Embaixador do Irã diz que país vai suspender temporariamente inspeções da ONU a instalações nucleares

Segundo Abdollah Nekounam, o procedimento de apuração e verificação das Nações Unidas foi suspenso temporariamente após os ataques norte-americanos. Embaixador do Irã em Brasília concede entrevista a jornalistas Filipe Matoso/GloboNews O embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam, afirmou nesta quinta-feira (26) que o país vai suspender temporariamente a autorização para inspeções da Organização das Nações Unidas (ONU) nas instalações nucleares iranianas. Abdollah Nekounam fez a afirmação ao conceder entrevista à imprensa em Brasília. A conversa foi concedida em persa, e um funcionário da embaixada fez a tradução para o português. "Nós sabemos que há informações sobre nossos programas e também existem informações sobre os cientistas nucleares. E isso faz parte da soberania de um país, proteger suas informações e seus cientistas", afirmou. Irã, Israel e EUA falam em 'destruição' do programa nuclear iraniano Na última segunda-feira (23), o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, Rafael Grossi, afirmou que a entidade estima "danos bem significativos" na instalação nuclear de Fordow, no Irã, após o ataque dos Estados Unidos. Além disso, Grossi pediu acesso às instalações nucleares iranianas para que a agência possa avaliar os danos causados pelo bombardeio americano e verificar se há risco de vazamento radioativo. LEIA TAMBÉM: ONU pede acesso a instalações nucleares do Irã atingidas pelos EUA "Conforme o Artigo 60 da Lei 1979 de Viena, o governo iraniano tem que prestar algumas questões em relação a isso. E, conforme essa lei, quaisquer cooperações, conforme a resolução no âmbito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), serão temporariamente paradas", afirmou o embaixador iraniano no Brasil. Em seguida, Nekounam acrescentou: "Conforme a Carta da ONU, um dos motivos pelo qual essa parada temporária irá acontecer é a violação de integridade territorial, insegurança sobre nossos cientistas e também pelas coisas que aconteceram durante este período". "Não buscamos equipamentos e armas nucleares. Por mais que nós nos afastemos de todos os armamentos nucleares de uma forma firme e forte, seguimos nossos direitos nucleares no âmbito do TNP. Um desses direitos que temos é o enriquecimento de urânio", completou o embaixador. Posicionamento do Brics Durante a entrevista, o embaixador foi questionado sobre comunicados oficiais divulgados pelo governo brasileiro e uma nota conjunta divulgada pelos países do Brics com críticas aos ataques conduzidos pelos governos de Israel e dos Estados Unidos. O Brasil, por exemplo, disse que os ataques feriram a soberania iraniana. O Brics também condenou os ataques, defendendo que haja no Oriente Médio uma zona livre de armas nucleares. ????O Brics é um agrupamento formado por onze países membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Serve como foro de articulação político-diplomática de países do Sul Global e de cooperação nas mais diversas áreas. Nekounam, então, disse agradecer os posicionamentos, mas afirmou que o Brics não deve limitar sua atuação à divulgação de notas. Para o embaixador, é preciso que o grupo — do qual o próprio Irã faz parte — atue para "colocar em ordem" o que ele chamou de "ordem internacional".

Jun 26, 2025 - 12:30
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Embaixador do Irã diz que país vai suspender temporariamente inspeções da ONU a instalações nucleares

Segundo Abdollah Nekounam, o procedimento de apuração e verificação das Nações Unidas foi suspenso temporariamente após os ataques norte-americanos. Embaixador do Irã em Brasília concede entrevista a jornalistas Filipe Matoso/GloboNews O embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam, afirmou nesta quinta-feira (26) que o país vai suspender temporariamente a autorização para inspeções da Organização das Nações Unidas (ONU) nas instalações nucleares iranianas. Abdollah Nekounam fez a afirmação ao conceder entrevista à imprensa em Brasília. A conversa foi concedida em persa, e um funcionário da embaixada fez a tradução para o português. "Nós sabemos que há informações sobre nossos programas e também existem informações sobre os cientistas nucleares. E isso faz parte da soberania de um país, proteger suas informações e seus cientistas", afirmou. Irã, Israel e EUA falam em 'destruição' do programa nuclear iraniano Na última segunda-feira (23), o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, Rafael Grossi, afirmou que a entidade estima "danos bem significativos" na instalação nuclear de Fordow, no Irã, após o ataque dos Estados Unidos. Além disso, Grossi pediu acesso às instalações nucleares iranianas para que a agência possa avaliar os danos causados pelo bombardeio americano e verificar se há risco de vazamento radioativo. LEIA TAMBÉM: ONU pede acesso a instalações nucleares do Irã atingidas pelos EUA "Conforme o Artigo 60 da Lei 1979 de Viena, o governo iraniano tem que prestar algumas questões em relação a isso. E, conforme essa lei, quaisquer cooperações, conforme a resolução no âmbito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), serão temporariamente paradas", afirmou o embaixador iraniano no Brasil. Em seguida, Nekounam acrescentou: "Conforme a Carta da ONU, um dos motivos pelo qual essa parada temporária irá acontecer é a violação de integridade territorial, insegurança sobre nossos cientistas e também pelas coisas que aconteceram durante este período". "Não buscamos equipamentos e armas nucleares. Por mais que nós nos afastemos de todos os armamentos nucleares de uma forma firme e forte, seguimos nossos direitos nucleares no âmbito do TNP. Um desses direitos que temos é o enriquecimento de urânio", completou o embaixador. Posicionamento do Brics Durante a entrevista, o embaixador foi questionado sobre comunicados oficiais divulgados pelo governo brasileiro e uma nota conjunta divulgada pelos países do Brics com críticas aos ataques conduzidos pelos governos de Israel e dos Estados Unidos. O Brasil, por exemplo, disse que os ataques feriram a soberania iraniana. O Brics também condenou os ataques, defendendo que haja no Oriente Médio uma zona livre de armas nucleares. ????O Brics é um agrupamento formado por onze países membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Serve como foro de articulação político-diplomática de países do Sul Global e de cooperação nas mais diversas áreas. Nekounam, então, disse agradecer os posicionamentos, mas afirmou que o Brics não deve limitar sua atuação à divulgação de notas. Para o embaixador, é preciso que o grupo — do qual o próprio Irã faz parte — atue para "colocar em ordem" o que ele chamou de "ordem internacional".

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