PEC da Blindagem: quando o poder zomba do povo

Ontem, ao acompanhar a aprovação da chamada PEC da Blindagem, senti como se tivesse levado um soco no estômago. Não falo apenas como alguém que acompanha a política de longe, mas como brasileira, cidadã. Foi mais do que uma votação técnica em Brasília: foi a sensação de impotência, de ver a democracia sendo achincalhada diante […]

Sep 18, 2025 - 16:30
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PEC da Blindagem: quando o poder zomba do povo

Ontem, ao acompanhar a aprovação da chamada PEC da Blindagem, senti como se tivesse levado um soco no estômago. Não falo apenas como alguém que acompanha a política de longe, mas como brasileira, cidadã. Foi mais do que uma votação técnica em Brasília: foi a sensação de impotência, de ver a democracia sendo achincalhada diante dos nossos olhos.

 

A proposta aprovada pela Câmara amplia o foro especial, redefine as regras de responsabilização de deputados e senadores e dá o Congresso Nacional o poder de barrar processos criminais e prisões de parlamentares, como se não bastasse, reinseriu o voto secreto, esse fantasma que esconde do povo a posição dos seus representantes. Em outras palavras, os mesmos que deveriam prestar contas a nós, eleitores, passaram a decidir, no escuro, se um colega deve ou não ser investigado.

 

É como se dissessem: “Podemos tudo. E vocês, povo, o que fazem?”. Essa pergunta me ecoa na mente desde ontem. A cena da aprovação não sai da minha cabeça, como um pesadelo do qual eu gostaria de acordar.

 

O que mais fere não é apenas o conteúdo da PEC, mas o recado subliminar: a política sendo usada como escudo, não como instrumento de serviço público. O poder legislativo, que deveria ser a casa da transparência, da fiscalização e da voz popular, transforma-se em um castelo cercado de muros altos, onde só entra a conveniência dos próprios parlamentares.

 

E nós? Nós assistimos. Alguns indignados, outros anestesiados, muitos descrentes. É a sensação de sermos feitos de palhaços, como se nossa voz não tivesse valor.

 

Mas não pode ser só isso. Essa indignação precisa se transformar em movimento. Precisamos lembrar que democracia não é palco de espetáculo dos poderosos, mas espaço de participação popular. Reivindicar, manifestar, exigir coerência, cobrar transparência, não apenas em dias de eleição, mas no cotidiano, quando decisões como essa nos são empurradas goela abaixo.

 

Confesso: dói. Dói ver o país que sonhamos sendo reduzido a manobras regimentais, acordos obscuros, votos escondidos. Dói sentir que os donos do poder zombam de nós. Mas se a sensação é de impotência, a resposta não pode ser a paralisia.

 

Afinal, democracia não se defende sozinha. Ou nós a defendemos, ou acordaremos, tarde demais, em um país onde o povo não passa de figurante.

 

Por Joyce Moura – jornalista

@joycemourarealize

 

Foto: Lula Marques – Agência Brasil

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