PMs são presos acusados de integrar rede de assassinos de aluguel

Investigação da Corregedoria da Polícia Militar mostra que sargentos, cabo e soldado eram contratados por criminosos para matar

Jun 21, 2025 - 04:00
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PMs são presos acusados de integrar rede de assassinos de aluguel

Em 29 de abril do ano passado a Corregedoria da Polícia Militar recebeu uma denúncia na qual policiais militares de São José do Rio Preto, área do interior paulista subordinada ao 17º Batalhão do Interior (17º BPM/I), seriam membros de uma organização criminosa envolvida com agiotagem e homicídios decorrentes do empréstimo ilegal de valores.

Na ocasião, testemunhas protegidas indicaram como integrantes da organização criminosa os sargentos Saint Clair Soares, Rafael Soares e Alan Victor Soares. Eles foram presos, em maio deste ano, em cumprimento a mandados expedidos pela Justiça Militar.

Na terça-feira (17/6), o cabo Felício Pereira Alonso Soler também foi detido, suspeito de assassinar Jefferson Caetano Barbosa, em março de 2023, crime que abriu uma série de seis homicídios na região — ocorridos até dezembro daquela ano — atribuídos ao grupo de assassinos de aluguel composto por PMs. 5 imagensAssassino de aluguel caminha até carro, após executar alvoGrupo de matadores era contratado por agiotas, segundo investigaçãoDupla de asassinos desembarca de carro para executar vítimaAté o momento, quatro PMs foram presosFechar modal.1 de 5

PMs são acusados de compor grupo de extermínio no interior paulistaReprodução/Câmera de Monitoramento2 de 5

Assassino de aluguel caminha até carro, após executar alvoReprodução/Câmera de Monitoramento3 de 5

Grupo de matadores era contratado por agiotas, segundo investigaçãoReprodução/Câmera de Monitoramento4 de 5

Dupla de asassinos desembarca de carro para executar vítimaReprodução/Câmera de Monitoramento5 de 5

Até o momento, quatro PMs foram presosArte/Metrópoles

O soldado Luís Guilherme Silva Pavani, do 17º BPM/I e mais um policial, cujo nome não foi confirmado pela reportagem, também são alvo da investigação do órgão fiscalizador da corporação. Ambos estavam em liberdade até a publicação desta reportagem.

“Os policiais militares têm atuado em nome de determinados agiotas na execução da concorrência e na cobrança de dívidas não pagas por aqueles que contraem os empréstimos”, diz trecho de memorando da Corregedoria, obtido pelo Metrópoles.

O órgão fiscalizador constatou que, entre setembro e dezembro de 2023, ao menos quatro agiotas foram executados em São José do Rio Preto. Todos os homicídios, acrescentou, foram praticados com dinâmicas semelhantes. Dois dos assassinatos atribuídos ao bando teriam sido realizados pelo sargento Saint Clair, durante o horário de serviço do policial.

Os assassinatos

Em 14 de setembro de 2023, Diego Ermenegildo de Souza, de 40 anos, foi executado com ao menos cinco tiros de pistola, quando estava em sua borracharia no bairro Jardim das Oliveiras. Três suspeitos entraram no comércio, executaram a vítima e fugiram a pé.

Quase dois meses depois, em 9 de novembro, Kléber Lucio Souza de Oliveira foi fuzilado por dois assassinos. Os atiradores desembarcaram de um Volkswagen Gol, logo após a vítima estacionar seu Fusca em uma garagem. A Corregedoria pontuou que o sargento Saint Clair, a quem a morte é atribuída, estava de serviço na data e horário do homicídio.

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Uma semana após o segundo assassinato encomendado, Tiago José Rocha foi alvo de tiros, dados por dois ocupantes de uma moto. A vítima morreu exatos dois meses depois, período durante o qual permaneceu internada. Mais uma vez a Corregedoria destacou que o sargento Saint Clair trabalhava no horário e data do crime.

Três dias antes do Natal de 2023, Jefferson Cristiano de Souza foi perseguido a morto por dois pistoleiros, logo após a vítima desembarcar de seu carro, no estacionamento do condomínio onde morava.

A quinta vítima, ligada à prática de agiotagem, como consta no documento da Corregedoria, foi José Rodrigues de Souza Oliveira, o Cabelo, morto a tiros em 30 de dezembro de 2023, quando a vítima estava na garagem de casa.

Contratante

O trio de sargentos pistoleiros, como mostra a investigação interna da PM, teria sido contratado pela traficante e agiota Bianca Meirelles Nogueira.

Um sexto assassinato atribuído aos militares, em 3 de março de 2023, resultou de uma vingança da criminosa.

Ela teria contratado os PMs para que executassem Jefferson Caetano Barbosa, o Mandrak, suspeito de matar o parceiro da criminosa, o também traficante Milton Abelli Júnior, o Cabelo.

Minutos antes da execução de Mandrak, os sargentos Alan e Rafael Soares, que são irmãos, se encontraram pessoalmente. Rafael estava de serviço e, no encontro com o irmão, ficou incumbido de retirar viaturas do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) das proximidades do local do homicídio.

O valor pago aos policiais para a concretização dos crimes não é mencionado no relatório da Corregedoria. Todos os policiais foram encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista. A defesa deles não havia sido localizada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

SSP e PM

Em nota encamihada ao Metrópoles a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que a PM, por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM), apura “possíveis irregularidades” atribuídas aos policiais de São José do Rio Preto.

A corporação, disse, não compactua com excessos ou desvios de conduta por parte de seus agentes.

A pasta acrescentou que, com o avanço das investigações, representou junto à Justiça Militar adoção de medidas cautelares, deferidas em 21 de maio.

Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, além de 18 de busca e apreensão na ocasião.

 

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