LAÍRE ROSADO: IBRAHIM ABI-ACKEL, A ENTREVISTA QUE NÃO FOI AO AR

Ex-ministro Ibrahim Abi- Ackel Petrônio Portela, piauiense, foi deputado estadual, prefeito de Teresina, governador do estado, senador da República, presidente nacional da Arena, presidente do Congresso Nacional e ministro da Justiça do governo Figueiredo (1979-85). Teve grande destaque no período da ditadura militar, participando das principais articulações políticas que levaram à reabertura democrática no Brasil. […]

Agosto 23, 2025 - 10:30
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LAÍRE ROSADO: IBRAHIM ABI-ACKEL, A ENTREVISTA QUE NÃO FOI AO AR

Ex-ministro Ibrahim Abi-
Ackel

Petrônio Portela, piauiense, foi deputado estadual, prefeito de Teresina, governador do estado, senador da República, presidente nacional da Arena, presidente do Congresso Nacional e ministro da Justiça do governo Figueiredo (1979-85). Teve grande destaque no período da ditadura militar, participando das principais articulações políticas que levaram à reabertura democrática no Brasil. Era tido como o candidato natural a disputar a presidência da República, após o período do golpe militar. Era senador e ocupava o cargo de ministro da Justiça quando faleceu, em 1980, aos 54 anos de idade.

Dinarte Maria, norte-rio-grandense, foi prefeito de Caicó, governador do estado e senador, era dos amigos de Petrônio Portela e político de confiança dos militares. Com visão política aguçada, ainda no momento de perplexidade com a morte de Petrônio, fez chegar ao presidente da República, João Batista Figueiredo, o recado de que Petrônio, pré-candidato a presidente da República, havia lhe confidenciado que o melhor nome para sucedê-lo no ministério era o do deputado mineiro, Ibrahim Abi-Ackel, comentário que logo foi difundido na imprensa.

Conheci o ministro Ibrahim Abi-Ackel, em Mossoró, convidado pelo amigo e então deputado federal Vingt Rosado. Oficialmente, o ministro veio à convite da Loja Maçônica Maçônica 24 de Junho para ser o orador oficial na Sessão Magna do 30 de Setembro, data em que Mossoró, ainda hoje, comemora a libertação dos escravos na cidade. Fez vibrante pronunciamento, extasiando os presentes e repercutindo por toda parte. O governador Lavoisier Maia, e o ex-governador Tarcísio Maia tentaram evitar a vinda do ministro, pedindo a interferência do presidente Figueiredo, que não os atendeu. Depois, fui seu colega na Câmara dos Deputados, quando exercia meu terceiro mandato de deputado federal.

Perguntei ao ministro Ibrahim o porquê da escolha do general Figueiredo para presidente da República. Respondeu que Figueiredo tinha sido um aluno destacado em todos os cursos que frequentou. Fez uma carreira militar digna de louvores. Seus companheiros o julgavam como o melhor, o mais preparado, para suceder ao presidente Ernesto Geisel.  Mas, continuou, na política, estava enfrentando dificuldades em superar os obstáculos na abertura política.

Tudo me veio à lembrança, ao ler “A Globo – Hegemonia”, de Ernesto Rodrigues, que foi editor e executivo de telejornais e programas da TV Globo, que registra episódio com o ex-ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel, após o atentado do Rio Centro, no Rio de Janeiro.

Chico Pinheiro, com 28 anos, trabalhando como repórter da TV Globo, em Belo Horizonte, recebeu a missão de levar notícias importantes sobre o atentado. Foi ao aeroporto da Pampulha em busca de pessoas importantes que por ali transitavam. Identificou o ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel, de quem já era conhecido, o que facilitou o acesso.

Fez a primeira pergunta: “- A quem o senhor atribui o atentado de ontem no Rio Centro?

-Atentado, aquilo? Foi?

– Os responsáveis por esse atentado são uns bolsões sinceros, mas radicais. Os responsáveis por esse atentado são os pescadores de águas turvas.

– O senhor está se referindo então ao pessoal do exército

Isso mesmo. É coisa de gente de dentro, é coisa de gente do exército, não é? Agora só resta dizer quem foi, por que foi, mas eu não tenho nenhuma dúvida disso”.

Chico ficou empolgado com a entrevista. Estava com uma verdadeira bomba nas mãos. Mas não entendeu quando o ministro Abi-Ackel se despediu, dizendo, “bela entrevista. É uma pena que não vai ao ar.” Para surpresa do repórter, a profecia de Abi-Ackel se concretizou. Chico entregou o material, que não foi publicado. Ou foi arquivado ou desapareceu, por obra de algum censor de plantão na editoria de política da Globo.

 

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