Lavrov sinaliza negociações estratégicas entre Rússia, EUA e China
Em meio à escalada da guerra comercial entre EUA e China, Sergey Lavrov, defende diálogo trilateral sobre estabilidade global

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou nesta quarta-feira (15/10) que Moscou mantém aberta a possibilidade de negociações de estabilidade estratégica com os Estados Unidos e a China. A proposta, segundo ele, segue em discussão apesar das tensões crescentes entre Washington e Pequim.
“A iniciativa de longa data das negociações trilaterais Rússia-EUA-China sobre estabilidade estratégica, lançada sob o governo Joe Biden, continua vigente”, declarou Lavrov em entrevista ao jornal Kommersant. “A ideia já circula há anos, de uma forma ou de outra.”
O chanceler russo destacou que a posição russa é de que “cabe à China decidir” sobre sua adesão às tratativas. Segundo ele, o arsenal chinês ainda não é comparável ao das duas maiores potências nucleares.
“A China tem sua própria abordagem. Seu arsenal ainda não é comparável ao nosso ou ao americano”, afirmou. “Lembramos constantemente aos colegas dos Estados Unidos que eles não devem se esquecer de seus aliados — França e Reino Unido — que fazem parte da mesma aliança militar.”
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Autocontenção e fim do tratado nuclear
O chanceler russo também abordou a suspensão do último tratado de controle nuclear em vigor entre Washington e Moscou, o New START, que expira em fevereiro de 2026. Segundo Lavrov, o presidente Vladimir Putin decidiu manter uma “autocontenção voluntária” em relação aos limites estabelecidos no acordo, sob condição de que os EUA façam o mesmo.
“Putin disse que nós – a Rússia – estamos estendendo nossa autocontenção voluntária pelos parâmetros quantitativos especificados no Tratado, com a condição de que, após 6 de fevereiro de 2026, os Estados Unidos façam o mesmo. Caso contrário, tais questões não são unilaterais”, disse Lavrov.
Ele afirmou ainda que Moscou aguarda uma resposta de Washington antes do vencimento do tratado.
Escalada entre EUA e China
- Enquanto Moscou acena ao diálogo, Washington e Pequim vivem um dos piores momentos diplomáticos da última década.
- Nesta quarta-feira (15/10), o presidente americano Donald Trump afirmou que os Estados Unidos estão em uma “guerra comercial” com a China, ao anunciar tarifas de 100% sobre todos os produtos importados do país asiático.
- Além das tensões militares, o impasse comercial se aprofundou após a China suspender a compra de soja dos EUA, medida que afeta fortemente o setor agrícola americano.
- Trump respondeu prometendo retaliações econômicas adicionais, incluindo restrições a negócios com o governo chinês.
Relação sólida com a China
O ministro de Vladimir Putin ressaltou que a Rússia não pretende formar alianças “contra ninguém”, especialmente contra Pequim.
“Isso nem passaria pela nossa cabeça”, disse. “Temos uma estrutura jurídica sólida com a China que demonstra claramente nosso relacionamento — apoiar e ajudar um ao outro, fortalecer nossas economias, capacidades de defesa e posições no cenário internacional”.
As declarações ocorrem em meio a uma aproximação cada vez mais estreita entre Moscou e Pequim, consolidada na recente visita de Putin à China. Durante o encontro com Xi Jinping e o líder norte-coreano Kim Jong-un, os três países reforçaram a intenção de promover uma “nova governança global” sem a hegemonia dos Estados Unidos.
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