O Comando Vermelho (CV) ampliou de forma expressiva seu domínio no Estado do Rio de Janeiro, assumindo o controle de 70 dos 92 municípios fluminenses
Por ContraFatos O Comando Vermelho (CV) ampliou de forma expressiva seu domínio no Estado do Rio de Janeiro, assumindo o controle de 70 dos 92 municípios fluminenses, de acordo com um relatório elaborado pela Polícia Militar e divulgado pelo jornal O Globo. O documento mostra que 62,8% das áreas sob influência do crime organizado estão atualmente nas mãos da facção, que há décadas mantém forte presença […]

Por ContraFatos
O Comando Vermelho (CV) ampliou de forma expressiva seu domínio no Estado do Rio de Janeiro, assumindo o controle de 70 dos 92 municípios fluminenses, de acordo com um relatório elaborado pela Polícia Militar e divulgado pelo jornal O Globo.
O documento mostra que 62,8% das áreas sob influência do crime organizado estão atualmente nas mãos da facção, que há décadas mantém forte presença nos complexos do Alemão e da Penha, na capital.
Expansão e enfraquecimento do policiamento
O relatório indica que em 36 municípios o Comando Vermelho atua sem concorrência de outras facções, enquanto 15 cidades permanecem sem domínio consolidado por grupos criminosos. Para o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, a retração das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) facilitou a dispersão do tráfico para outras regiões do Estado.
Ele acrescenta que o grupo criminoso diversificou suas fontes de renda:
“Hoje, o tráfico representa apenas de 10% a 15% do faturamento do CV. O foco é a exploração econômica dos territórios — gás, luz, internet, transporte e extorsão”, afirmou.
Megaoperação revela poder armado
Uma operação policial de grande porte, realizada no fim de outubro, expôs a força bélica da facção. Durante o confronto, ônibus foram usados como barricadas, e o tiroteio se estendeu pelas ruas, impedindo o deslocamento de moradores.
O episódio reforçou a preocupação das autoridades com o avanço territorial do grupo.
Impactos econômicos e monopólios locais
Além do aumento da violência, o domínio do Comando Vermelho tem causado prejuízos econômicos a empresários e à população. Um empresário do setor de telecomunicações contou ao O Globo que perdeu 20 mil assinantes em uma cidade do Leste Fluminense para provedores controlados pela facção, conhecidos como “CVNet”.
Segundo ele, sua empresa só consegue atuar em 25% do território de São Gonçalo:
“Eu não perdi clientes para a concorrência, perdi para o maior provedor do Rio, o CVNet”, relatou.
Nas áreas dominadas, moradores vivem sob medo constante e enfrentam queda no valor dos imóveis. Uma moradora de Vila Isabel relatou a insegurança após o Morro dos Macacos ser tomado pelo grupo:
“No Dia das Mães, tivemos que almoçar dentro do quarto por causa do tiroteio. Nosso prédio vive com marcas de balas.”
Até mesmo bairros de classe média e alta, como Itanhangá e Jacarepaguá, registram tentativas da facção de monopolizar serviços como gás e internet.
Crescimento planejado e novas táticas
De acordo com a PM, entre janeiro e outubro deste ano, mais de 4,4 mil toneladas de barricadas foram removidas das ruas, um reflexo direto do avanço da facção. O Disque Denúncia também registrou aumento de 50% nas queixas relacionadas a bloqueios instalados por criminosos.
O pesquisador Daniel Hirata, da Universidade Federal Fluminense (UFF), analisa que o crescimento do CV é resultado de uma estratégia de expansão contínua:
“Ao contrário das milícias, o CV tem uma expansão orgânica e sustentada. Mas a disputa pela Zona Oeste ainda está em aberto”, destacou.
Hirata lembra que, já em 2023, o grupo controlava mais da metade dos territórios criminosos da Região Metropolitana, consolidando um avanço planejado e persistente sobre o estado.
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