Ex-BMG preside entidade e usou própria empresa para filiar aposentados

Ex-gerente deixou banco BMG em 2022, abriu entidade, contratou a própria empresa para validar assinaturas e pagou lobista Careca do INSS

Oct 3, 2025 - 04:00
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Ex-BMG preside entidade e usou própria empresa para filiar aposentados

No mesmo ano em que deixou o BMG, em 2022, o ex-gerente do banco Anderson Ladeira Viana, 60 anos, fundou uma associação de aposentados da qual se tornou presidente e contratou sua própria empresa para validar assinaturas e biometrias para filiar beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A Associação de Assistência Social a Pensionistas e Aposentados (AASPA), comandada por Viana (foto em destaque), conseguiu seu acordo com o INSS para aplicar descontos nas aposentadorias no início de 2024, com o ex-diretor de Benefícios do órgão André Fidelis, depois que o ex-gerente do BMG fez pagamentos ao lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS.

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Apontado como principal operador do esquema bilionário de fraude contra aposentados, revelado pelo Metrópoles, Antunes pagou R$ 1,4 milhão a Fidelis, por meio do escritório de advocacia do filho dele, segundo a Polícia Federal (PF).

AASPA chegou a faturar R$ 6 milhões com descontos feitos diretamente no contracheque de aposentados e teve seu acordo suspenso após a Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF em abril deste ano.

Na Justiça, a AASPA tem recebido condenações em série para indenizar aposentados em razão de descontos indevidos. Em sua defesa, a entidade tem apresentado fichas de filiações que não trazem dados básicos nem para uma checagem sobre sua autenticidade.

As fichas são confeccionadas pela empresa Dataqualify, aberta por Anderson Ladeira Viana em 2013. A empresa é uma das investigadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) em uma apuração sobre fraudes em assinaturas de aposentados na Farra do INSS.

Documentos que mostram que o presidente da entidade contratou a própria empresa para validar as assinaturas de seus filiados foram anexados pela associação ao INSS no processo em que firmou e manteve seu acordo com o órgão.

O conflito de interesses não foi sequer suscitado pela equipe da Diretoria de Benefícios, comandada por André Fidelis à época.

Como mostrou o Metrópoles nesta sexta-feira (3/10), entidades que contrataram empresas de validação de assinaturas e biometrias investigadas pela CGU por fraudes faturaram R$ 2,2 bilhões com descontos sobre aposentados.

Fez parte do golpe fichas sem dados de origem que levem a conclusões sobre suas autenticidades e mesmo biometrias faciais que não passam da cópia das fotos dos RGs de aposentados.

Procurados, Viana e a AASPA não se manifestaram. Já o Banco BMG afirmou que “Anderson Ladeira Viana não faz parte do quadro de colaboradores desde 2022 e que não mantém qualquer vínculo contratual ou de prestação de serviços com ele ou qualquer empresa vinculada ao ex-colaborador”.

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