Praça onde morreu Isaac leva nome de jovem morta em crime bárbaro

Isaac Augusto Vilhena foi vítima de latrocínio na última semana, na praça Maria Cláudia Del'Isola, na 112/113 Sul. Relembre o caso da jovem

Oct 21, 2025 - 03:30
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Praça onde morreu Isaac leva nome de jovem morta em crime bárbaro

A morte de Isaac Augusto de Brito Vilhena de Moraes, adolescente vítima de latrocínio na última sexta-feira (20/10), intrigou os moradores da 112 Sul e de todo o Distrito Federal não só pelo trágico desfecho do assalto ao garoto, mas pela localização do crime: Isaac morreu na Praça Maria Cláudia Del’Isola, fato que faz a população rememorar a morte da garota que dá nome ao local. 8 imagensEm homenagem, a praça da entrequadra 112/113 Sul leva o nome da jovemParque foi rebatizado em 2018No local, moradores fizeram homenagem a Isaac Augusto de Brito Vilhena de Moraes, 16 anos.Jovem foi morto após ser assaltado por outros sete adolescentes, na sexta-feira (17/10)Homenagem a Isaac Augusto de Brito Vilhena de Moraes, 16 anos. Jovem foi esfaqueado após ter celular roubado, na Asa SulFechar modal.1 de 8

Maria Cláudia Del'Isola morreu em 2004, aos 19 anosArquivo pessoal2 de 8

Em homenagem, a praça da entrequadra 112/113 Sul leva o nome da jovem3 de 8

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No local, moradores fizeram homenagem a Isaac Augusto de Brito Vilhena de Moraes, 16 anos.KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo5 de 8

Jovem foi morto após ser assaltado por outros sete adolescentes, na sexta-feira (17/10)KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo6 de 8

Homenagem a Isaac Augusto de Brito Vilhena de Moraes, 16 anos. Jovem foi esfaqueado após ter celular roubado, na Asa SulKEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo7 de 8

Isaac Augusto de Brito Vilhena de Moraes, 16 anos, morreu após ter o celular roubado, na Asa SulReprodução8 de 8

Adolescentes aprendidosKEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

Em 9 de dezembro de 2004, a empregada doméstica Adriana de Jesus Santos e o caseiro Bernardino do Espírito Santo estupraram e mataram a estudante de pedagogia Maria Cláudia Del’Isola, então com 19 anos, na própria casa dela, na QL 6 do Lago Sul. Bernardino e Adriana eram um casal e trabalhavam para a família da vítima. O Metrópoles contou o caso em detalhes na reportagem especial “Maria Cláudia: Juventude Interrompida“.

A praça da 112/113 Sul recebeu o nome de Maria Cláudia Del’Isola em 2018, após a Câmara Legislativa do DF (CLDF) aprovar o Projeto de Lei 1996/2018, de autoria do distrital Wellington Luiz (MDB) que autorizou a colocação do nome da jovem em uma praça da entrequadra. “Maria Cláudia representa milhares de mulheres que ainda são vítimas de abuso sexual e têm todos os seus direitos humanos violados”, diz o texto do projeto.

Esta não é a primeira homenagem que a jovem recebeu. No colégio onde estudava na Asa Sul, o Marista, a biblioteca da rede de ensino também leva o nome de Maria Cláudia.

Relembre o crime

Em uma quinta-feira rotineira, Maria Cláudia Del’Isola acordou pela manhã. Por volta das 8h, tomou banho e se arrumou para ir à Universidade de Brasília (UnB), onde cursava pedagogia. Desceu para a cozinha, tomou café e foi até seu carro, na garagem.

Não havia mais ninguém em casa além de Maria Cláudia, o caseiro Bernardino do Espírito Santo e a empregada Adriana de Jesus Santos. A irmã da vítima, Maria Fernanda, estava internada por conta de um problema cardíaco, e o pai, Marco Antônio Del’Isola, a acompanhava no hospital. A mãe, Cristina Maria de Siqueira Del’Isola, estava no trabalho.

Ao chegar no carro para ir à UnB, Maria Cláudia foi abordada por Bernardino. O caseiro disse à garota que havia preparado uma surpresa para a mãe dela e a convenceu a entrar de novo na casa. Nesse momento, o criminoso deu uma “gravata” em Cláudia e a arrastou até um quarto.

Neste momento, iniciou-se a sequência de violência contra Maria Cláudia. Ela chegou a ver Adriana e falar: “Dri, não faz isso, ele vai te prejudicar”. A empregada, porém, a ignorou. Bernardino deu um soco nela e a imobilizou com fitas adesivas e fios que havia separado dias antes do crime.

Enquanto Adriana segurava as pernas de Maria Cláudia, Bernardino a estuprou. Em seguida, esfaqueou a jovem, bateu na cabeça dela com uma pá e a asfixiou com um fio. Adriana e Bernardino deixaram o corpo da vítima em um quarto próximo à escada da residência e a cobriram com terra.

Bernardino arrombou um cofre da família, pegou 1,7 mil reais e 1,8 mil dólares e fugiu três dias depois, pagando os R$ 1,7 mil a um taxista para levá-lo até Feira de Santana (BA).

A partir daí, iniciou-se uma busca pela jovem, uma vez que a família acreditava que ela havia desaparecido. A Polícia Civil (PCDF) passou a frequentar a casa dos Del’Isola, até que, no domingo, um dos agentes percebeu que um cheiro forte vinha de um quarto dos fundos da casa, e que moscas rondavam o cômodo. A essa altura, Bernardino havia acabado de fugir, e Adriana fingia que não sabia do crime, mas começou a chorar quando os policiais encontraram o corpo da estudante coberto pela terra.

Adriana foi presa de imediato. Relatou o crime em detalhes já no primeiro depoimento. Tentou mudar a versão, o que não deu certo. Bernardino foi preso em uma praia bebendo cerveja. Ele se apresentou com um nome falso – Antonio de Jesus Santos –, mas a Polícia Militar da Bahia (PMBA) descobriu a verdadeira identidade.

Condenações

O julgamento de Adriana ocorreu em novembro de 2007, três anos após o crime. Ela foi condenada pelo Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) a 30 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado; 12 anos e seis meses pelo crime de estupro; 12 anos e seis meses por atentado violento ao pudor (sexo anal); e três anos pelo crime de ocultação de cadáver. Como a Lei Federal nº 12.015 unificou os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, a pena caiu para 38 anos e 3 meses.

Já Bernardino do Espírito Santo foi julgado um mês depois e condenado a 30 anos de reclusão pelo homicídio; 12 anos e 6 meses pelo estupro; 12 anos e 6 meses por atentado violento ao pudor; 7 anos por furto qualificado e 3 anos pela ocultação de cadáver. São 65 anos de prisão no total, mas a pena acabou reduzida para 52 anos e 6 meses, em 2010.

Em 2019, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o aumento da pena de ambos. Adriana passou a ter de cumprir 40 anos de reclusão, e Bernardino, 50 anos e seis meses.

Ambos, porém, já cumprem a condenação em regime semiaberto por terem alcançado um sexto da pena. Em 2019, Adriana de Jesus Santos atuava como copeira no Governo do Distrito Federal (GDF) por meio da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap-DF).

Leia também

O caso de Isaac

  • Isaac era morador da 112 Sul. Ele foi descrito por vizinhos como um rapaz “educado e simpático” e “de bom coração”.
  • De acordo com moradores, o adolescente estava jogando vôlei na quadra, vestido com uniforme escolar, quando ao menos sete adolescentes o abordaram e levaram o celular dele, na sexta-feira (17/10).
  • Eles se aproximavam fingindo pedir a senha do Wi-Fi para rotear a internet. Era o pretexto para iniciar o assalto, de acordo com as investigações.
  • Ele correu atrás dos ladrões para tentar pegar o aparelho de volta e, nesse momento, acabou atacado e ferido.
  • De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Isaac foi socorrido em estado gravíssimo e levado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Adolescentes seguem apreendidos

O delegado Rodrigo Larizzatti, da Polícia Civil do DF (PCDF), afirmou, nesta segunda-feira (20/10), que os três adolescentes diretamente envolvidos na morte de Isaac continuam apreendidos. “Eles seguem apreendidos por 45 dias até a sentença judicial”, afirmou.

Dos sete adolescentes apreendidos e identificados pela PCDF, apenas três participaram diretamente do latrocínio que tirou a vida de Isaac.

Na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), no dia em que foram apreendidos, os adolescentes foram apelidados por agentes como “demônios mirins”, diante da frieza demonstrada. Apenas um deles se preocupou em perguntar se Isaac havia morrido. “Os demais riam, debochavam, trocavam olhares de zombaria. Foi chocante”, relatou o delegado Rodrigo Larizzatti.

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