Gripe no inverno: o que é fato e o que é mito

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A cada troca de estação, principalmente na passagem do outono para o inverno, aumentam os casos de gripe, resfriados e outras infecções respiratórias, principalmente entre as crianças. Junto de espirros, tosses e narizes escorrendo, ressurgem também os conselhos populares que circulam há gerações: “não saia com o cabelo molhado”, “evite sorvete no frio”, “coloque chinelo, se não vai gripar”, etc. Mas será que essas práticas realmente fazem sentido?

Em suas redes sociais, o médico Drauzio Varella desmistifica essas crenças. “É comum a gente ouvir falar, principalmente quando é criança, que não pode tomar chuva, apanhar friagem, andar descalço no inverno ou até tomar sorvete quando está frio, mas a verdade é que nada disso causa a gripe. O que causa a gripe não é a chuva, é um vírus, o chamado influenza, que é transmitido pelo ar, quando alguém que está infectado fala, espirra ou tosse.”

Mitos sobre a gripe

Além de andar descalço, outros comportamentos são erroneamente associados ao aparecimento de gripes e resfriados, como:

Tomar sorvete ou bebida gelada: muita gente acredita que alimentos frios provocam gripe, especialmente em crianças. No entanto, não existe qualquer comprovação científica que comprove essa relação. Em alguns casos, o sorvete pode até aliviar temporariamente dores de garganta.

Tomar chuva: a exposição à chuva pode causar desconforto ou até hipotermia, caso a pessoa permaneça molhada por muito tempo. Ainda assim, a gripe não é causada pela chuva em si. O risco maior está na exposição ao vírus em ambientes fechados após a chuva, como ônibus ou salas de aula.

Dormir com o ventilador ligado ou a janela aberta: o vento ou a corrente de ar não são capazes de gerar uma infecção viral. Eles podem ressecar as vias respiratórias ou agravar sintomas alérgicos, mas não são a causa da gripe.

Ficar com os cabelos molhados: outro clássico entre os conselhos populares. Embora sair no frio com os cabelos molhados possa causar desconforto e queda de temperatura corporal, isso não tem relação direta com o contágio viral.

Frio e gripe: qual é a relação?

O frio, por si só, não provoca doenças. No entanto, os hábitos adotados durante os dias mais gelados podem favorecer a propagação do vírus. Ambientes fechados, com pouca ventilação, e aglomeração de pessoas formam o cenário ideal para a transmissão de infecções respiratórias. Além disso, o ar seco do inverno resseca as mucosas nasais, que funcionam como barreiras naturais contra vírus e bactérias, tornando o organismo mais vulnerável.

O que previne gripes e resfriados?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, as principais formas de prevenção incluem:

• Lavar as mãos com frequência, especialmente após tossir, espirrar ou frequentar locais públicos; 
• Evitar contato com pessoas doentes; 
• Manter ambientes ventilados, mesmo no frio; 
• Higienizar objetos e superfícies de uso coletivo; 
• Manter o calendário de vacinação em dia, especialmente a vacina contra a gripe; 
• Ter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes, vitaminas e minerais, que ajudam a fortalecer o sistema imunológico. 

Quando procurar um médico?

Embora a maioria dos quadros de gripe e resfriado seja leve e melhore em poucos dias, é importante ficar atento a sinais de alerta, principalmente em crianças, como:

• • Febre alta e persistente;
  • Dificuldade para respirar ou respiração acelerada;
  • Recusa alimentar;
  • Letargia ou sonolência excessiva;

• Tosse com catarro em crianças;

• Piora dos sintomas após alguns dias de melhora.

A ideia de que práticas como andar descalço, tomar chuva ou consumir alimentos gelados causam gripe é um mito cultural que ainda persiste. O que realmente importa é entender como a gripe é transmitida – via vírus, especialmente em ambientes fechados e mal ventilados – e adotar medidas eficazes de prevenção.