Ex-piloto, desafeto de Merkel, juventude 'selvagem': quem é Friedrich Merz, novo chanceler da Alemanha

Merz foi aprovado pelo Parlamento alemão nesta terça, após derrota em primeira votação. Ex-advogado líder da ala conservadora da CDU, novo chanceler passou anos "marginalizado" por Angela Merkel. O conservador alemão Friedrich Merz, aprovado pelo Parlamento para se tornar o próximo chanceler da Alemanha. REUTERS/Teresa Kroeger Após uma inesperada e histórica derrota em primeira votação, o conservador Friedrich Merz foi eleito nesta terça-feira (6) o novo chefe de governo da Alemanha. Merz, da conservadara União Democrática Cristã (CDU, na sigla original), se tornará, assim, o novo chanceler alemão — cargo que chefia o governo no país e, na prática, é similar ao de primeiro-ministro. Ele tomará posse ainda nesta terça-feira. Político experiente, Friedrich Merz teve de reconstruir sua trajetória dentro de seu próprio partido. Ele passou anos sob a sombra de Angela Merkel, a poderosa ex-chanceler alemã que governo o país por 16 anos e comandou a CDU por nada menos que 20 anos. No início dos anos 2000, Friedrich Merz, à época um advogado carismático em ascensão em seu partido, perdeu a votação para comandar a CDU para Merkel, a então química vinda da Alemanha Oriental. Desde então, Merz, vindo de uma família católica tradicional do oeste da Alemanha, passou a liderar informalmente a ala conservadora da CDU, e Merkel, o setor mais centrista da sigla. A "rixa" entre os dois durou quase dez anos, até que Merz, após perder os principais embates contra a opositora interna, decidiu deixar a política e construir uma carreira em finanças que, segundo a imprensa alemã, o deixaram milionário. Foi só em 2020 que ele decidiu voltar à política, ao mesmo tempo em que Merkel anunciava que deixaria o comando da Alemanha e de seu partido. Desde então, Merz foi escalando na carreira política até se tornar, enfim, o novo líder da CDU, na esteira do crescimento também da popularidade de ideais mais conservadores e ultraconservadores na Alemanha. Casado com uma juíza, sua ex-colega de faculdade, o novo chanceler alemão tem 69 anos e é pai de três filhos. Ele também é piloto de avião profissional e, em entrevistas à imprensa alemã, disse ter tido uma "juventude selvagem" — à revista "Der Spiegel", Merz afirmou ter feito rinhas de moto com amigos e "urinado coletivamente" em um aquário de sua escola durante uma festa. Pragmático e 'anti-Trump' Após fiasco, Merz reverte placar e é eleito para governar a Alemanha Merz é descrito também por colegas do partido como ambicioso e de perfil pragmático, o que analistas alemães avaliam ter pesado para a escolha de um chefe de governo em um momento de crise política na Alemanha. Após os 16 anos de governo de Merkel, a Alemanha passou a ser comandanda por uma frágil aliança liderada pelo social-democrata Olaf Schoz e formada também por ministros liberais e do Partido Verde. Em fevereiro, logo após vencer as eleições, Merz mostrou traços de pragmatismo e de pulso firme: descartou aliança com a extrema direita, disse que buscaria uma coalizão firme e estável e aproveitou para fazer frente às ameaças do recém-empossado Donald Trump à Europa. 1ª votação Friedrich Merz não consegue maioria para se tornar chanceler na Alemanha Em resultado inesperado e histórico, o líder conservador alemão Friedrich Merz não conseguiu obter a maioria dos parlamentares para se tornar o chefe de governo da Alemanha em votação nesta terça-feira (6). Na primeira rodada de votação, ele alcançou 310 dos 316 votos necessários para assumir o cargo. Esta é a primeira vez na história da Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial que um candidato a chanceler não consegue ser eleito na primeira votação no parlamento. Na segunda-feira (5), os conservadores do CDU, que venceram as eleições do país em fevereiro embora sem maioria, anunciaram uma aliança com os social-democratas de centro-esquerda (SPD) para formar governo (leia mais abaixo). A aliança, em tese, daria a Merz a maioria suficiente no Parlamento para formar governo. No entanto, 18 deputados socialistas se rebelaram e votaram contra a eleição do conservador, descumprindo orientação de seus partidos. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Após a derrota, o CDU afirmou que uma nova votação na câmara baixa do Parlamento alemão ocorrerá ainda nesta terça. Um dos líderes da sigla, Jens Spahn, pediu aos partidos para que apoiem Friedrich Merz após ele não ter conseguido passar no primeiro turno. "Toda a Europa, talvez o mundo inteiro, está acompanhando esta eleição", disse Spahn. "Apelo a todos para que estejam cientes desta responsabilidade especial." Friedrich Merz em votação na Câmara Baixa da Alemanha REUTERS/Annegret Hilse Após o primeiro resultado, a presidente do Parlamento, Julia Kloeckner, interrompeu a sessão para que os grupos parlamentares pudessem fazer consultas sobre como prosseguir com a eleição. Se a segunda votação desta terça falhar novamente, a câmara baixa do Parlamento, conhecida como Bundestag, tem 14

May 6, 2025 - 14:00
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Ex-piloto, desafeto de Merkel, juventude 'selvagem': quem é Friedrich Merz, novo chanceler da Alemanha

Merz foi aprovado pelo Parlamento alemão nesta terça, após derrota em primeira votação. Ex-advogado líder da ala conservadora da CDU, novo chanceler passou anos "marginalizado" por Angela Merkel. O conservador alemão Friedrich Merz, aprovado pelo Parlamento para se tornar o próximo chanceler da Alemanha. REUTERS/Teresa Kroeger Após uma inesperada e histórica derrota em primeira votação, o conservador Friedrich Merz foi eleito nesta terça-feira (6) o novo chefe de governo da Alemanha. Merz, da conservadara União Democrática Cristã (CDU, na sigla original), se tornará, assim, o novo chanceler alemão — cargo que chefia o governo no país e, na prática, é similar ao de primeiro-ministro. Ele tomará posse ainda nesta terça-feira. Político experiente, Friedrich Merz teve de reconstruir sua trajetória dentro de seu próprio partido. Ele passou anos sob a sombra de Angela Merkel, a poderosa ex-chanceler alemã que governo o país por 16 anos e comandou a CDU por nada menos que 20 anos. No início dos anos 2000, Friedrich Merz, à época um advogado carismático em ascensão em seu partido, perdeu a votação para comandar a CDU para Merkel, a então química vinda da Alemanha Oriental. Desde então, Merz, vindo de uma família católica tradicional do oeste da Alemanha, passou a liderar informalmente a ala conservadora da CDU, e Merkel, o setor mais centrista da sigla. A "rixa" entre os dois durou quase dez anos, até que Merz, após perder os principais embates contra a opositora interna, decidiu deixar a política e construir uma carreira em finanças que, segundo a imprensa alemã, o deixaram milionário. Foi só em 2020 que ele decidiu voltar à política, ao mesmo tempo em que Merkel anunciava que deixaria o comando da Alemanha e de seu partido. Desde então, Merz foi escalando na carreira política até se tornar, enfim, o novo líder da CDU, na esteira do crescimento também da popularidade de ideais mais conservadores e ultraconservadores na Alemanha. Casado com uma juíza, sua ex-colega de faculdade, o novo chanceler alemão tem 69 anos e é pai de três filhos. Ele também é piloto de avião profissional e, em entrevistas à imprensa alemã, disse ter tido uma "juventude selvagem" — à revista "Der Spiegel", Merz afirmou ter feito rinhas de moto com amigos e "urinado coletivamente" em um aquário de sua escola durante uma festa. Pragmático e 'anti-Trump' Após fiasco, Merz reverte placar e é eleito para governar a Alemanha Merz é descrito também por colegas do partido como ambicioso e de perfil pragmático, o que analistas alemães avaliam ter pesado para a escolha de um chefe de governo em um momento de crise política na Alemanha. Após os 16 anos de governo de Merkel, a Alemanha passou a ser comandanda por uma frágil aliança liderada pelo social-democrata Olaf Schoz e formada também por ministros liberais e do Partido Verde. Em fevereiro, logo após vencer as eleições, Merz mostrou traços de pragmatismo e de pulso firme: descartou aliança com a extrema direita, disse que buscaria uma coalizão firme e estável e aproveitou para fazer frente às ameaças do recém-empossado Donald Trump à Europa. 1ª votação Friedrich Merz não consegue maioria para se tornar chanceler na Alemanha Em resultado inesperado e histórico, o líder conservador alemão Friedrich Merz não conseguiu obter a maioria dos parlamentares para se tornar o chefe de governo da Alemanha em votação nesta terça-feira (6). Na primeira rodada de votação, ele alcançou 310 dos 316 votos necessários para assumir o cargo. Esta é a primeira vez na história da Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial que um candidato a chanceler não consegue ser eleito na primeira votação no parlamento. Na segunda-feira (5), os conservadores do CDU, que venceram as eleições do país em fevereiro embora sem maioria, anunciaram uma aliança com os social-democratas de centro-esquerda (SPD) para formar governo (leia mais abaixo). A aliança, em tese, daria a Merz a maioria suficiente no Parlamento para formar governo. No entanto, 18 deputados socialistas se rebelaram e votaram contra a eleição do conservador, descumprindo orientação de seus partidos. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Após a derrota, o CDU afirmou que uma nova votação na câmara baixa do Parlamento alemão ocorrerá ainda nesta terça. Um dos líderes da sigla, Jens Spahn, pediu aos partidos para que apoiem Friedrich Merz após ele não ter conseguido passar no primeiro turno. "Toda a Europa, talvez o mundo inteiro, está acompanhando esta eleição", disse Spahn. "Apelo a todos para que estejam cientes desta responsabilidade especial." Friedrich Merz em votação na Câmara Baixa da Alemanha REUTERS/Annegret Hilse Após o primeiro resultado, a presidente do Parlamento, Julia Kloeckner, interrompeu a sessão para que os grupos parlamentares pudessem fazer consultas sobre como prosseguir com a eleição. Se a segunda votação desta terça falhar novamente, a câmara baixa do Parlamento, conhecida como Bundestag, tem 14 dias para eleger Merz ou outro candidato ao cargo de chanceler com maioria absoluta. Os conservadores de Merz venceram as eleições nacionais em fevereiro com 28,5% dos votos, mas precisam de pelo menos um parceiro para formar um governo majoritário. Na segunda-feira, eles assinaram um acordo de coalizão com os social-democratas de centro-esquerda, que obtiveram apenas 16,4%, seu pior resultado na história da Alemanha do pós-guerra. O acordo deixou a extrema direita de fora. Partido conservador fecha acordo para governar a Alemanha

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