Presidente do PT critica Cláudio Castro por politizar operação no Rio
Edinho Silva classificou megaoperação, que resultou em mais de 60 mortes, como “desastrosa” e afirmou que Castro “politizou" tragédia
O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, criticou, nesta terça-feira (28/10), a megaoperação policial deflagrada pelo governo do Rio de Janeiro contra o crime organizado nas comunidades do Alemão e da Penha. A ação mobilizou 2,5 mil agentes de segurança e resultou na morte de ao menos 64 pessoas. Entre elas, quatro policiais, sendo dois civis e dois militares.
Na rede social X (antigo Twitter), Edinho classificou a operação como “desastrosa” e afirmou que o governador “politizou essa tragédia”. Segundo ele, a ação expôs tanto a população quanto os próprios agentes de segurança. “Desastrosa para toda a população, inclusive para as forças de segurança, já que ao menos quatro policiais morreram”, escreveu.
Confira na íntegra:
Mais de 60 vidas foram perdidas no Rio de Janeiro em uma operação desastrosa para toda a população, inclusive para as forças de segurança, já que ao menos quatro policiais morreram.
O governador do Rio de Janeiro politizou essa tragédia e disse que não recebeu ajuda do governo…
— Edinho Silva (@edinhosilva) October 28, 2025
O petista também rebateu a fala de Castro, que afirmou que o governo federal teria negado três pedidos de apoio das Forças Armadas para atuar no combate ao crime organizado no estado. Para o governador, as negações teriam levado o Rio a executar a operação sozinho.
Edinho contestou a fala. “O governador do Rio de Janeiro politizou essa tragédia e disse que não recebeu ajuda do governo federal. O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que todas as vezes que o estado pediu a Força Nacional foi atendido. A PF fez diversas operações para combater o crime organizado”, afirmou ele, na publicação.
PEC da Segurança
O presidente do PT mencionou, também, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, discutida pelo governo federal desde 2024 e parada no Congresso. Segundo Edinho, o texto poderia fortalecer a cooperação entre União e estados.
“Uma proposta que reforça a cooperação entre as forças de segurança com inteligência e planejamento. Será que o governador pediu à bancada do RJ para aprovar esse texto que tanto pode colaborar com a segurança pública? Fica o questionamento”, enfatizou.
Como contraponto à megaoperação, o presidente do PT citou a Operação Carbono Oculto, que atacou o financiamento de organizações criminosas sem mortes registradas. “Segurança pública não se faz com ações isoladas, improvisadas e que colocam a população em risco. Segurança pública se faz com planejamento, inteligência, articulação e responsabilidade”, completou.
Veja imagens da megaoperação:
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A comunidade foi acordada com os disparosImagem cedida ao Metrópoles
Fogo e chamas intensas foram vistos nas comunidadesImagem cedida ao Metrópoles
Os criminosos colocaram fogo nas barricadasImagem cedida ao Metrópoles
Operador financeiro de Doca, um dos líderes do CV, é preso no RioReprodução / PCERJ
Megaoperação no Complexo do Alemão e da PenhaReprodução/Redes sociais
Complexo do Alemão vira campo de guerra em megaoperação com 2.500 policiaisImagem cedida ao Metrópoles
Complexo do Alemão vira campo de guerra em megaoperação com 2.500 policiaisImagem cedida ao Metrópoles
Mansão de traficante do CV preso em megaoperação tinha quadro do OruamImagem cedida ao Metrópoles
CV ataca polícia com drones e bombas em megaoperação no AlemãoImagem cedida ao Metrópoles
Governo federal rebate Cláudio Castro
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado pelo ministro Ricardo Lewandowski, também contestou a versão do governador.
Em nota, afirmou que “tem atendido, prontamente, a todos os pedidos do governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional”. Ainda segundo o órgão, desde 2023, todas as 11 solicitações de renovação da Força Nacional foram aceitas.
Lewandowski reforçou que o governo Lula colaborou com o Rio, citando apreensões recordes de armas e drogas, além da transferência de líderes do tráfico para presídios federais.
“No começo desse ano, o governador Cláudio Castro esteve no Ministério da Justiça pedindo a transferência de líderes de facções criminosas para penitenciárias federais de segurança máxima, e foi atendido. Nenhum pedido foi negado. Agora, a responsabilidade é, sim, exclusivamente dos governadores no que diz respeitos à segurança dos respectivos estados”, disse o ministro.
Veja vídeos do confronto entre traficantes e policiais:
Operação mais letal da história do Rio
A ofensiva contra o Comando Vermelho, nas duas comunidades, terminou com 81 prisões e a apreensão de ao menos 75 fuzis. Considerada a mais letal já registrada no estado, ela provocou confrontos intensos. Criminosos ergueram barricadas, lançaram bombas, atiraram contra policiais e utilizaram drones durante a ação.
Entre os policiais mortos está o civil Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara. Chefe da 53ª Delegacia de Polícia (Mesquita), ele integrava o grupo de 2,5 mil agentes mobilizados para conter o avanço territorial da facção e prender líderes do tráfico no Rio e em outros estados.
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