PGR apoia soltura de turco preso no Brasil a pedido do governo Erdogan
Detido por determinação do STF, Mustafa Goktepe é visto pelas autoridades turcas como integrante de uma organização terrorista e golpista

São Paulo — A Procuradoria-Geral da República (PGR) recomendou, nesta quarta-feira (7/5), que o Supremo Tribunal Federal (STF) revogue a prisão preventiva de Mustafa Goktepe, de 47 anos. O turco naturalizado brasileiro foi detido em abril, sob autorização do ministro Flávio Dino, como parte de um processo de extradição.
A decisão da Corte brasileira, proferida em 14 de abril e divulgada no dia 30, ocorreu a pedido do governo da Turquia, liderado por Recep Tayyip Erdogan. O empresário é acusado de terrorismo.
Parecer da PGR
No parecer, a Procuradoria evidenciou que os crimes imputados ao acusado teriam sido praticados em 10 de abril de 2017. Isso impediria a deportação, já que o período é posterior à naturalização de Goktepe, ocorrida em 2012.
“Deve-se reconhecer que o extraditado reside no país há mais de 20 anos, tendo constituído família e estabelecido vínculos sólidos com a comunidade, inclusive com pessoas de notório reconhecimento público”, apontou Artur de Brito Gueiros Souza, subprocurador-geral da República.
A defesa de Goktepe argumenta que a prisão foi motivada por razões ideológicas. “Apresentamos os esclarecimentos sobre as omissões e distorções do pedido de extradição. Temos confiança no julgamento do Supremo Tribunal Federal e aguardaremos a análise e a decisão sobre o pedido de revogação da prisão”, destaca, ao Metrópoles, o advogado Beto Vasconcelos, ex-secretário Nacional de Justiça.
Prisão de Mustafa Goktepe
- Mustafa Goktepe foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã da última quarta-feira (30/4).
- O turco-brasileiro faz parte do movimento armado Hizmet, fundado por Muhammed Fethullah Gülen.
- O governo Erdogan alega que a organização teria sido responsável por uma tentativa de golpe de Estado, em 2016.
- O grupo, no entanto, nega e diz que as atividades são de cunho religioso.
Goktepe é casado com uma brasileira e tem duas filhas nascidas no país. Naturalizado brasileiro desde 2012, ele é proprietário de uma rede de restaurantes e coordena duas escolas em São Paulo. Também atua como tradutor de turco e foi professor visitante da Universidade de São Paulo (USP).
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