Metanol: perícia confirma substância em bebidas de duas distribuidoras
Segundo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, metanol foi identificado em produtos apreendidos durante fiscalizações

A Polícia Civil de São Paulo confirmou a contaminação por metanol em bebidas de duas distribuidoras no estado. A informação foi divulgada, nesta segunda-feira (6/10), pelo secretário de Segurança Pública paulista (SSP), Guilherme Derrite, após o resultado dos laudos.
O chefe da pasta participou de uma entrevista coletiva ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de outras autoridades para divulgar um balanço da força-tarefa criada para investigar os casos de adulteração de bebidas.
Segundo o secretário, os materiais foram apreendidos após fiscalização na última sexta-feira (3/10).
“São 17 requisições em 13 boletins de ocorrência distintos. Dessas 17 requisições, duas foram confirmadas. Saiu hoje o laudo positivo contendo metanol. Eram distribuidoras”, afirmou.
De acordo com o secretário, a partir dessa confirmação, as autoridades conseguem analisar os boletins de ocorrência e identificar quais casos de intoxicação estão relacionados com as bebidas oriundas dessas distribuidoras.
SP é epicentro dos casos de intoxicação por metanol
- O estado de São Paulo é o que vive a pior situação em relação aos casos de intoxicação por metanol no Brasil.
- O território paulista já registra 179 casos, sendo 15 confirmados e 164 em investigação, em 27 cidades diferentes. Ao todo, sete óbitos são investigados e dois foram confirmados.
- Até o sábado (4/10), a Prefeitura de São Paulo confirmou duas mortes causadas por intoxicação por metanol na capital paulista.
- Uma vítima é um homem, de 46 anos, identificado como Marcos Antônio Jorge Junior, que faleceu na quinta-feira (2/10).
- Ele deu entrada no Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio, no Tatuapé, com sintomas de contaminação, no dia 29 de setembro.
- A pasta já havia confirmado uma primeira morte causada pela contaminação por metanol no dia 15 de setembro: o empresário Ricardo Lopes Mira. Ele apresentou sintomas no dia 9 do mesmo mês e foi atendido pela rede privada.
- Essas são as duas únicas mortes confirmadas no Brasil até o momento. A secretaria municipal lamentou as duas perdas.
Linhas de investigação
Na entrevista coletiva, as autoridades afirmaram que trabalham com a hipótese de que a substância tóxica seja proveniente da limpeza das garrafas de bebida e descartaram a possibilidade de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A principal linha de investigação, no entanto, envolve o uso de etanol de baixa qualidade para adulterar bebidas alcoólicas.
“Nós não descartamos a possibilidade da contaminação na tentativa da lavagem, para a limpeza dos vasilhames, mas não é a principal suspeita. A principal suspeita da Polícia Civil é que, durante o processo de adulteração, é que o etanol que está sendo utilizado para fazer a adulteração dessas bebidas nessas produções clandestinas seja um etanol de baixa qualidade que vem contaminado com metanol”, disse Derrite.
Em relação ao crime organizado, a associação foi descartada porque não foram identificados indícios de elo com facções entre as pessoas presas por envolvimento nos casos.
Segundo Tarcísio, a contaminação remete a um problema maior de falsificação de produtos que afeta diferentes setores da economia brasileira. Ele defendeu um aperfeiçoamento da legislação de controle às fraudes, além da criação de um selo para atestar a qualidade dos produtos comercializados.
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Ainda durante a coletiva, o governador anunciou uma força-tarefa com empresas do setor de bebidas para combater as falsificações:
“Vamos firmar um convênio com a AADD e a Abrade [para criar] um grande programa de combate à falsificação. Treinar os agentes públicos para combater as fraudes. Treinar o comerciantes para que eles também possam aprender formas de divulgar e combater as falsificações. Vamos fazer um grande treinamento, dos próprios comerciantes e dos agentes de fiscalização”, disse Tarcísio de Freitas.
Antes da entrevista, o governador reuniu o Gabinete de Crise montado para o enfrentamento dos casos de intoxicação por metanol. Estavam presentes representantes das pastas de Saúde, Segurança Pública, Justiça e Cidadania, Desenvolvimento Econômico, Fazenda e Planejamento.
Também participaram representantes do ramo de bebidas, entre eles Brown-Forman (Jack Daniel’s), Bacardi, Diageo (Johnnie Walker e Smirnoff), PernordRicard (Absolut) e Beam Suntory (Jim Beam).
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