Maníaco do Parque sobre possível soltura em 2028: “Homem transformado”
Em conversa com advogada, condenado pela morte de sete mulheres, em série de crimes que chocou o país, disse que "aquele Francisco morreu"

São Paulo — Com a aproximação da liberdade, prevista para 2028, Francisco de Assis Pereira, conhecido como o Maníaco do Parque, acredita ser um “homem transformado”. Uma advogada que o acompanhou nos últimos meses revelou ao Metrópoles que ele se considera “outra pessoa”, além de estar “apto a viver em sociedade”.
Caroline Landim foi contratada para representar uma profissional que desenvolvia projeto para abordar questões de saúde mental em presídios no Brasil. Francisco manifestou interesse em participar e a mulher foi habilitada para fazer visitas ao detento, na penitenciária de Iaras, no interior de São Paulo.
A advogada intermediou esse processo e passou a ajudar Francisco com atendimentos à distância — a pedido da profissional. Em entrevista ao Metrópoles, ela contou como está a expectativa do homem, condenado a mais de 270 anos de prisão– mas que cumprirá apenas 30 anos de reclusão, por causa da legislação da época da condenação — para ser solto daqui a três anos, quando completará 60 anos.
“Ele [Francisco] não traz muito sobre os planejamentos dele, mas fala que quer dar voz a tudo que ele passou, porque, na versão dele, era uma pessoa e hoje ele é outra. Ele sempre faz questão de lembrar que ele aprendeu com os erros dele, que hoje é um homem transformado. Ele se apegou a esse lado da fé, para poder trazer essa nova versão e dizer que está apto a viver em sociedade”, diz Landim.
Segundo a advogada, o Maníaco do Parque não sente medo de deixar a prisão. “A única coisa que ele sempre fala é que, quando for solto, vai precisar de ajuda. Como ele ficou muito tempo fora do mundo, não sabe como está a situação hoje”, afirma.
Em 1998, Francisco foi condenado pela morte de sete mulheres e estupro de mais de uma dezena.
Quem era Francisco de Assis Pereira?
Natural de Guaraci, no interior paulista, Francisco trabalhava como motoboy na capital. Ele também era atleta e participava de campeonatos de patinação, assim como é mostrado no filme.
Para cometer os crimes, Francisco se apresentava como caça talentos e oferecia ensaios fotográficos remunerados às mulheres, prometendo a chance de se tornarem modelos de sucesso. Com esse pretexto, ele conseguia levá-las até o Parque do Estado, na zona sul de São Paulo, onde as atacava.
Em julho de 1998, em um intervalo de dois dias, foram encontrados, no interior do parque, quatro corpos de mulheres, despidos e de bruços, com sinais de abusos sexuais e estrangulamento. A investigação da polícia os relacionou com outros cadáveres localizados na área, meses antes, com características semelhantes.
Após ouvir depoimentos de mulheres que sobreviveram aos ataques de Francisco, a polícia elaborou um retrato falado do criminoso e divulgou para a imprensa. A circulação da imagem fez com que o motoboy se demitisse da empresa onde trabalhava e fugisse da cidade.
Na empresa, os investigadores encontraram a carteira e a identidade de uma das vítimas encontradas mortas no parque.
Mais de três semanas após a criação do retrato, Francisco foi localizado e preso em Itaqui, no Rio Grande do Sul, perto da fronteira com a Argentina. Ele foi denunciado por um pescador que mantinha uma pensão familiar onde o criminoso buscou se hospedar.
Francisco foi transferido para a Casa de Custódia de Taubaté, no interior de São Paulo, no dia 14 de agosto. Quando saiu do prédio, escoltado por policiais, uma multidão com mais de 200 pessoas tentou avançar sobre o criminoso, aos gritos de “assassino”, “lincha” e “vai morrer”.
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