Irã retirou urânio de instalações nucleares antes de ataque dos EUA, e estoque está intacto, diz jornal; Trump nega

Financial Times afirmou que agências de inteligência da Europa identificaram que estoque de urânio enriquecido, necessário para construir armas nucleares, permaneceu praticamente intacto apesar dos ataques EUA no fim de semana. Trump nega e disse que 'nada foi retirado'. Fordow: por que o programa nuclear do Irã está escondido embaixo de uma montanha? O Irã retirou todo o urânio — elemento usado para produzir energia nuclear — de sua centrais antes de os EUA atacarem as instalações, afirmou uma reportagem do jornal "Financial Times" desta quinta-feira (26). Por isso, o estoque do Irã de urânio enriquecido, que pode produzir bombas nucleares, permanece praticamente intacto, segundo disseram à reportagem fontes de inteligência de países da Europa. De acordo com o jornal, agências de inteligência da União Europeia atestaram que o estoque de urânio já não estava em Fordow — a instalação nuclear iraniana que fica "dentro" de uma montanha e que foi um dos alvos dos ataques dos EUA no fim de semana ao Irã — no momento dos bombardeios norte-americanos. Segundo a reportagem do Financial Times, com base em fontes de governos europeus, agências de inteligências de países da Europa constataram que o estoque iraniano de 408 quilos de urânio enriquecido próximo ao nível de desenvolver uma arma nuclear não estava mais concentrado em Fordow. As fontes de inteligência europeia ouvidas pela reportagem afirmaram que o estoque foi redistribuído para várias outras instalações antes dos ataques, ainda de acordo com o jornal. A instalação de Fordow é um dos principais locais de enriquecimento de urânio do programa nuclear do Irã e fica encravada no subterrâneo em uma área montanhosa, justamente para que dificultar ofensivas contra a instalação. Apenas os EUA tinha capacidade militar para atingir a central nuclear. Após a publicação da reportagem do Financial Times, o presidente dos EUA, Donald Trump, negou a informação e afirmou que nada foi retirado de Fordow. "Os carros e caminhões pequenos no local eram de operários de concreto tentando cobrir a parte superior dos poços. Nada foi retirado da instalação. Levaria muito tempo, seria muito perigoso e seria muito pesado e difícil de mover!", escreveu Trump em sua rede social, Truth Social. O presidente norte-americano se referia a caminhões que foram vistos por imagens de satélites posicionados na entrada de Fordow dias antes dos ataques (veja imagem abaixo). Uma imagem de satélite mostra caminhões posicionados perto da entrada da instalação de enriquecimento de combustível de Fordow, próxima a Qom, Irã, em 19 de junho de 2025 Maxar Technologies/Divulgação via REUTERS Mais cedo, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou desconhecer qualquer informação de inteligência que sugerisse que o Irã havia transferido seu urânio antes dos ataques dos EUA. Também nesta quinta, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AEIA), que regula e vistoria centrais nucleares do mundo, Rafael Grossi, afirmou em entrevista à rádio francesa RFI que Fordow não estava mais operativa após os ataques dos EUA. Grossi, no entanto, também não deu informações sobre se o estoque de urânio da instalação ainda estava lá dentro ou se foi retirada antes. Batalha de versões Os danos exatos causados pelos bombardeios feitos pelso Estados Unidos a instalações nucleares do Irã, no fim de semana, ainda são incertos. Ambos os lados vêm apresentando versões distintas e sempre sem dados concretos ou imagem para prová-las. Desde terça-feira (24), o presidente dos EUA, Donald Trump, vem afirmando que os bombardeios norte-americanos tiveram grande poder de destruição, principalmente sobre Fordow. Trump inclusive rejeitou um relatório preliminar de sua Agência de Inteligência de Defesa indicando que os danos atrasaram o programa nuclear iraniano em apenas alguns meses. Já o governo iraniano chegou a admitir, na quarta-feira (25), que houve "grandes danos" em Fordow, mas não especificou quais. Já nesta quinta (26), o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os EUA "não conseguiram muito" com sua ofensiva. "Os EUA atingiram as instalações nucleares, mas não conseguiram (destruir) muito", disse Khamenei, em pronunciamento à nação nesta quinta. A AEIA ainda não havia conseguido quantificar os danos causados às instalações iranianas pelos ataques dos EUA até a última atualização desta reportagem. No início da semana, o Parlamento iraniano chegou a aprovar a suspensão da cooperação do Irã com a AEIA — isso significaria, na prática, que o país não teria mais o compromisso de abrir suas instalações nucleares para vistorias da agência, que tenta garantir que o urânio só seja enriquecido abaixo dos limites necessários para a realização de uma bomba nuclear. Nesta quinta, a agência da ONU disse que ainda não havia recebido nenhuma comunicação do Irã sobre um possível rompimento.

Jun 26, 2025 - 12:30
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Irã retirou urânio de instalações nucleares antes de ataque dos EUA, e estoque está intacto, diz jornal; Trump nega

Financial Times afirmou que agências de inteligência da Europa identificaram que estoque de urânio enriquecido, necessário para construir armas nucleares, permaneceu praticamente intacto apesar dos ataques EUA no fim de semana. Trump nega e disse que 'nada foi retirado'. Fordow: por que o programa nuclear do Irã está escondido embaixo de uma montanha? O Irã retirou todo o urânio — elemento usado para produzir energia nuclear — de sua centrais antes de os EUA atacarem as instalações, afirmou uma reportagem do jornal "Financial Times" desta quinta-feira (26). Por isso, o estoque do Irã de urânio enriquecido, que pode produzir bombas nucleares, permanece praticamente intacto, segundo disseram à reportagem fontes de inteligência de países da Europa. De acordo com o jornal, agências de inteligência da União Europeia atestaram que o estoque de urânio já não estava em Fordow — a instalação nuclear iraniana que fica "dentro" de uma montanha e que foi um dos alvos dos ataques dos EUA no fim de semana ao Irã — no momento dos bombardeios norte-americanos. Segundo a reportagem do Financial Times, com base em fontes de governos europeus, agências de inteligências de países da Europa constataram que o estoque iraniano de 408 quilos de urânio enriquecido próximo ao nível de desenvolver uma arma nuclear não estava mais concentrado em Fordow. As fontes de inteligência europeia ouvidas pela reportagem afirmaram que o estoque foi redistribuído para várias outras instalações antes dos ataques, ainda de acordo com o jornal. A instalação de Fordow é um dos principais locais de enriquecimento de urânio do programa nuclear do Irã e fica encravada no subterrâneo em uma área montanhosa, justamente para que dificultar ofensivas contra a instalação. Apenas os EUA tinha capacidade militar para atingir a central nuclear. Após a publicação da reportagem do Financial Times, o presidente dos EUA, Donald Trump, negou a informação e afirmou que nada foi retirado de Fordow. "Os carros e caminhões pequenos no local eram de operários de concreto tentando cobrir a parte superior dos poços. Nada foi retirado da instalação. Levaria muito tempo, seria muito perigoso e seria muito pesado e difícil de mover!", escreveu Trump em sua rede social, Truth Social. O presidente norte-americano se referia a caminhões que foram vistos por imagens de satélites posicionados na entrada de Fordow dias antes dos ataques (veja imagem abaixo). Uma imagem de satélite mostra caminhões posicionados perto da entrada da instalação de enriquecimento de combustível de Fordow, próxima a Qom, Irã, em 19 de junho de 2025 Maxar Technologies/Divulgação via REUTERS Mais cedo, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou desconhecer qualquer informação de inteligência que sugerisse que o Irã havia transferido seu urânio antes dos ataques dos EUA. Também nesta quinta, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AEIA), que regula e vistoria centrais nucleares do mundo, Rafael Grossi, afirmou em entrevista à rádio francesa RFI que Fordow não estava mais operativa após os ataques dos EUA. Grossi, no entanto, também não deu informações sobre se o estoque de urânio da instalação ainda estava lá dentro ou se foi retirada antes. Batalha de versões Os danos exatos causados pelos bombardeios feitos pelso Estados Unidos a instalações nucleares do Irã, no fim de semana, ainda são incertos. Ambos os lados vêm apresentando versões distintas e sempre sem dados concretos ou imagem para prová-las. Desde terça-feira (24), o presidente dos EUA, Donald Trump, vem afirmando que os bombardeios norte-americanos tiveram grande poder de destruição, principalmente sobre Fordow. Trump inclusive rejeitou um relatório preliminar de sua Agência de Inteligência de Defesa indicando que os danos atrasaram o programa nuclear iraniano em apenas alguns meses. Já o governo iraniano chegou a admitir, na quarta-feira (25), que houve "grandes danos" em Fordow, mas não especificou quais. Já nesta quinta (26), o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os EUA "não conseguiram muito" com sua ofensiva. "Os EUA atingiram as instalações nucleares, mas não conseguiram (destruir) muito", disse Khamenei, em pronunciamento à nação nesta quinta. A AEIA ainda não havia conseguido quantificar os danos causados às instalações iranianas pelos ataques dos EUA até a última atualização desta reportagem. No início da semana, o Parlamento iraniano chegou a aprovar a suspensão da cooperação do Irã com a AEIA — isso significaria, na prática, que o país não teria mais o compromisso de abrir suas instalações nucleares para vistorias da agência, que tenta garantir que o urânio só seja enriquecido abaixo dos limites necessários para a realização de uma bomba nuclear. Nesta quinta, a agência da ONU disse que ainda não havia recebido nenhuma comunicação do Irã sobre um possível rompimento.

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