Sócio de piloto arrendou “fábrica aeroespacial” para CV produzir fuzis

Em empresa no interior de São Paulo criminosos projetavam e montavam peças de armamento pesado vendido para o crime organizado

Nov 4, 2025 - 03:30
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Sócio de piloto arrendou “fábrica aeroespacial” para CV produzir fuzis

A Polícia Federal (PF) descobriu que uma fábrica registrada como produtora de peças aeroespaciais, em Santa Bárbara d’Oeste, interior paulista, era usada para produzir fuzis de uso restrito em larga escala. A empresa Kondor Fly Parts Indústria e Comércio de Peças Aeronáuticas pertence a Gabriel Carvalho Belchior, de 42 anos. Inquérito da PF mostra que ele cedia o espaço e o maquinário para que a quadrilha operasse durante a madrugada.

O caso levou à prisão em flagrante de Anderson Custódio Gomes e Janderson Aparecido Ribeiro de Azevedo e, também, à denúncia de Belchior e Wendel dos Santos Bastos por organização criminosa e comércio ilegal de armas. 9 imagensArmas custavam entre R$ 8 mil e R$ 15 mil Armas eram repassadas para facções no Rio e nordeste Armas eram montadas no interior de SPPeças eram feitas com maqunário de fábrica que deveria produzir peças aeroespaciaisFechar modal.1 de 9

Armas eram projetadas em 3DReprodução/PF2 de 9

Armas custavam entre R$ 8 mil e R$ 15 mil Reprodução/PF3 de 9

Armas eram repassadas para facções no Rio e nordeste Reprodução/PF4 de 9

Armas eram montadas no interior de SPReprodução/PF5 de 9

Reprodução/PF6 de 9

Peças eram feitas com maqunário de fábrica que deveria produzir peças aeroespaciaisReprodução/PF7 de 9

Projetos eram posteriormente executados em fábrica no interior paulista Reprodução/PF8 de 9

Reprodução/PF9 de 9

Reprodução/PF

Agentes federais constataram que os acusados usavam centros de usinagem, avaliados em mais de R$ 2 milhões, para produzir peças compatíveis com fuzis do tipo Colt/AR-15. As armas eram finalizadas e armazenadas em um depósito em Americana, também no interior paulista, de onde seriam distribuídas para o Rio de Janeiro e estados do nordeste.

“Protótipos aeronáuticos”

De acordo com laudo pericial, Anderson e Janderson trabalhavam no turno da noite, alegando produzir “protótipos aeronáuticos”. A PF, porém, comprovou que o maquinário era usado para usinagem de receptores, gatilhos, canos e peças metálicas de armamento.

O proprietário Gabriel Carvalho Belchior, titular da empresa, negou envolvimento direto. Documentos anexados ao inquérito, porém, mostram que ele assinava notas e contratos de locação e compra de insumos metálicos, inclusive com fornecedores ligados a Wendel dos Santos Bastos, que gerenciava parte da operação logística.

Gabriel teria fugido para os Estados Unidos e consta como procurado na lista da Polícia Internacional (Interpol). Wendel também não havia sido preso até a publicação desta reportagem.

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As investigações começaram após denúncias anônimas e vigilância mantida por policiais federais, com apoio da Polícia Militar. No flagrante, foram apreendidos 35 conjuntos de fuzis, dois silenciadores e dezenas de caixas com peças em diferentes estágios de fabricação.

O delegado Jeferson Dessotti Cavalcante Di Schiavi autuou os envolvidos pelos crimes previstos na Lei de Organização Criminosa e no Estatuto do Desarmamento. O processo tramita na 1ª Vara Criminal de Americana. Anderson e Janderson seguem presos preventivamente.

Envolvidos e funções

  • Gabriel Carvalho Belchior — proprietário da Kondor Fly; acusado de ceder a estrutura industrial para fabricação ilegal de fuzis. Ele está foragido e consta na lista de procurados da Interpol.
  • Anderson Custódio Gomes — programador CNC; desenvolvia os códigos de fabricação e coordenava a usinagem.
  • Janderson Aparecido Ribeiro de Azevedo — operador de máquinas; executava a produção e o transporte das peças.
  • Wendel dos Santos Bastos — responsável por logística e compra de insumos metálicos; dava suporte à fabricação e recebia R$ 69 mil mensais da quadrilha, pelo arrendamento da fábrica.
  • “Milque” — gerente da Kondor Fly citado pelos operários como supervisor das atividades noturnas; investigado.

A PF do Rio de Janeiro também investiga a relação da fábrica do interior paulista com um núcleo carioca responsável em receber as armas e negociá-las com facções em diversos morros, além de milícias, que disputam à bala territórios para agir ilegalmente.

 

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