Após seis meses de Trump 2.0, ofensiva contra imigrantes perde apoio popular

Em seis meses, o republicano colocou em prática uma série de promessas de campanha, mas a ofensiva antimigratória começa a perder apoio

Jul 21, 2025 - 08:20
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Após seis meses de Trump 2.0, ofensiva contra imigrantes perde apoio popular

Nesse domingo (20/7), completou-se meio ano desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos EUA. Em seis meses, o republicano colocou em prática uma série de promessas de campanha: endureceu drasticamente a política migratória, desmontou estruturas federais, extinguiu o Departamento de Educação e travou uma guerra cultural contra políticas “identitárias”. Mas a ofensiva antimigratória, uma das marcas mais visíveis de seu segundo mandato, começa a perder apoio na sociedade norte-americana.

Segundo uma pesquisa divulgada pela CNN neste domingo, 55% dos entrevistados acreditam que as deportações promovidas por seu governo “foram longe demais” — um aumento de dez pontos em relação a fevereiro.

Outro dado que chama atenção: 57% se opõem à criação de dezenas de milhares de vagas em centros de detenção para migrantes. Apenas 26% apoiam a medida.

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Um segundo levantamento, realizado para a emissora CBS, mostra que 56% dos entrevistados acham que o governo Trump está mirando principalmente em migrantes que não representam uma ameaça real, contra 47% no mês anterior. O apoio geral às medidas migratórias caiu para 49%, uma queda de dez pontos desde fevereiro, e de cinco em relação a junho.

Entre os eleitores republicanos, no entanto, o respaldo continua quase unânime: 91% apoiam as expulsões em massa.

Apesar da queda no apoio, Trump comemora os primeiros seis meses de governo. Em publicação em sua plataforma Truth Social, neste domingo, ele afirmou ter “ressuscitado um grande país”.

“Há um ano, nosso país estava MORTO, quase sem esperança de renascimento. Hoje, os Estados Unidos são o país mais respeitado do mundo”, escreveu.

Para o cientista político Romuald Sciora, do Instituto IRIS, a retórica de campanha está sendo seguida à risca.

“Ele prometeu desmantelar o Estado, enfrentar a imigração com força e travar uma guerra econômica com os aliados tradicionais dos EUA. E está cumprindo o que disse. O custo, no entanto, pode ser altíssimo”, avalia.

“Donald Trump colocou em prática seu programa e as promessas de campanha ao cortar drasticamente o orçamento do Estado e fechar diversas agências. Ele cumpriu o que havia prometido: extinguiu o Departamento de Educação e demitiu milhares de funcionários públicos. Também aprovou uma lei orçamentária nos moldes do que havia anunciado durante a campanha”, destaca.

“Antes da volta de Donald Trump, eu dizia que os Estados Unidos, em dois anos, se pareceriam mais com a Hungria de Viktor Orbán do que com a América de Obama ou Kennedy. Mas eu estava errado: não foram necessários dois anos — bastaram alguns meses”, afirmou o pesquisador.

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Para Sciora, o balanço é “preocupante” e o os “ataques à democracia são numerosos”.

“A administração Trump-Vance enfraqueceu as prerrogativas do Congresso em benefício da Casa Branca, com o apoio da maioria republicana. O poder Judiciário passou a ser, em parte, controlado pelo Executivo. Até o Departamento de Justiça perdeu sua autonomia.Além disso, agências federais foram fechadas, universidades públicas e privadas sofreram intervenções diretas, e os grandes escritórios de advocacia foram alvo de intimidações.Não se via algo assim desde a década de 1930. Nem mesmo Viktor Orbán ousou ir tão longe”, avaliou.

“Donald Trump se orgulha de apresentar um mercado de trabalho dinâmico, com 150 mil novas vagas por mês e uma taxa de desemprego de 4,1%. Mas 70% desses empregos são precários: sem plano de saúde, sem férias remuneradas, com jornadas exaustivas e salários muito baixos”, afirma o pesquisador do IRIS. “São postos que nem um europeu nem um canadense aceitariam. E, diante da menor crise financeira, esses trabalhadores serão os primeiros a perder o emprego”.

Para Sciora, Trump conduz uma ofensiva sem precedentes, na história recente dos Estados Unidos, contra imigrantes em situação irregular — e até contra alguns migrantes com status legal. “Todas essas ações foram promessas feitas aos eleitores e, de fato, estão sendo cumpridas ou pelo menos levadas adiante”, sublinhou à RFI.

Leia mais notícias como essa em RFI, parceiro de Metrópoles.

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