Procuradora que processou Trump é alvo de investigação federal nos EUA
Letitia James processou Donald Trump por fraude em balanços financeiros em 2022. Agora, ela é investigada por fraude bancária

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, foi acusada de fraude bancária nessa quinta-feira (9/10). Conhecida por ser uma das principais adversárias do presidente Donald Trump, ela foi responsável por mover, em 2022, um processo civil contra o republicano por fraude em balanços financeiros.
Letitia agora é alvo de uma investigação do Departamento de Justiça, que apura suspeitas de fraude hipotecária. Um júri federal na Virgínia aprovou a abertura de um processo criminal contra ela.
Em vídeo divulgado logo após o anúncio, a procuradora-geral classificou a acusação como algo de motivação política.
“Isso nada mais é do que a continuação da desesperada instrumentalização do nosso sistema de justiça pelo presidente. Ele está forçando as agências federais de segurança a obedecerem às suas ordens, tudo porque eu cumpri meu trabalho como procuradora-geral de Nova York”, afirmou.
Suposta fraude em registros imobiliários
A investigação teve início após o diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA), William Pulte, indicado por Trump, enviar uma carta ao Departamento de Justiça. No documento, ele acusou a procuradora de “falsificar registros” para obter melhores condições em um empréstimo imobiliário.
Segundo a denúncia, Letitia declarou em um pedido de hipoteca que uma casa comprada por ela em 2023, na Virgínia, seria sua residência principal, o que permitiria taxas de juros mais baixas. No entanto, a procuradora vive e trabalha em Nova York.
O advogado de Letitia, Abbe Lowell, afirmou que a declaração foi um erro administrativo e que, em outros documentos, sua cliente deixou claro que não pretendia morar na propriedade. Segundo ele, o corretor responsável pela transação teria compreendido corretamente essa informação.
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Mudanças no Departamento de Justiça dos EUA
A procuradora dos Estados Unidos para o Distrito Leste da Virgínia, Lindsey Halligan, confirmou o indiciamento de Letitia James pelos crimes de fraude bancária e declaração falsa a uma instituição financeira.
“As acusações apresentadas neste caso representam atos criminosos intencionais e uma grave violação da confiança pública”, afirmou Halligan em comunicado divulgado nessa quinta.
A nomeação de Halligan para o cargo ocorreu no mês passado, após o presidente Donald Trump demonstrar insatisfação com o ritmo das investigações envolvendo seus adversários políticos. Desde então, o gabinete da Procuradoria no Distrito Leste da Virgínia passou por uma série de mudanças.
O ex-procurador-geral Erik Siebert foi afastado do cargo por não apresentar acusações contra Letitia James e o ex-diretor do FBI James Comey. Outras duas promotoras também deixaram o posto.
Retaliação?
A substituição na chefia da procuradoria e o avanço de casos contra opositores de Trump é visto como parte de uma estratégia política do presidente para usar o Departamento de Justiça como instrumento de retaliação.
Em setembro, Trump publicou em sua rede Truth Social: “E quanto a Comey, Adam ‘Shifty’ Schiff, Letitia??? Todos são culpados para caramba, mas nada será feito. Não podemos adiar mais, isso está acabando com nossa credibilidade”.
Duas semanas antes do indiciamento de Letitia, Halligan já havia apresentado acusações contra James Comey, ex-diretor do FBI demitido por Trump em 2017. Promotores de carreira haviam considerado que não havia base legal para o processo, mas o caso foi levado adiante mesmo assim. Comey se declarou inocente nessa quarta-feira (8/10).
Trump, que vem prometendo retaliações desde que deixou a Casa Branca em 2021, já fez diversas críticas públicas a Letitia James, a quem chama de “inimiga política”.
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