PF: intoxicados por metanol podem ter comprado uísque em caminhão
Três homens morreram e um perdeu a visão após consumir uísque comprado em caminhão durante festival no Agreste de Pernambuco

A Polícia Civil de Pernambuco apura a suspeita de que quatro casos de intoxicação registrados no Agreste do estado estejam relacionados ao consumo de uísque adulterado com metanol. Segundo informou o delegado de Lajedo, Cledinaldo Orico, nesta quarta-feira (1º/10), as garrafas da bebida teriam sido compradas por uma das vítimas em um caminhão na cidade de Belo Jardim, com intenção de revenda. Parte da bebida foi consumida durante um festival de rock, quando os primeiros sintomas apareceram.
“Não era um bar. Um deles adquiriu esses produtos com finalidade de revenda, mas, ao que indica, não tinha desconfiança da corrupção tóxica dessa bebida e também fez a ingestão. Três pessoas fizeram essa ingestão, duas delas faleceram e uma, graças a Deus, está viva, mas com a visão comprometida”, afirmou o delegado em entrevista coletiva no Recife, ao lado da diretora da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Karla Baêta.
Entre os casos investigados estão duas mortes e uma perda de visão, em Lajedo, e uma morte em João Alfredo. As notificações de intoxicação ocorreram entre agosto e setembro. Veja os casos registrados no Agreste:
- Celso da Silva, 43 anos, de Lajedo, que deu entrada no Hospital Mestre Vitalino (HMV), em Caruaru, no dia 2 de setembro e morreu no dia 9;
- Marcelo dos Santos Calado, 32 anos, também de Lajedo, que foi internado no HMV no dia 4, recebeu alta em 23 de setembro e perdeu a visão;
- Jonas da Silva Filho, 30 anos, de Lajedo, que morreu em 29 de agosto, ainda no Hospital Municipal Maria da Penha, antes de ser transferido para Caruaru;
- Um homem (que não teve o nome divulgado), de 30 anos, do município de João Alfredo, que deu entrada no HMV em 26 de setembro e morreu no dia 30.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) notificou apenas três casos suspeitos, já que apenas dois homens de Lajedo e o paciente de João Alfredo deram entrada no Hospital Mestre Vitalino, que é a unidade responsável pelas notificações. O terceiro caso de Lajedo foi descoberto durante oitiva da esposa de uma das vítimas, que relatou a morte de Jonas da Silva Filho.
Apesar de não ter sido incluída pela SES, a segunda morte em Lajedo foi confirmada pela prefeitura local, que informou que três pessoas chegaram a procurar o Hospital Maria da Penha com sintomas semelhantes, mas Jonas morreu antes de ser transferido.
Investigações
As autoridades já recolheram garrafas de uísque entregues à polícia pela esposa de uma das vítimas. O material foi encaminhado para perícia, que também será realizada nos corpos. A confirmação de contaminação por metanol depende dos exames técnicos.
“Temos uma suspeita grande, mas a certeza depende de perícia. Já requisitamos exame pericial na bebida e nos corpos para comprovar a intoxicação”, disse o delegado Cledinaldo Orico.
A investigação também solicitou prontuários médicos ao Hospital Maria da Penha e mantém contato com a Polícia Civil de São Paulo para verificar possíveis conexões com outros casos semelhantes.
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Enquanto aguarda os laudos periciais, a Apevisa anunciou que vai reforçar as ações de fiscalização e notificação em Pernambuco. A operação contará com apoio do Procon, do Ministério Público e do Ministério da Agricultura.
Segundo a diretora Karla Baêta, o objetivo é rastrear possíveis focos de adulteração e impedir novas ocorrências. “Estamos ampliando a vigilância em todo o estado, com foco na identificação de produtos irregulares e na proteção da população”, afirmou.
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