“Não há dúvida do direcionamento político”, diz Moraes sobre ex-SSP
Alexandre de Moraes é o ministro relator do processo que julga o núcleo 2 pela tentativa de golpe
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que “não há dúvida do direcionamento político” de Marília Alencar (foto em destaque).
Ex-subsecretária da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) e delegada da Polícia Federal, Marília é uma das seis pessoas que são parte no julgamento do núcleo 2 da trama golpista.
Nesta terça-feira (16/12), o Supremo retomou o julgamento do grupo com o voto de Moraes. Ao falar de Marília, o ministro afirmou que ela e o então ministro de Justiça, Anderson Torres, visavam “tumultuar o 2º turno” das eleições de 2022.
“[Anderson e Marília] visavam tumultuar o 2º turno da eleição impedindo assim que determinados eleitores, que no 1º turno haviam votado no candidato Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente na região nordeste do país, impedir que esses eleitores chegassem às urnas”, disse.
O ministro ainda destacou que “não há nenhuma dúvida quanto ao direcionamento político da ré Marília”. Antes de chegar à SSP-DF, Marília era diretora de Inteligência do Ministério da Justiça durante a gestão de Anderson Torres.
Em 2022, ela foi uma das responsáveis por articular a organização de blitze pelo país para evitar que eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguissem votar no segundo turno. As informações constam em denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Além de Marília, o ex-secretário Executivo da SSP-DF Fernando Sousa também é réu na ação. Conversas dele com Marília foram citadas no processo. Em uma das mensagens, ela disse a Fernando que “precisavam pensar na ofensiva contra essas pesquisas [eleitorais]”.
“O que uma delegada federal, servidora da parte de inteligência do Ministério da Justiça, tem que direcionar o seu trabalho para pensar numa ofensiva a pesquisas de opinião pública”, questionou Moraes.
O ministro votou pela condenação de Marília por entender que ela coordenou boletins de inteligência e a formatação da operação das blitze para impedir os eleitores de chegarem às urnas.
Compõem o Núcleo 2:
- Fernando de Sousa Oliveira (delegado da Polícia Federal);
- Filipe Garcia Martins Pereira (ex-assessor internacional da Presidência da República);
- Marcelo Costa Câmara (coronel da reserva do Exército e ex-assessor da Presidência);
- Marília Ferreira de Alencar (delegada e ex-diretora de Inteligência da Polícia Federal);
- Mário Fernandes (general da reserva do Exército);
- Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal).
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1 de 5Fernando Sousa era secretário Executivo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP) quando ocorreram os ataques de 8 de janeiroBreno Esaki/Especial Metrópoles
Marília AlencarBRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
Ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que condenou Braga Netto no STFVINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Paulo Gonet, procurador-geral da RepúblicaVINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Trama golpista - Kids pretos - Silvinei Vasques, Fernando de Sousa Oliveira, Filipe Garcia Martins Pereira, Marcelo Costa Câmara, Marília Ferreira de Alencar, Mário FernandesFotos Metrópoles
Fernando de Sousa
Em relação a Fernando Sousa, Moraes votou pela absolvição do réu em relação à interferência nas eleições. Segundo o ministro, “existe dúvida razoável” sobre a atuação de Fernando na trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
“Embora existam algumas conversas dele com Marília — conversas que poderiam, em tese, indicar ciência sobre os fatos —, esses outros elementos de prova demonstram a existência de dúvida razoável. Dessa forma, em relação a Fernando de Sousa Oliveira, afasto a sua responsabilidade, absolvendo-o das imputações”, disse Moraes.
O ministro ainda analisará a participação de Fernando no crime de organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
O voto de Moraes ainda será analisado pelos outros ministros da Primeira Turma do STF.
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