Os dilemas de Bolsonaro e de Tarcísio de Freitas

A cada um a sua agonia

Agosto 17, 2025 - 06:30
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Os dilemas de Bolsonaro e de Tarcísio de Freitas

Duvido que Tarcísio de Freitas não deseje se candidatar a presidente em 2026. Para isso, já conta com o apoio de uma parcela do eleitorado da direita, do empresariado paulista em peso, do agronegócio e da mídia escrita, ouvida e televisionada.

Daí a concluir que ele será de fato candidato vai uma distância enorme que o próprio Tarcísio não sabe se está disposto a percorrer. Governador de São Paulo costuma ser visto como um potencial candidato a presidente. Sempre foi assim.

Mas de 1930 para cá, só um governador de São Paulo se elegeu presidente: Jânio Quadros, em 1960. Renunciou ao cargo depois de seis meses. Desde a redemocratização do país, apenas um governador elegeu-se presidente: Fernando Collor, de Alagoas.

De lá até hoje, segundo o jornalista Evandro Éboli, 11 ex-governadores disputaram 17 vezes a Presidência da República. Ciro Gomes é o recordista de participações. Ex-governador do Ceará (1991-1994), ele concorreu quatro vezes, perdendo todas.

Três governadores tentaram duas vezes cada, e foram derrotados: Leonel Brizola (PDT-RJ), em 1989 e em 1994; José Serra (PSDB-SP), em 2002 e 2010; e Geraldo Alckmin (PSDB-SP), em 2006 e 2018. Alckmin governou São Paulo por quatro mandatos.

O destino da candidatura de Tarcísio a presidente está nas mãos de Bolsonaro, até que Bolsonaro decida quem apoiará em 2026 – se ele, Tarcísio, ou se um dos seus filhos. Michelle vai bem nas pesquisas, mas teria dificuldades para se eleger presidente.

O eleitorado evangélico acha que a mulher deve ficar à sombra do homem. Michelle tem uma eleição relativamente segura para senadora pelo Distrito Federal. Dos filhos Zero de Bolsonaro, Eduardo está encrencado com a Justiça e Flávio é sem carisma.

Se for apenas para marcar posição e garantir sua relevância à direita, Bolsonaro lançará a candidatura de Eduardo ou a de Flávio. Bolsonaro parece convencido de que Tarcísio, uma vez eleito presidente, acabaria por lhe dar um chute na bunda.

Tarcísio chama civis de paisanos e não aprecia políticos. É da sua formação como militar. Poderia até abreviar a prisão de Bolsonaro, mas preferencialmente governaria, como faz Lula, em dobradinha com o Supremo Tribunal Federal, onde tem bons amigos.

A eleição de Tarcísio seria celebrada por Donald Trump porque ela significaria o realinhamento automático do Brasil com os Estados Unidos. Trump usa Bolsonaro como bucha de canhão para tentar impedir que Lula ganhe um quarto mandato.

Ministro do Supremo é obrigado a se aposentar com 75 anos de idade. Caberá a quem governe o país de 2027 em diante nomear os substitutos de três dos atuais 11 ministros (Fux, Cármen e Gilmar). E caso se reeleja, mais dois (Fachin e Barroso).

Bolsonaro e Tarcísio enfrentam um dilema. Tarcísio: sem o apoio de Bolsonaro, deveria correr o risco de se candidatar a presidente? Bolsonaro: deveria correr o risco de se aposentar mais cedo da política apoiando um candidato que poderá se reeleger?

 

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