Faxineira e porteiro perdem economia de uma vida para o Rei das Milhas

“Minha mãe é uma guerreira. Meu pai morreu de câncer quando eu tinha 6 anos, e ela criou eu e meu irmão na base da faxina e perdemos tudo"

Dezembro 22, 2025 - 04:30
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Faxineira e porteiro perdem economia de uma vida para o Rei das Milhas

A promessa de dinheiro fácil, descontos milagrosos e negócios aparentemente lícitos terminou em um rastro de prejuízo, desespero e endividamento para uma família simples de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Um porteiro e sua mãe, diarista, que sempre sobreviveram com muito esforço após a morte do pai vítima de câncer, viram a estabilidade financeira construída ao longo de anos de trabalho duro ser completamente arruinada por um esquema de estelionato atribuído a Gustavo Real Rabelo, conhecido como o “Rei das Milhas”.

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“Minha mãe é uma guerreira. Meu pai morreu de câncer quando eu tinha seis anos, e ela criou eu e meu irmão na base da faxina. Somos pessoas simples e corretas. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer”, relata a principal vítima, ainda abalada.

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Início do golpe

O contato com Gustavo Real Rabelo ocorreu em 8 de maio, quando ele ofereceu um serviço que parecia vantajoso: pagamento de boletos com até 50% de desconto, supostamente por meio de um sistema de milhas aéreas. Com salário modesto de porteiro, a vítima decidiu testar o serviço pagando uma parcela do carro no valor de R$ 500. O boleto não foi compensado, mas Gustavo devolveu o dinheiro e ainda quitou a prestação, alegando “cortesia”, o que ajudou a criar confiança.

Na sequência, vieram ofertas de eletrônicos “totalmente lícitos”, com nota fiscal e entrega rápida. Uma TV de 65 polegadas foi comprada e entregue. O irmão da vítima, Luciano Alves, adquiriu outra TV, de 55 polegadas, que também chegou corretamente. Tudo parecia regular.

Animado com as entregas e acreditando estar diante de um negócio sério, o porteiro aceitou um convite para atuar como vendedor da empresa Mais Milhas, registrada em nome de Wilson Real Rabelo, pai de Gustavo. A promessa de renda extra soava como esperança para quem sempre viveu no limite do orçamento.

Clientes lesados

Diversos produtos foram vendidos: iPhones 16 Pro Max, TVs e PlayStation 5. No início, as mercadorias chegavam, reforçando a credibilidade do esquema. Ao todo, cerca de 25 clientes fecharam compras.

Com o aumento das vendas, os produtos pararam de chegar. Gustavo passou a alegar uma suposta greve geral dos Correios em Santa Catarina. Depois, apresentou documentos falsos da Receita Federal, afirmando que celulares e videogames, importados da China, haviam sido retidos e exigiam o pagamento de R$ 130 mil em impostos.

Desesperada, a vítima ouviu que tudo seria resolvido novamente “com milhas”. Nada foi pago. Os produtos nunca chegaram. Em uma última versão, Gustavo alegou que os Correios teriam desviado as mercadorias e que aguardava o pagamento de um seguro, apresentando mais documentos falsificados.

Fuga e histórico criminal

O prejuízo estimado apenas dessa família ultrapassa R$ 165 mil em mercadorias, valor devastador para quem vive de salário mínimo e trabalho informal. Gustavo Real Rabelo fugiu de Balneário Camboriú. Segundo as vítimas, ele acumula cerca de 84 boletins de ocorrência por estelionato. As Polícias Civis do Distrito Federal (PCDF) e de Santa Catarina (PCSC) investigam o esquema, que teria feito vítimas em vários estados.

O golpe não se restringia a eletrônicos. A empresa também oferecia pagamento de boletos com desconto, passagens aéreas e pacotes de viagens internacionais. Uma família chegou a perder R$ 150 mil em uma viagem para a Alemanha que nunca existiu.

Enquanto vítimas amargavam dívidas e desespero, Gustavo ostentava uma vida de luxo. Investigações apontam que o dinheiro dos golpes foi convertido em patrimônio, incluindo veículos de alto padrão. Em uma operação realizada em março de 2024, a polícia apreendeu:

  • BMW 540i
  • BMW X5
  • Land Rover
  • Documentos e equipamentos eletrônicos
  • Bloqueios judiciais foram realizados, e o prejuízo total às vítimas já ultrapassa R$ 1,5 milhão, segundo a Delegacia de Defraudações de Santa Catarina.

O outro lado

A reportagem tentou contato com Gustavo Real Rabelo por ligações e mensagens, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

Enquanto isso, em Balneário Camboriú, uma mãe diarista e seus filhos tentam reconstruir não apenas as finanças, mas a confiança, depois de verem o suor de uma vida inteira ser levado por promessas falsas travestidas de oportunidade.

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