposta durante uma ligação telefônica com a participação do primeiro-ministro do Catar. Horas depois, no entanto, o chanceler do país negou que um cessar-fogo havia sido fechado. Segundo Araqchi, o Irã só irá se comprometer com um cessar-fogo caso Israel interrompa seus ataques até as 4h pelo horário de Teerã — 21h30 desta segunda-feira em Brasília. "Como o Irã deixou claro repetidamente: Israel iniciou a guerra contra o Irã, e não o contrário", escreveu. "A decisão final sobre a cessação de nossas operações militares será tomada mais tarde." O chanceler disse ainda que o Irã continuou suas operações até o último minuto antes das 4h do horário de Teerã. Ele também agradeceu aos militares iranianos pela defesa do país. INFOGRÁFICO - Arte explica ataque dos EUA ao Irã e resposta de Teerão. Arte/g1

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