Itamaraty agradece Argentina por identificação de pianista desaparecido
No sábado (13), governo argentino informou que havia identificado Francisco Tenório Cerqueira Júnior, desaparecido na época de golpe militar

O Itamaraty publicou neste domingo (14/9) um agradecimento ao governo argentino pela identificação do corpo do pianista brasileira Francisco Tenório Cerqueira Júnior pela Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF).
O artista brasileiro desapareceu em 18 de março de 1976, depois de deixar o Hotel Normandie, na região central de Buenos Aires. Tenório Júnior, que na época tinha 35 anos, chegou a Buenos Aires para acompanhar a banda de Vinícius de Moraes e Toquinho para uma turnê. O desaparecimento do pianista brasileiro aconteceu poucos dias antes do golpe militar que derrubou a presidente Isabelita Perón.
No último sábado (13/9) o governo argentino publicou que havia identificado o corpo do pianista brasileiro.
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“O Governo brasileiro saúda os esforços da Justiça e da Procuradoria de Crimes contra a Humanidade argentinas que resultaram no avanço desse caso. Trata-se de mais um exemplo da importância da atuação daqueles órgãos em prol da Memória, da Verdade e da Justiça, direito inalienável das vítimas, dos familiares daqueles que sofreram a violência dos regimes de exceção e também das sociedades da Argentina, do Brasil e de outros países latino-americanos que estiveram sob o jugo de ditaduras militares no século passado”, diz governo brasileiro em nota.
Identificação
Ainda conforme informações da EAAF, o pianista foi identificado por meio das impressões digitais. Apesar disso, o corpo dele não foi recuperado, mas sabe-se que ele foi enterrado no cemitério de Benavídez, na capital portenha.
Segundo o governo argentino, dois dias depois do desaparecimento do pianista, o corpo de um homem foi encontrado em um terreno baldio na Rua Belgrano, no bairro Tigre. Com isso, deu-se início a um processo de identificação, com o recolhimento das impressões digitais e a autópsia. Apesar disso, o corpo foi enterrado como “não identificado” no cemitério de Benavídez.
Retomada da investigação
Anos depois, a Procuradoria de Crimes Contra a Humanidade começou uma investigação de processos judiciais iniciados na província de Buenos Aires, entre 1975-1983. Essas ações envolvem cadáveres encontrados em vias públicas e que não foram identificados, com o objetivo de enumerar os assassinados pelo governo da Argentina, na época.
Na sequência, a Câmara Federal de Recurso Criminal e Correcional da Capital Federal ordenou a comparação das impressões digitais do dossiê de 1976 com as de Tenório Júnior, arquivadas no Brasil.
A identidade do pianista brasileiro foi confirmada. A família dele no Brasil foi notificada pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e pelo procurador Ivan Marx, conselheiro da Comissão.
Em 2013, a Comissão Nacional da Verdade, no Brasil, iniciou uma investigação para tentar localizar o corpo do músico, a pedido da família dele. Tenório Júnior deixou a esposa Carmen Cerqueira, então grávida de oito meses, e outros quatro filhos.
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