Líder do PCC que pagou R$ 5 milhões a PMs da Rota é preso na Bolívia
Ele é apontado como cérebro financeiro do PCC, condenado a mais de 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de capitais

Um dos nomes mais enigmáticos e influentes do Primeiro Comando da Capital (PCC) fora dos presídios, Marcos Roberto de Almeida, o “Tuta”, foi preso nesta sexta-feira (16/5) em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, durante ação conjunta entre a Polícia Federal do Brasil e a Fuerza Especial de Lucha Contra el Crimen (FELCC), força de elite do país vizinho.
Segundo informações iniciais, Tuta foi detido por uso de documento falso. O brasileiro, que consta na Lista Vermelha da Interpol, aguarda confirmação oficial de identidade e pode ser expulso ou extraditado nos próximos dias.
Ele é apontado como cérebro financeiro da facção, condenado a mais de 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de capitais. Investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) atribuem a ele o papel de operador de um sistema que movimentou mais de R$ 1 bilhão para o PCC, com ramificações no tráfico internacional de drogas e aquisição de imóveis de luxo.
Antes de alcançar o topo da hierarquia da facção fora do sistema prisional, Tuta ocupou um cargo diferente, entre 2018 e 2019, ele atuou como adido comercial no Consulado de Moçambique, em Minas Gerais. Registrado em carteira e com salário de R$ 10 mil, tratava de temas ligados ao intercâmbio econômico entre Brasil e África.
Segundo depoimento do ex-cônsul-honorário Deusdete Januário Gonçalves, dado à Justiça em 2024, Tuta apresentava-se como um homem “simples” e “sem ostentação”. O vínculo só foi rompido após o diplomata ser intimado a depor em uma ação sobre lavagem de dinheiro.
“Salvo pela R”
O nome de Tuta ganhou destaque nacional em 2020, quando ele escapou da Operação Sharks, que mirava a cúpula do PCC. Na ocasião, ele não foi localizado pela Rota — tropa de elite da PM paulista — no endereço conhecido. Depois, surgiram provas de que o próprio Tuta teria afirmado, em áudio, ter sido “salvo pela R”.
De acordo com o Gaeco, Tuta teria pago R$ 5 milhões a policiais do setor de inteligência da Rota em troca de informações privilegiadas sobre os mandados. Parte do valor foi paga em espécie, com R$ 2 milhões de entrada, segundo os investigadores.
O caso foi levado aos superiores da corporação, incluindo o então comandante da Rota, José Augusto Coutinho, hoje número dois na hierarquia da PM. Promotores afirmam que nenhuma providência foi tomada e o episódio acabou abafado.
Ascensão, queda e desaparecimento
Com a saída dos líderes históricos da facção para presídios federais, Tuta assumiu a liderança do PCC nas ruas. Com influência sobre o braço financeiro e operacional, acumulou riqueza e poder — o que acabou levando à sua queda.
Em 2022, foi supostamente expulso da facção por enriquecer às custas da organização. Investigadores suspeitam que ele tenha sido sequestrado e executado pelo tribunal do crime do próprio PCC, mas nenhuma prova concreta foi apresentada. Até hoje, ele era oficialmente considerado foragido.
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