Tuta, líder do PCC, foi expulso da Bolívia, diz desembargadora do TJSP

Desembargadora Ivana David afirma que Tuta, apontado como líder do PCC, foi expulso da Bolívia em audiência de custódia

May 18, 2025 - 16:00
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Tuta, líder do PCC, foi expulso da Bolívia, diz desembargadora do TJSP

O líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta e preso na Bolívia utilizando documento falso, foi expulso do país, afirmou Ivana David, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Segundo a magistrada, a decisão pela expulsão foi tomada em audiência de custódia na manhã deste domingo (18/5).

“Ele foi preso não só em razão dos três mandados de prisão que tem, sendo um condenatório e dois de prisão preventiva, mas ele também foi preso em flagrante naquele país. O juiz poderia, por exemplo, exigir que ele respondesse pelo crime de falsidade e uso do documento falso, e expulsá-lo ou extraditá-lo quando acabasse o processo [condenatório], mas o juiz da audiência de custódia resolveu já expulsar”, disse.

Tuta foi entregue às autoridades brasileiras neste domingo. Agora, o criminoso deve ser levado a um presídio federal.


Prisão na Bolívia

  • Com uma condenação de 12 anos de prisão e dois pedidos de prisão preventiva, Tuta estava foragido da Justiça.
  • Ele foi preso na tarde a última sexta (16/5) em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, por agentes da Polícia Federal (PF) e da Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen (FELCC).
  • Quando foi detido, Tuta portava um documento falso.
  • Ele permaneceu sob custódia das autoridades bolivianas, aguardando os procedimentos legais que resultaram em sua expulsão da Bolívia.
  • O criminoso estava na Lista de Difusão Vermelha da Interpol, o que motivou a intensificação dos esforços para sua localização e captura, segundo a PF.
  • Ele foi entregue às autoridades brasileiras neste domingo.

Quem é Tuta

Antes de trabalhar para a facção, Tuta foi adido comercial no Consulado de Moçambique em Minas Gerais, entre 2018 e 2019. Ele recebia salário de R$ 10 mil para, agregado à embaixada do país africano, tratar de temas importantes para o intercâmbio comercial com o Brasil.

Tuta foi demitido do consulado e chegou ao posto de maior chefão do PCC em liberdade, em 2020. Ele teria sido expulso da facção dois anos depois por enriquecer à custa da organização criminosa.

Morte fake

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) chegou a anunciar que o criminoso foi morto pelo tribunal do crime da facção após ordenar a morte de um membro sem autorização da cúpula. No entanto, seu corpo nunca foi encontrado.

Conforme apurado pelo Metrópoles, a história da morte de Tuta foi plantada pelo PCC para despistar as investigações. Enquanto isso, o criminoso continuava liderando as atividades do grupo diretamente da Bolívia.

Com Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, isolado no sistema carcerário federal, ele chegou a ser apontado como o substituto imediato do líder máximo do PCC, como o preso é identificado pela Justiça.

Condenado por lavar R$ 1 bi do PCC

Ausente em seu julgamento, Tuta foi condenado a 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de dinheiro em 27 de fevereiro do ano passado. Ele é acusado de lavar R$ 1 bilhão para o PCC.

Ele foi denunciado pelo MPSP em setembro de 2020 após a deflagração da primeira fase da Operação Sharks.

A ação é resultado de investigações do Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), iniciadas em 2018 com a prisão de Robson Sampaio de Lima, o Tubarão, condenado a 16 anos e 11 meses pelos mesmos crimes de Tuta.

Pagou R$ 5 milhões à Rota

Em janeiro deste ano, o Metrópoles mostrou que Tuta disse ter pagado R$ 5 milhões a policiais da Rota, tropa de elite da Polícia Militar, em troca de informações sigilosas que permitiram sua fuga durante a Operação Sharks. O pagamento teria sido feito de forma fracionada, com uma entrada de R$ 2 milhões e o restante de forma parcelada.

Segundo investigações do Gaeco, os policiais militares envolvidos no esquema pertenciam ao setor de Inteligência da Rota. Eles não realizavam patrulhamento ostensivo, apenas o chamado “trabalho velado”.

Irritados, os representantes do MPSP teriam levado o caso a José Augusto Coutinho, então comandante da Rota, hoje número 2 na hierarquia da Polícia Militar. Segundo os promotores, ele, no entanto, não tomou providências a respeito, abafando o caso.

Questionada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não comentou sobre o assunto. A pasta se limitou a dizer que a Polícia Militar “não compactua com desvios de conduta” e que “toda denúncia é rigorosamente investigada pela Corregedoria da instituição”.

Bolívia virou “hub” de líderes do PCC

Para as autoridades, não é uma surpresa que Tuta tenha sido encontrado na Bolívia. Isso porque o país vizinho se tornou um “grande hub” de membros do PCC nos últimos tempos, com a presença de outros líderes importantes.

De acordo com o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), as investigações indicam que também estão na Bolívia lideranças como André do Rap, Patrick Wellington Salomão, o Forjado, Pedro Luiz da Silva, o Chacal, e Sérgio Luiz de Freitas, o Mijão.

“Já sabíamos desde 2020, quando deflagramos a operação Sharks, que o Tuta estava foragido e que estava escondido na Bolívia. Aliás, onde esteve também o Fuminho, que fugiu da Casa de Detenção em São Paulo e ficou na Bolívia escondido por quase 20 anos. Esse país, infelizmente, se tornou um grande hub que acoberta esses criminosos brasileiros”, afirmou o promotor ao Metrópoles.

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