INSS: pedido de ex-procurador para comprar Audi alertou Coaf
Banco notificou Coaf sobre pedido de ex-procurador do INSS para provisionar valor para comprar veículo de luxo

O ex-procurador do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), Virgílio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, solicitou ao banco onde mantém conta uma reserva para comprar um carro de luxo mesmo depois de ser alvo da operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), que investiga a “farra do INSS”, revelada pelo Metrópoles.
A informação consta em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado para a CPMI do INSS ao qual a coluna teve acesso. O colegiado aprovou na quinta-feira (2/10) a convocação do ex-procurador para ser ouvido pelos parlamentares, mas ainda não há uma data prevista para seu comparecimento.
No documento, o órgão relata que ele solicitou a reserva, que resultou no alerta do enviado ao Coaf em 28 de maio de 2025, pouco mais de um mês depois de a PF ir às ruas pela primeira vez contra as fraudes a aposentadorias, em 23 de abril.
Tal alerta foi efetivado em razão de Virgílio possuir participação em processos judiciais. No entanto, após averiguação, foi constatado que os casos “não apresentam critérios de alerta”, uma vez que Virgílio constava como advogado.
No entanto, com o aprofundamento das consultas, a instituição financeira verificou que ele é suspeito de envolvimento com a “farra do INSS” e entendeu pela comunicação ao Coaf.
Segundo o documento, a solicitação seria para a aquisição de um carro de luxo, modelo Audi A5 Sedan Performance S. Edition, no valor estimado de R$ 379,9 mil, que seria efetivado na modalidade de venda direta.
“Entendemos pela comunicação devido a posição a qual o cliente ocupava e foi afastado e os motivos desse afastamento se refletirem em investigações da Polícia Federal voltadas a fraude bilionária do INSS”, diz trecho do documento do Coaf.
Polícia Federal durante a operação Sem Desconto
Virgílio foi um dos integrantes da cúpula do INSS que caíram depois da deflagração da Sem Desconto, que apura possíveis fraudes em mais de R$ 6 bilhões em descontos associativos de aposentados e pensionistas.
Ele foi nomeado para o cargo de procurador-geral do INSS ainda em 2020, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cargo que ocupou até 2022. Depois, ele passou a atuar como consultor jurídico do Ministério do Trabalho e da Previdência.
Na gestão do atual presidente Lula (PT), ele voltou ao posto de procurador, em 2023.
Como mostrou a coluna, Virgílio teria recebido R$ 11,9 milhões de empresas relacionadas às entidades associativas investigadas. A PF afirma que os valores foram recebidos por pessoas físicas e jurídicas relacionadas a Virgílio.
Desse montante, cerca de R$ 7,5 milhões vieram de empresas ligadas a Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS” e apontado como principal operador do esquema. Parte dos repasses foram efetuados por meio da esposa de Virgílio, Thaisa Hoffmann Jonasson.
“O Procurador-Geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho por meio de sua companheira, Thaisa Hoffmann Jonasson, recebeu R$ 7.547.000,00 de Antonio Carlos”, afirma a PF.
A corporação ainda afirma que ele teve um incremento de cerca de R$ 18 milhões advindos da farra do INSS.
Defesa
A coluna entrou em contato com Virgílio e com sua defesa, mas não houve retorno.
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