Ligações perigosas entre Elmar Nascimento e Rei do Lixo levaram Overclean ao STF

A Operação Overclean, que apura um vasto esquema de fraudes em licitações, desvio de emendas parlamentares, corrupção e lavagem de dinheiro, revelou uma conexão perigosa entre o deputado federal Elmar Nascimento (União-BA) e o empresário Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”.

Essa relação veio à tona durante uma das fases da operação e gira em torno de uma transação imobiliária de luxo que levantou suspeitas da Polícia Federal (PF) por possível ocultação de patrimônio e tentativa de dificultar o rastreamento de ativos ilícitos.

No decorrer das buscas, a PF encontrou em um cofre de Marcos Moura a escritura de compra e venda de um imóvel de alto padrão no condomínio Porto Trapiche Residence, em Salvador.

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O documento revelava uma transação entre o deputado Elmar Nascimento e a Patrimonial Moura Ltda., empresa registrada em nome de Bárbara Carvalho de Moura Abreu, filha de Marcos Moura.

Apesar de formalmente estar no nome da filha, Marcos Moura detinha procuração para administrar a empresa.

A troca de imóveis de luxo

De acordo com a investigação, o apartamento inicialmente adquirido pela MM Consultoria Construções e Serviços Ltda., de propriedade de Marcos Moura, havia sido comprado por R$ 1,3 milhão. Para quitar a dívida referente a essa aquisição, Elmar Nascimento transferiu outro imóvel, também no Porto Trapiche Residence, para a Patrimonial Moura.

A PF aponta que esse tipo de operação patrimonial, envolvendo trocas de bens de alto valor em nome de empresas ligadas a familiares de investigados, é uma estratégia típica de lavagem de dinheiro.

As investigações revelaram ainda que Marcos Moura, o “Rei do Lixo”, ocupa cargo no diretório nacional do União Brasil, o mesmo partido de Elmar Nascimento. Segundo a PF, Moura utilizava sua posição para ampliar a influência da organização criminosa, facilitando a obtenção de contratos públicos e ampliando o esquema para diferentes estados.

Familiares de Elmar na mira

Nesta quinta-feira (17/7), conforme a coluna revelou, três familiares diretos de Elmar Nascimento foram alvos da Operação Overclean. Entre eles estão: • Elmo Aluízio Vieira do Nascimento, prefeito de Campo Formoso e irmão do parlamentar; • Amaury Albuquerque Nascimento, primo e ex-assessor de Elmar, que foi exonerado após ser citado na investigação; • Francisco Nascimento, também primo e ex-vereador de Campo Formoso, conhecido por ter jogado dinheiro pela janela em uma ação anterior da PF.

O município de Campo Formoso, administrado pelo irmão de Elmar, é considerado o epicentro dos desvios investigados. A prefeitura teria autorizado pagamentos milionários a empresas envolvidas em fraudes licitatórias. A PF já identificou mais de R$ 1,4 bilhão em contratos suspeitos ligados ao grupo.

Crimes e foro privilegiado

Os crimes investigados incluem organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações, embaraço à investigação e lavagem de dinheiro.

Por envolver autoridades com foro privilegiado, como o deputado Elmar Nascimento, o caso foi remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar dos indícios, todos os citados negam qualquer irregularidade.