MC condenado por apologia diz que se baseou na TV para fazer música

MC Bokão foi condenado pela letra da música Assalto em Botucatu, que supostamente exaltou crime ocorrido em 2020 no interior de São Paulo

Jul 17, 2025 - 07:20
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MC condenado por apologia diz que se baseou na TV para fazer música

O MC Bokão, condenado por apologia ao crime por conta de uma música que fez em referência a um mega-assalto cometido em 2020 em Botucatu, no interior de São Paulo, disse ao Metrópoles que se baseou em notícias da TV para escrever a letra. Por isso, ele diz não entender a condenação.

“É assim que eu faço as minhas músicas: se eu estou assistindo um jornal aqui agora e passar um roubo a banco, eu pego as informações do jornal e faço a música. Então qual é o sentido de eu estar comentando algum crime?”, questionou.

O MC cita um verso da canção, intitulada Assalto em Botucatu, como exemplo: “Fora de cogitação quanto a vantagem de um milhão e algumas armas apreendidas de nossa quadrilha”.

“É o que eu li, é o que passou na TV. Então, não tem muita diferença. Às vezes eu acho que é meio sem sentido, mas eu também não fico brigando por isso não”, afirmou Bokão, que é alvo de outros processos por apologia ao crime, em diferentes estados do Brasil. Réu primário, o caso de Botucatu foi sua primeira condenação.

O artista contou ainda que, quando foi depor no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil de São Paulo, foi bem tratado pelos policiais. Os agentes chegaram a dizer ao MC que preferiam prender quem roubou o banco, e não queriam saber da música.

Condenado por apologia ao crime

Em denúncia, apresentada à Justiça em 10 de setembro de 2020, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) alegou que a música de Bokão enaltece e faz apologia a um crime grave cometido dias antes em Botucatu, que aconteceu durante o período de calamidade pública decretado devido à Covid.

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A promotoria destacou ainda que, no mesmo dia da postagem, os vídeos já haviam sido visualizados por quase 12 mil pessoas, demonstrando o “potencial virulento” da conduta, que não demonstrava qualquer compaixão “com a população que se viu refém de prática delitiva de tamanha hediondez”.

Por isso, Bokão foi denunciado por apologia ao crime, com o agravante de ter cometido a infração em ocasião de calamidade pública (artigos 287 e 61 do Código Penal).

A denúncia foi aceita pela 1ª Vara Criminal do Foro de Botucatu e, em agosto do ano passado, ele foi condenado a três meses e 15 dias de detenção em regime aberto, além do pagamento de R$ 15 mil por danos morais coletivos. O juiz da 1ª Vara Criminal de Botucatu, Josias Martins de Almeida Junior afirmou que o artista “enalteceu a conduta” da quadrilha.

Após recurso da defesa, a 12ª Câmara de Direito Criminal do TJSP manteve a condenação em segunda instância, em decisão de 17 de junho deste ano. Os desembargadores, no entanto, afastaram o agravante de calamidade pública, afirmando que não havia relação entre o fato e a inspiração para o crime de apologia.

Como consequência do afastamento da agravante, a pena de detenção foi reduzida para três meses. O regime prisional aberto foi mantido, e a pena privativa de liberdade foi substituída pelo pagamento de 10 dias-multa. Também foi mantida a indenização por danos morais coletivos.

Ainda cabe recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A reportagem contatou a defesa do MC Bokão, que preferiu não se manifestar.

Assalto em Botucatu

  • Em 29 de julho de 2020, uma quadrilha de assaltantes — fortemente armados — invadiu Botucatu e bloqueou as rodovias da cidade.
  • Além de fuzis e carros blindados, o grupo também utilizou drones para monitorar a polícia.
  • O principal alvo foi o Banco do Brasil, localizado no centro do município, de onde R$ 2.090.345,00 foram roubados. Parte do montante foi recuperado.
  • Houve um grande confronto com as polícias da região. Dois policiais ficaram feridos.
  • Mais tarde, quatro suspeitos de envolvimento no assalto foram condenados a penas que superam 50 anos de prisão.

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