França aperta cerco contra frota fantasma russa

O prresidente Macron pediu na quinta-feira (2/10) que a Europa aumente a pressão contra a embarcação depois da apreensão do Boracay

Oct 3, 2025 - 04:00
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França aperta cerco contra frota fantasma russa

A França apertou o cerco contra a chamada “frota fantasma” russa ao apreender o petroleiro Boracay, suspeito de driblar sanções internacionais. O capitão, de nacionalidade chinesa, será julgado por desobediência a autoridade policial, em meio a uma investigação que expõe os riscos e estratégias da Rússia para manter o fluxo de petróleo em tempos de guerra. A audiência vai acontecer no tribunal de Brest, em 23 de fevereiro de 2026, anunciou o Ministério Público na quinta-feira (2/10), após a prisão preventiva do comandante no navio.

O Ministério Público de Brest abriu uma investigação por falta de comprovação da nacionalidade e da bandeira da embarcação, além de recusa de cumprimento de ordem policial, e deteve o capitão e seu imediato, ambos de nacionalidade chinesa. Apenas o capitão enfrentará processo judicial; o outro tripulante, que seguia suas ordens, foi autorizado a se retirar.

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O Boracay, imobilizado no litoral da Bretanha, é investigado por suspeita de integrar a “frota fantasma” russa — um conjunto de embarcações que, desde a invasão da Ucrânia, permite à Rússia contornar sanções internacionais para exportar petróleo.

O Boracay partiu do porto russo de Primorsk em 20 de setembro e navegou por águas do Báltico e do Mar do Norte antes de se aproximar da costa francesa. A embarcação foi monitorada por uma fragata francesa, que a acompanhou até que alterasse sua rota em direção à costa francesa. O Kremlin afirmou não ter informações sobre o navio, mas criticou ações provocativas de alguns países estrangeiros.

Tamanho da frota fantasma

A União Europeia estima que 444 navios façam parte dessa frota. O Reino Unido já sancionou 500 embarcações desde fevereiro de 2022, e os Estados Unidos, 183 barcos.

O governo britânico define como “frota fantasma” os navios envolvidos em operações ilegais com o objetivo de burlar sanções, evitar normas de segurança ou ambientais, driblar custos de seguros ou realizar outras atividades ilícitas.

Essas “frotas da sombra” (shadow fleet ou dark fleet, em inglês) já existiam antes da guerra na Ucrânia, sendo utilizadas por países como Irã, Venezuela e Coreia do Norte — todos sob sanções petroleiras americanas.

Desde o início do conflito em larga escala na Ucrânia, em fevereiro de 2022, a frota fantasma mundial cresceu significativamente. Segundo o grupo de estudos americano Atlantic Council, quase 17% de todos os petroleiros hoje integram essa frota, que também inclui outros tipos de navios mercantes.

Entre as sanções impostas à Rússia estão o embargo ao petróleo russo, a limitação de seu preço e a proibição de serviços de transporte marítimo — medidas que visam impedir o financiamento da máquina de guerra russa.

Para contornar essas restrições, Moscou reduziu sua dependência dos serviços marítimos ocidentais, passou a adquirir navios-tanque por vias indiretas e criou seus próprios esquemas de seguro.

Essas embarcações, no entanto, não possuem o seguro adequado, conhecido como P&I, obrigatório para navios comerciais e destinado a cobrir riscos como guerra, colisões ou danos ambientais, como vazamentos de petróleo.

De 90 a 95% do mercado de seguros P&I está nas mãos de seguradoras da União Europeia e do Reino Unido, que aplicam sanções contra a Rússia. “Os esquemas alternativos propostos pelos governos russo e iraniano são muito insuficientes”, alerta Elisabeth Braw, do Atlantic Council. Segundo ela, esses fatores tornam o trabalho a bordo “extremamente perigoso”.

Macron pede mais pressão contra frota fantasma

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu nesta quinta-feira que a Europa “aumente a pressão” contra a frota fantasma russa, após a apreensão do Boracay, que estaria sendo usado por Moscou para escapar das sanções ocidentais.

O navio, que ostentava bandeira do Benin, foi apreendido na França no sábado (27). Ele também esteve ancorado em frente à costa da Dinamarca no mês passado, durante os misteriosos voos de drones atribuídos à Rússia.

“É muito importante aumentar a pressão sobre essa frota fantasma, porque isso claramente reduzirá a capacidade da Rússia de financiar seu esforço de guerra na Ucrânia”, disse Macron, antes de uma cúpula europeia em Copenhague.

Segundo o site especializado The Maritime Executive, o Boracay estaria envolvido nos voos de drones que interromperam o tráfego aéreo na Dinamarca em setembro. A União Europeia já havia incluído o petroleiro em sua lista de sanções.

Leia mais em RFI, parceira do Metrópoles.

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