Lula e Tarcísio disputam protagonismo em hospital inteligente da USP
Governos federal, de Lula, e estadual, de Tarcísio de Freitas, têm interesse em liderar projeto do 1º hospital inteligente do país
                                O Instituto Tecnológico de Medicina Inteligente (ITMI), projeto de R$ 2 bilhões que deve ser construído a partir do próximo ano na capital paulista, é alvo de disputa de protagonismo político entre os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador de São Paulo, de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
De acordo com a Universidade de São Paulo (USP), o ITMI deve ser o primeiro “hospital inteligente” do país, ou seja, projetado com inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT), big data, telessaúde e sistematização de processos. A estrutura hospitalar tecnológica deve ser integrada com ambulâncias conectadas à tecnologia 5G, prontuários eletrônicos e sistemas preditivos de gestão assistencial.
O novo empreendimento deve ser instalado em terreno doado pelo governo de SP ao lado do Hospital das Clínicas
O projeto será estruturado no complexo do Hospital das Clínicas (HC), da USP, e operará por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e, portanto, só poderá avançar com uma parceria entre as gestões federal e estadual, mas uma disputa por quem financiará o empreendimento já foi iniciada nos bastidores.
Como mostrou o colunista Igor Gadelha, Tarcísio foi à casa do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), onde almoçou com o magistrado e com a médica, professora e integrante do conselho da USP, Ludhmila Hajjar, na última quarta-feira (29/10). Ela é a principal idealizadora do projeto do hospital inteligente, que promete impulsionar a eficiência no atendimento de saúde pública no país.
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No almoço, Tarcísio teria se disposto a financiar o hospital, dizendo inclusive que, pela importância do projeto, não se oporia a colocar dinheiro direto do Estado de São Paulo sem nenhum financiamento. Segundo participantes da reunião, a alternativa tornaria o processo mais célere e diminuiria a quantidade de entidades com poder para interferir na governança do instituto.
O Ministério da Saúde, por outro lado, disse que já mantém conversas com o Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics, que já acenou para a possibilidade de um aporte de R$ 320 milhões ao empreendimento, que nos planos do governo federal, será o primeiro de uma rede de hospitais inteligentes. O financiamento ainda não foi aprovado.
“Queremos discutir a aprovação no board [do banco dos Brics] em dezembro, ou na primeira reunião no começo do ano que vem. A expectativa nossa é já construir esse grande projeto no ano que vem”, disse Padilha a jornalistas em São Paulo, no dia seguinte ao almoço em que Tarcísio tratou sobre o assunto na casa de Gilmar Mendes.
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Reunião para tratar de novo hospital inteligente com integrantes do Ministério da Saúde  e da USPThimótes Soares/Ministério da Saúde/Divulgação
Ludhmilla Hajar, idealizadora do projeto do hospital inteligente, em reunião na Faculdade de MedicinaMarcos Santos/USP/Divulgação
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), em reunião na Faculdade de MedicinaMarcos Santos/USP/Divulgação
Sobre uma possível disputa com o governo paulista, Padilha, publicamente, desconversou, dizendo que as conversas “têm sido sempre muito positivas”.
“Eu já fui na Faculdade de Medicina da USP, na Universidade de São Paulo, estivemos lá com a Universidade, com a secretaria estadual [de Saúde], estivemos também com outros estados pontuando, planejando as demais unidades”, acrescentou.
A USP afirma que o novo empreendimento deve ser construído em um terreno doado pelo governo paulista, ao lado do HC, onde funciona a sede da Secretaria de Estado da Saúde. A previsão é de que as operações começem três anos após o início das obras.
Os números do novo hospital
- O investimento para a construção do novo hospital deve custar cerca de R$ 2 bilhões, segundo a USP.
 - O projeto arquitetônico consiste na construção de um prédio de 150 mil metros quadrados.
 - O ITMI terá 800 leitos para atendimentos de crianças e adultos nas áreas de neurologia, neurocirurgia, cardiologia, terapia intensiva e outras urgências.
 - Segundo o MS, o uso da inteligência artificial, das ambulâncias conectadas à tecnologia 5G e das telessaúde, o tempo de atendimento em casos graves pode ser reduzido de até 17 horas para 2 horas.
 - Além de São Paulo, o governo federal projeta instalar Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) inteligentes em outras nove capitais brasileiras: Belém, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Teresina.
 
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