Rússia e China fazem testes nucleares, diz Trump; chineses desmentem
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a Rússia e a China fazem testes nucleares, "mas não falam sobre isso"
O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que a Rússia e a China fazem testes nucleares, “mas não falam sobre isso”. A fala ocorreu em entrevista à emissora CBS exibida neste domingo (2/11). A conversa de cerca de uma hora e meia com Trump para o programa 60 Minutes foi gravada na sexta-feira (31/11).
O governo chinês desmentiu a informação nesta segunda-feira (3/11). “A China sempre seguiu o caminho do desenvolvimento pacífico, mantém uma política de não-utilização de armas nucleares como primeiro recurso, adota uma estratégia nuclear baseada na autodefesa e respeita seu compromisso de suspender os testes nucleares”, declarou Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, durante uma coletiva de imprensa.
Na entrevista à CBS, Trump reiterou que os Estados Unidos retomariam os testes nucleares, como os outros países. Trump já havia anunciado na quinta-feira (30/10) que ordenou ao Pentágono “iniciar testes nucleares”, justificando que outros países como China e Rússia também o fazem.
“Vamos fazer testes porque outros estão fazendo, como a Coreia do Norte e o Paquistão”, declarou. “Vocês sabem, por mais poderosas que sejam as armas nucleares, o mundo é grande e não sabemos necessariamente onde esses testes são realizados.”
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“Os testes são subterrâneos, e as pessoas não sabem realmente o que está acontecendo, apenas sentem uma pequena vibração. Por isso, vamos fazer testes nucleares como outros países”, insistiu Trump. Ele não respondeu à pergunta sobre a possibilidade de detonação de uma carga nuclear, o que não é feito pelos EUA desde 1992.
O secretário de Energia, Chris Wright, afirmou no domingo ao canal Fox News que não se trata de “explosões nucleares”. “São o que chamamos de ‘explosões não críticas’, que testam todas as outras partes de uma arma nuclear para garantir a geometria apropriada que desencadeia a explosão”, explicou. “Os testes que vamos realizar envolvem novos sistemas e, mais uma vez, trata-se de explosões não nucleares”, reiterou o ministro.
Nas últimas três décadas, apenas a Coreia do Norte realizou seis testes nucleares, entre 2006 e 2017. A Rússia (então União Soviética) e a China não o fazem desde 1990 e 1996, respectivamente.
No entanto, muitos países, incluindo os Estados Unidos, realizam testes regularmente de vetores, como mísseis, submarinos, aviões de caça, entre outros. Washington é signatário do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), e uma explosão nuclear representaria uma violação do compromisso.
“Dias de Maduro estão contados”
Durante a entrevista, o presidente americano também afirmou acreditar que os dias de Nicolás Maduro na presidência da Venezuela estão contados, e minimizou a possibilidade de uma guerra contra o país latino-americano. “Os Estados Unidos vão entrar em guerra com a Venezuela? Duvido”, declarou.
A campanha de ataques aéreos iniciada em setembro contra embarcações de supostos narcotraficantes no Caribe, apresentada por Washington como parte da luta contra o tráfico de drogas, aumentou as tensões regionais, especialmente com a Venezuela. Os dezesseis ataques conhecidos causaram pelo menos 65 mortes.
“Polícia não vai longe demais contra migrantes”
Sobre a imigração, Trump também afirmou na entrevista que as operações da polícia federal nos EUA “não vão longe demais”, após assistir a imagens de violência policial contra migrantes. “Não, acho que não vão longe o suficiente”, respondeu, acrescentando que as ações foram “freadas por juízes liberais”.
“Sim, precisamos ver quem são essas pessoas. Muitos deles são assassinos, foram expulsos de seus países por serem criminosos”, respondeu Trump ao ser questionado sobre os métodos usados pela polícia.
Sobre a prisão de migrantes sem antecedentes criminais, Trump afirmou que “é preciso estabelecer uma política. E essa política deve ser: ‘Você entrou ilegalmente em nosso país, você vai sair'”, reiterou. Trump fez da luta contra a imigração clandestina uma prioridade de seu segundo mandato, alegando uma “invasão” dos Estados Unidos por “criminosos estrangeiros”.
As operações da polícia federal de imigração (ICE) contra migrantes cresceram nos últimos meses nos EUA, especialmente em grandes cidades governadas por democratas, como Los Angeles, Chicago, Washington e Nova York.
Essas ações desencadearam um movimento de protesto em Los Angeles no início de junho. Trump respondeu enviando militares da Guarda Nacional, o que também pretende fazer em grandes cidades americanas, como Chicago e Portland.
Intervenção militar na Nigéria
O presidente americano também não descartou no domingo uma intervenção terrestre ou ataques aéreos na Nigéria, um dia após ameaçar uma ação militar caso o país não interrompa o que o presidente americano afirma ser uma ‘perseguição aos cristãos’. “Eles estão matando cristãos, e estão matando em grande número. Não vamos deixar isso acontecer”, declarou.
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