Farra do INSS: empresário preso escondeu dinheiro no exterior, diz PF

Polícia Federal viu indícios de ocultação de dinheiro no exterior do empresário Maurício Camisotti, preso pela farra dos descontos no INSS

Oct 29, 2025 - 03:00
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Farra do INSS: empresário preso escondeu dinheiro no exterior, diz PF

Preso preventivamente por suposto envolvimento no esquema bilionário de descontos indevidos contra aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o empresário Maurício Camisotti (foto em destaque) usou uma offshore e um fundo da Faria Lima para movimentar recursos no exterior, segundo a Polícia Federal (PF).

A suspeita consta da representação da PF encaminhada ao ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a análise dos dados extraídos do celular de Camisotti e da análise das movimentações financeiras do empresário que é apontado como beneficiário final do dinheiro arrecadado por três entidades da Farra do INSS, revelada pelo Metrópoles.

A informação também foi corroborada por dados dos Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) feitos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e encaminhados à CPMI do INSS. Ao STF, a PF defendeu a manutenção da prisão preventiva do empresário, que nega participação no esquema.

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Nas conversas encontradas no celular de Camisotti, a PF identificou indícios de “dilapidação do patrimônio oriundo de ilícitos” e “continuidade de atos de lavagem de capitais”. Para isso, Camisotti teria usado um fundo da Genial Investimentos, gestora localizada na Faria Lima, centro financeiro do país, e “estruturas offshore” para movimentar recursos fora do Brasil.

“Foram identificadas operações por meio de estruturas offshore, bem como a utilização de fundos de investimento para movimentação de recursos no exterior via a instituição Genial investimentos”, diz a PF.

Segundo a defesa do empresário, a conta na Genial Investimentos foi aberta após outra conta dele, no BTG Pactual, ter sido encerrada de forma unilateral, o que obrigou Camisotti a “realocar seus recursos”. Quanto à offshore, os advogados informam que foi constituída em 2015, “de forma legal e regular, e sempre esteve declarada junto aos órgãos fiscais”.

“A defesa reafirma que não há qualquer irregularidade nas operações financeiras de Maurício Camisotti, que continua à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários às autoridades”, diz a defesa, em nota.

Além das contas do BTG Pactual e da Genial Investimentos, os investigadores identificaram movimentações de Camisotti em outras duas instituições financeiras. A reportagem entrou em contato com a Genial Investimentos. O espaço segue aberto para manifestação.

Alvo da PF quis investir em cripto após operação

Duas semanas depois de ser alvo da Operação Sem Desconto da PF, Camisotti questionou a responsável por sua conta no BTG sobre a possibilidade de migrar 40% do seu patrimônio para criptoativos. Segundo o Coaf, a consulta ocorreu em uma reunião no último dia 8 de maio.

O empresário não tinha demonstrado interesse nesse tipo de investimento desde que a conta havia sido aberta – ele era titular de quatro contas na mesma instituição, sendo uma aberta em 2012 e outras três abertas em 2023. Depois do pedido, o banco resolveu bloquear suas contas.

“Diferente dos ativos financeiros convencionais, cuja movimentação internacional está sujeita a controles cambiais, registros e autorizações regulatórias, criptoativos podem ser transferidos de forma ágil entre partes localizadas em diferentes jurisdições, eliminando barreiras operacionais e temporais, bem como de controle de supervisão financeira e prevenção à lavagem de dinheiro”, diz o Coaf.

“Sabendo deste cenário, o time prontamente bloqueou suas contas para que não ocorresse qualquer movimentação suspeita com finalidade de ocultação patrimonial e, em seguida, reportou a ele de que não seria possível essa operação, nem qualquer outra movimentação que envolvesse produtos sensíveis, como criptoativos ou câmbio”, acrescenta.

Maurício Camisotti foi alvo de busca e apreensão na Operação Sem Desconto, em abril deste ano, e foi preso preventivamente pela PF no dia 12 de setembro. Empresas controladas por ele repassaram ao menos R$ 25 milhões ao lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, segundo a PF. Antunes é apontado como principal operador financeiro das fraudes nos descontos de aposentados e foi preso junto com Camisotti.

Como mostrou o Metrópoles, um dia antes de ser detido, o investigado trocou mensagens com interlocutores para tentar influenciar nas apurações tanto da polícia quanto dos parlamentares na CPMI do INSS. A atuação iniciou em agosto, uma semana antes do início efetivo dos trabalhos da Comissão. Camisotti afirmou que as conversas foram sobre assuntos lícitos e negou qualquer tentativa de obstrução de Justiça.

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