PM da ativa seria líder de quadrilha ligada ao Comando Vermelho em SP

Cabo da PM foi preso em fevereiro após investigação da Polícia Civil apontar envolvimento dele em homicídios e com o tráfico de drogas

May 8, 2025 - 04:00
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PM da ativa seria líder de quadrilha ligada ao Comando Vermelho em SP

São Paulo – Nas palavras da Polícia Civil de São Paulo, o policial militar Carlos Alexandre dos Santos, o Bicho, “é o principal executor e articulador” de uma organização criminosa, no interior do estado, que presta serviços à facção criminosa Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.

Preso desde o final de fevereiro deste ano, o PM coordenava um grupo composto por criminosos de carreira, além de Guardas Civis Municipais (GCMs). Parte do bando foi presa na segunda-feira (5/5), durante a Operação Hitman, deflagrada no interior paulista e na região Sul do país.

Além da parceria com a maior organização criminosa fluminense, o grupo chefiado pelo PM também mantinha relações com o Bando do Magrelo, uma forte organização criminosa regional, nascida em Rio Claro, que se opõem ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no interior paulista.

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Subcomandante da guarda teve prisão decretada
Comandante da guarda é investigado por suposto elo com facção carioca
PM liderava grupo criminoso, diz Polícia Civil
Policial agia nos bastidores do crime, mesmo estando na ativa
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Chefe da GCM de Araras foi afastadoReprodução

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Subcomandante da guarda teve prisão decretadaReprodução

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Comandante da guarda é investigado por suposto elo com facção cariocaReprodução

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PM liderava grupo criminoso, diz Polícia CivilReprodução/Polícia Civil

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Policial agia nos bastidores do crime, mesmo estando na ativa Reprodução/TJSP

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Guarda dava infirmações para criminososReprodução/Policia Civil

Carlos Alexandre foi preso após a constatação de indícios de seu envolvimento na clonagem de veículos e também com o tráfico de armas, drogas, homicídios encomendados e, inclusive, na arquitetação do assassinato de policiais considerados honestos.

Além da prisão, mandados de busca e apreensão foram cumpridos contra o PM, ainda em fevereiro, incluindo na viatura usada por ele e no armário do batalhão onde estava lotado, em Limeira. No carro de serviço foi apreendido um celular, como consta em relatório da Corregedoria da Corporação, peça chave para a revelação de uma complexa e violenta disputa pelo controle das atividades criminosas na região.

GCM envolvido

Por meio do celular apreendido a Delegacia de Investigações Gerais de Limeira (DIG) teve acesso às conversas do policial militar com criminosos e, também, com outros agentes públicos corruptos, liderados pelo PM no submundo do crime.

O núcleo chefiado pelo cabo foi alvo de uma série de mandados de busca e apreensão, além de prisão, durante a Operação Hitman, na segunda-feira. Um dos alvos presos, em um hotel no Rio Grande do Sul, foi o guarda civil municipal Denis Davi de Lima, de Araras, interior de São Paulo.

Como revelado pelo Metrópoles Daniel Ponessi Alves, comandante de Denis, e o subinspetor Anilton os Santos também estariam envolvidos com o núcleo criminoso do cabo Carlos.

Os três guardas foram afastados preventivamente de suas funções, segundo a Prefeitura de Araras. Deles, porém, somente Denis estava preso até a publicação desta reportagem.

Vida dupla

As investigações da DIG, que seguem em sigilo, afirmam que o PM Carlos Alexandre dos Santos é o “principal executor e articulador da organização criminosa”.

Entre suas condutas, a Polícia Civil destaca homicídios “consumados e tentados”, tráfico de armas e drogas, adulteração de identificadores de veículos, receptação, obstrução da Justiça, corrupção ativa e passiva e roubo de veículos, atribuindo ao PM “a liderança local da organização criminosa armada”.

O policial também agia na linha de frente, ajudando no planejamento e participando de ações para matar rivais e no monitoramento de vítimas, feito por meio do uso de carros clonados.

Para que os veículos “frios” não fossem identificados, ele contava com a ajuda do GCM Denis Davi de Lima.

Central de Monitoramento

Denis, como mostra a investigação, fazia a ponte entre o crime organizado e o sistema institucional. Para isso, usava o acesso que tinha ao Centro de Operações Integradas (COI), no qual apagava registros de veículos clonados, repassava informações estratégicas ao tráfico de drogas e monitorava — a pedido da organização criminosa — servidores públicos considerados “ameaças”.

As ações do guarda eram acobertadas pelo comandante da GCM de Araras, Daniel Ponessi Alves, como constado após a quebra do sigilo telemático do celular do cabo Carlos. O guarda está atualmente afastado da função.

De acordo com a Polícia Civil, Daniel Ponessi era informado sobre a circulação de veículos clonados e “ao invés de agir” se limitava a “alertar informalmente os envolvidos”.

“[Ele] também autorizou movimentações de viaturas para favorecer o tráfico [de drogas]”, diz trecho de relatório policial.

O outro guarda investigado é o subinspetor Anilton dos Santos, o Tijolo, que recebia propina da organização criminosa, para garantir a fluidez do tráfico e demais ações da célula que prestava serviços ao CV e ao Bando do Magrelo.

O agora ex-comandante da guarda respondia ao caso em liberdade e o subinspetor estava foragido, até a publicação desta reportagem. A defesa dos três GCMs mencionados neste texto não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.

Roubo de armas

Uma das ações articuladas pelo cabo Carlos Alexandre dos Santos era a venda de armas para o CV. Parte dos itens comercializados, segundo as investigações, era roubada.

Em conversa com um criminoso ligado ao CV, o PM de São Paulo negociou e fechou a venda do arsenal, pertencente a um GCM, antes mesmo de as armas serem roubadas na casa da vítima.

Registros oficiais da Delegacia de Araras, obtidos pelo Metrópoles, mostram que três criminosos invadiram a residência do guarda, na madrugada de 23 novembro do ano passado. O trio acessou o prédio, localizado no centro da cidade, usando um controle remoto e destrancaram o apartamento com uma chave.

Encapuzados, os bandidos ameaçaram o GCM e a esposa dele, para que o cofre onde as armas estavam fosse aberto. O trio roubou  fuzis, pistolas, revólveres, munições, além de itens eletrônicos e joias.

A investigação da DIG constatou que esse assalto foi articulado pelo grupo liderado pelo PM Carlos.

“Rota Caipira”

O núcleo ligado ao CV atuava em Limeira e cidades próximas do interior paulista, como Araras, Leme, Conchal e, também, na região sul do país – onde o GCM do interior paulista foi preso, com apoio da Polícia Civil gaúcha.

O objetivo dos criminosos ligados ao CV, como mostram as investigações, era tentar assumir o controle da chamada “Rota Caipira”, usada para o transbordo de armas e, principalmente, da cocaína produzida na Bolívia e Colômbia.

Os PMs e GCMs investigados, como consta em documento da Polícia Civil, estão “alinhados aos interesses expansionistas” da facção fluminense “a fim de alterar o domínio geocriminal da região, que é estratégica para o tráfico de armas e de drogas”.

Prefeitura e PM

A PM afirmou ao Metrópoles, em nota nessa quarta-feira (7/5), ter prestado apoio à Polícia Civil, por meio da Corregedoria da Corporação, no cumprimento de mandados de prisão e busca a apreensão em Araras, “onde foi dado cumprimento ao mandado de prisão de um policial militar”, diz trecho do documento, sem dar detalhes de quem seria o PM.

A Prefeitura de Araras afirmou ao Metrópoles, também por meio de nota, que os três GCMs foram afastados preventivamente de suas funções. O governo municipal acrescentou ter prestado apoio durante a Operação Hitman e disse seguir à disposição para colaborar com a investigação.

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